Santa Catarina de Siena: filha predileta da Virgem Maria
Santa Catarina, virgem, mística, profetisa e reformadora, foi guia espiritual e exorcista, conselheira de Papas e promotora da Cruzada!
Redação (29/04/2024 08:20, Gaudium Press) Santa Catarina de Siena nasceu em 1347, ano no qual irrompeu a terrível peste negra que reduziu a população europeia quase à metade, e veio a falecer em 1380, dois anos após o início do Grande Cisma do Ocidente, que se estenderia por quarenta anos. Esse longo e obscuro período caracterizou-se pelo enfrentamento de Papas e antipapas, o que semeou a confusão entre os fiéis.
A curta e intensa vida de Santa Catarina desenrolou-se, portanto, num momento de dramática desagregação da Cristandade. Leiga mantellata[1] da Ordem Dominicana, acumulou os títulos de virgem, mística, profetisa, reformadora, guia espiritual, exorcista, conselheira de Papas e promotora da Cruzada.
Essa panóplia admirável de dons sobrenaturais e qualidades humanas faz dela uma filha predileta da Virgem Maria, configurada à sua semelhança. Bem se pode afirmar que era a própria Mãe de Deus quem agia em Santa Catarina, conduzindo-a em todos os passos de sua vida.
Apesar de iletrada, ela influenciou os rumos da Igreja e favoreceu o retorno de Gregório XI, que se encontrava exilado em Avignon, a Roma. Possuindo sincera e entusiasta devoção ao Papado, jamais duvidou, entretanto, em apontar aos Pontífices, com filial reverência, as verdades mais amargas.
Promoveu a reforma da Ordem Dominicana por meio de seus escritos místicos, ditados por Deus Pai, nos quais censura com tristeza os horríveis pecados do clero e dos religiosos.
Constituiu em torno de si a bella brigata, um conjunto de frades dominicanos, virgens consagradas e outros fiéis que a seguiam como mestra e veneravam como mãe espiritual.
Com fina intuição profética, Catarina de Siena anunciou uma era de paz para o Corpo Místico de Cristo e para o mundo, num futuro longínquo. Em suas palavras se reconhecem os primeiros vaticínios sobre o Reino de Maria:
“Depois de todas essas tribulações e angústias, de um modo que escapa à compreensão humana Deus purificará a Santa Igreja e despertará o espírito dos eleitos. Haverá em seguida uma reforma tão grande na Igreja de Deus e uma tal renovação dos santos pastores, que meu espírito exulta no Senhor só de pensar nisso. […] Atraídos pelo bom odor de Cristo, os infiéis voltarão ao redil católico e se converterão ao verdadeiro Pastor”.
Em Santa Catarina brilharam com renovado fulgor a esperteza, a prudência e a sabedoria de Nossa Senhora, aplicadas à regência da História. Com efeito, o espírito marial que a animava dava-lhe a capacidade de transcender as contingências humanas, a ponto de se tornar o foco de luz do qual viveu a Igreja em seu tempo.[2]
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“Sou forte para vos auxiliar e defender”
“Tu és incapaz de avaliar a fraqueza humana, quanto o homem não tem juízo e discernimento, confiando apenas em si mesmo, nas próprias ideias.
Ó homem estulto! Não percebes que tua capacidade de conhecer provém de Mim? Não vês que fui Eu a dar-te o conhecimento e a cuidar de tuas necessidades? Toma em consideração tua experiência: pretendes fazer coisas que não podes, nem sabes; quando podes, não sabes, e, quando sabes, não podes; umas vezes queres, mas não dispões de tempo, outas vezes dispões de tempo e não queres!
Acontece que tudo isso, para teu bem, depende de mim. Deves reconhecer que nada és; deves humilhar-te e deixar o orgulho. Como as coisas não dependem de ti, só encontras instabilidade e privação; unicamente minha graça é estável e firme. Somente ela jamais te será retirada ou mudada. Contra tua vontade, nunca a perderás por causa do pecado. […]
Ó filha bondosa e querida, a humanidade não foi leal e fiel para comigo. Desobedeceu a minha ordem e achou a morte. De minha parte mantive a fidelidade, conservei a finalidade para a qual a criara, com intenção de dar ao homem a felicidade. Uni a natureza divina, tão perfeita, à mísera natureza humana, resgatei a humanidade, restituí-lhe a graça pela morte de meu Filho.
Os homens sabem de tudo isso, mas não acreditam que sou poderoso para socorrê-los, forte para auxiliá-los e defendê-los dos inimigos, sábio para iluminar suas inteligências, clemente para fornecer-lhes o necessário à salvação, rico para locupletá-los, belo para aprimorá-los, possuidor de bens para nutri-los e de roupas para vesti-los. Seu modo de viver diz que não confiam em Mim; caso contrário suas ações seriam santas e honestas”.[3]
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
Texto extraído do livro Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens, vol. III.
[1] Termo usado para designar as terciárias celibatárias de algumas Ordens Religiosas, assim chamadas por causa do hábito que portavam.
[2] Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP. Texto extraído do livro Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens, v. 3
[3] Santa Catarina de Sena. Diálogo com Deus Pai, c.CXL
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