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O caminho mais seguro para o Céu

Só os humildes encontram a chave do verdadeiro sucesso para suas vidas e têm abertas diante de si as portas da eternidade feliz.

Nossa Senhora da Humildade, Fra Angelico

Nossa Senhora da Humildade, Fra Angelico

Redação (07/11/2022 18:24, Gaudium Press) Os ensinamentos do Divino Mestre, em palavras e gestos, nos indicam a estrada da inocência e da humildade como via privilegiada para aceder ao Paraíso Celeste. Entretanto, fazermo-nos como crianças, em tudo despretensiosos e serviçais, pode parecer um ideal cândido e fácil, mas não o é.

O orgulho tem tal dinamismo e está tão arraigado no coração humano, que só a graça de Deus pode extirpá-lo. E o que dizer da tendência a conformar nosso modo de pensar com a opinião mundana dominante? Torna-se necessário, pois, rezar com insistência e tenacidade, suplicando a Maria Santíssima sua potente intercessão a fim de sermos libertos das más inclinações que nos escravizam a nossos próprios caprichos e aos desatinos deste mundo.

Ademais, uma importante virtude – a qual escasseia nos meios católicos atuais – apresenta-se como o antídoto da mediocridade e, por consequência, do orgulho. Trata-se da esperança.

Os discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo encontravam-se sob a influência de certo ateísmo prático, que se respirava entre os judeus daquele tempo por causa dos eflúvios maléficos espalhados pelos saduceus e fariseus. A expectativa da Redenção havia se falseado por uma imagem terrena e política do futuro Messias, que não correspondia aos verdadeiros anseios de Israel.

O sofrimento antes de conquistar o céu

Antes de tudo, o povo eleito precisava de uma salvação espiritual, que o purificasse de seus pecados e lhe abrisse as portas de uma vida sem fim, celeste e angélica. Mas as elites rejeitavam essa visão, sedentas como estavam de poder e de gozos. Não possuíam, portanto, a indispensável virtude da esperança.

Para quebrar tal influxo, em primeiro lugar Nosso Senhor revela aos Apóstolos sua Paixão, Morte e Ressurreição. Passar pelo cadinho da dor, do fracasso e do drama antes de conquistar a glória do Céu era uma via demasiado árdua e descabida para eles. Os Apóstolos eram incapazes de abarcar o horizonte grandioso que Nosso Senhor desejava desvendar ante seus olhos e, menos ainda, o ódio mortal que, em decorrência desse mesmo horizonte, tinham-Lhe os inimigos.

Com efeito, a doutrina nova dotada de potência que proclamava o Filho de Deus estava transida de esperança na vida eterna e exigia renúncia aos interesses pessoais, bem como uma dedicação despretensiosa que devia chegar até o martírio. Tal perspectiva idealista e sobrenatural desfazia as metas por demais terrenas e ambiciosas dos fariseus e escribas, os quais haviam fabricado para si um falso mito de felicidade e tinham uma sede insaciável de prestígio e de lucro. Por isso, o ódio deles seria implacável e cruel contra o Messias.

Uma nova escola: a humildade

Contudo, acanhados e tediosos, os apóstolos guardam silêncio. Então o Divino Mestre lhes fala da humildade, exortando-os a se fazerem pequenos como o menino a quem abraçara.

Se houvessem aberto o coração à perspectiva da eternidade, eles teriam sido mais humildes e generosos, pois, para conquistar um prêmio tão sublime como o Céu, qualquer sacrifício ou renúncia parece pequeno. Tanto mais que Nosso Senhor havia prometido, aos que se humilhassem, serem exaltados até os tronos dos Anjos.

Resulta difícil ser humilde se não se vive com intensidade e alegria na esperança da glória definitiva. De outra parte, só os humildes encontram a chave do verdadeiro sucesso para suas vidas e têm abertas diante de si as portas da eternidade feliz.

Que a Santíssima Virgem Maria, abismo de humildade e Mãe da Esperança, nos assista e guie a fim de que, vivendo mais para o Céu do que para esta terra, sejamos mansos e humildes de coração como seu Filho. Assim, derrotadas as armadilhas do demônio e de seus sequazes, poderemos alcançar, vitoriosos, a meta excelsa que nos é proposta: o Céu.

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 237, setembro 2021.

 

 

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