Santo Anjo da Guarda de Portugal
Em Portugal, no dia 10 de junho, a Igreja celebra a memória do santo Anjo da Guarda de Portugal, cujo culto era tradicional desde tempos remotos; mas popularizou-se mediante a divulgação da aparição do Anjo de Portugal aos três pastorinhos em Fátima.
Redação (10/06/2022 09:25, Gaudium Press) Algumas manifestações sobrenaturais antecederam as aparições do Anjo, tendo ocorrido entre abril e outubro de 1915, numa colina próxima da Cova da Iria, denominada Cabeço. Lúcia pastoreava o rebanho, não com seus primos, Francisco e Jacinta, mas com três outras meninas. A certa altura, viram que “sobre o arvoredo do vale que se estendia a nossos pés pairava uma como que nuvem, mais branca que neve, algo transparente, com forma humana”, segundo as palavras de Lúcia. Em dias diferentes, esta aparição se repetiu duas vezes.
Primeira aparição do Anjo
Foi na mesma Loca do Cabeço, num dia de primavera de 1916, quando Lúcia, Jacinta e Francisco se abrigavam de uma chuva fina, que o Anjo apareceu claramente pela primeira vez. E não era um Anjo qualquer, senão o Anjo da Guarda de Portugal.
Este detalhe faz lembrar um ilustrativo comentário do Pe. Manuel Fernando Sousa e Silva, cônego da Sé de Braga: “Segundo uma antiga tradição na Igreja, cada nação tem um Anjo especialmente incumbido de ajudá-la”.
E isto está baseado na Sagrada Escritura (cf. Dn 10, 13; 12, 1), nos Santos Padres e nos Doutores da Igreja. Contudo, continua ele, “em toda a História da Igreja, é a primeira vez que um Anjo, ao manifestar-se, se apresenta como sendo o Anjo da Guarda de uma nação determinada”.
Depois de rezar, as crianças estavam brincando quando um forte vento sacudiu as árvores. Elas veem, então, caminhando sobre o olival em sua direção, um jovem resplandecente e de grande beleza, como nos conta Lúcia: “Uma luz mais branca que a neve, com a forma dum jovem, transparente, mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do sol. À medida que se aproximava, íamos-lhe distinguindo as feições”.
A partir desta narração, sobre o fato de considerar um Anjo como se fosse um cristal, comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “Pode-se imaginar uma descrição mais adequada de um Anjo que a do aspecto de um cristal? Puro, leve e encantador como o cristal, mas essencialmente transparente. De tal maneira que é feito para se ver além dele. O Anjo é, por assim dizer, como um cristal, uma lupa para se ver mais de perto a Deus, para se ter uma ideia melhor do Criador, e isso com que expressões de beleza!”
Eis como a Ir. Lúcia conta o que se seguiu: “Ao chegar junto de nós, disse:
“— Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo.
“E ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão. Levados por um movimento sobrenatural, imitamo-lo e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar:
“— Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam.
“Depois de repetir isto três vezes, ergueu-se e disse: “— Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas. “E desapareceu.
“A atmosfera do sobrenatural que nos envolveu”, continua a Ir. Lúcia, “era tão intensa, que quase não nos dávamos conta da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera, que só muito lentamente foi desaparecendo”.
Tal foi a força da presença de Deus naquele contato com o Anjo, que as crianças intuíram que o silêncio era a melhor voz para aquele momento, não contando a ninguém, nem sequer aos pais, o acontecido. Este estado de espírito e o sigilo que as crianças mantiveram depois indicam bem o ambiente sobrenatural que as envolvia e as ia transformando.
Mons João Scognamiglio Clá Dias, EP
Texto extraído, com adaptações, do livro Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!
Deixe seu comentário