Flor predileta de Deus
Salomão foi reconhecido por sua sabedoria. O lírio, porém, excede em valor simbólico a esse monarca porque remete Àquela que, tendo se esvaziado de Si mesma, foi revestida da divindade.
Redação (28/04/2022 11:58, Gaudium Press) Mais um dia de pregação do Divino Mestre. No alto de um monte, perto do Lago Tiberíades, Jesus revela com palavras cheias de unção como devem ser seus verdadeiros seguidores. Terminado o sermão, todos descem maravilhados.
No meio da multidão que caminha, um dos discípulos medita no que acabara de ouvir. Certa frase chamara especialmente sua atenção: “Considerai como crescem os lírios do campo; não trabalham nem fiam. Entretanto, eu vos digo que o próprio Salomão no auge de sua glória não se vestiu como um deles” (Mt 6, 28-29).
Quanto mais refletia sobre ela, com mais força surgia uma pergunta em seu interior: “Dentre as flores criadas, a única a receber um elogio do Rabi foi o lírio. Por que esta preferência?”
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Exemplos tirados da natureza são inúmeras vezes usados na Sagrada Escritura para simbolizar realidades superiores, pois o mundo visível é imagem do próprio Deus. E quando Ele criou essa flor fê-lo atendendo altíssimos objetivos, entre os quais representar a beleza e pureza de Maria Santíssima.
“Como um lírio entre os espinhos, assim é minha amiga entre as jovens” (Ct 2, 2). O número de pétalas desta flor representa a tríplice relação de Nossa Senhora com a Santíssima Trindade: Ela é Filha predileta do Pai, Mãe amabilíssima do Filho e formosa Esposa do Espírito Santo.
A variedade de cores com que o Divino Artífice ornou esta flor deixa-nos sem saber qual delas possui maior beleza. Eis como Se apresenta Maria: à medida que conhecemos suas excelsas virtudes, não sabemos qual delas amar mais.
O aroma do lírio é insuperável! Sua fragrância parece restaurar a inocência! Ora, a santidade da Rainha do Universo é o perfume preferido do Senhor. Ele arrebata os Anjos em caridade ardente, revigora as forças dos eleitos e penetra nos corações mais empedernidos.
Desde o princípio Deus elegeu Maria para ser sua Predileta, sua Esposa, sua Rainha. Fez de seu Imaculado Coração a arca onde estão depositados dons e graças excelentes. N’Ela, o Criador desceu à terra; e n’Ela, do mesmo modo, as criaturas sobem para o Céu. Em Maria se dá a vitória sobre a serpente proclamada no Protoevangelho – “Ela te pisará a cabeça” (Gn 3, 15) – e reafirmada em Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”
Salomão foi reconhecido por sua sabedoria; os magnatas de sua época o temiam e honravam. O lírio, porém, excede em valor simbólico a esse monarca porque remete Àquela que, tendo se esvaziado de Si mesma, foi revestida da divindade.
O Apocalipse tenta descrever a grandeza dessa Dama quando diz: “uma Mulher vestida de sol, com a lua debaixo de seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça” (12, 1).
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Restavam ao ardoroso discípulo poucas ruas para chegar à sua casa. De repente, seus olhos pousaram sobre certa Senhora de aparência discreta e modesta, mas transbordante de distinção. Era a Mãe do Mestre! Sem ele o esperar, o olhar da Nobre Dama pousou penetrante sobre aquele seguidor, tornando claras as ideias que se passavam em sua alma ao longo do caminho. A partir daquele momento, teve sempre o coração posto em Maria.
Façamos como ele. Se seguirmos com fidelidade nossa bondosa Mãe, veremos seu Reino nascer como um lírio em meio ao lodo contemporâneo, isto é, assistiremos ao surgimento da mais bela era da História no seio de uma época de extremos horrores. Deus Se inclinará sobre a terra como que abraçando-a e os homens se erguerão até tocar de algum modo no Céu.
Eis o que Nossa Senhora deseja nos conceder, se permanecermos fiéis ao seu amor.
Por Ir. Letícia Gonçalves de Sousa, EP
Texto extraído da Revista Arautos do Evangelho, n. 233. maio 2021.
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