A oração do paraquedista
A oração intitulada “La prière du para” há de ser fonte de estímulo para quem dedica sua vida a grandes ideais.
Redação (20/04/2022 10:57, Gaudium Press) Há 103 anos, em 19 de abril de 1919, Leslie Irvin realizava o primeiro salto de paraquedas da História. Quantos saltos ao ar livre, realizados com este objeto que permite ao homem realizar, em parte, seu sonho de habitar as alturas, se realizariam nas mais diversas condições até os dias de hoje!
“Dai-me a coragem, a força e a fé!”
Era o dia 27 de julho de 1942. Um grupo de elite do exército francês aventurava-se nas cálidas areias do deserto. Seu alvo? Uma base aérea alemã no Egito. Em meio aos tiros de metralhadora e ao bombardeio dos stuka alemães, um dos soldados é ferido no ombro e no abdômen. Lesões graves, como logo se percebe pelo profuso sangramento. Sua fisionomia pálida e seus lábios quase descorados parecem indicar que o bravo militar não ficará vivo por muito tempo.
De fato, pouco depois ele morre, ali, em pleno deserto, em meio à guerra. Momentos antes de entregar sua alma a Deus, disse a um de seus companheiros, com a tranquilidade de alguém que soube lutar e confiar na Providência: “Eu vou deixá-lo. Está tudo em ordem em mim”.
Devido ao turbilhão do momento, seus companheiros improvisaram uma sepultura com as pedras do local, encimada por uma cruz feita com dois pedaços de madeira. E guardaram cuidadosamente as coordenadas do lugar, para depois recuperarem seus restos mortais.
Antes de enterrá-lo, vasculharam seus bolsos e encontraram um pequeno caderno de anotações: simples, discreto, um tanto rude e gasto pelo uso. Muito superior ao valor material daquele objeto era o seu conteúdo.
Dentre os escritos lá contidos, uma oração intitulada La prière du para – A Oração do Paraquedista, composta pelo falecido – o jovem militar André Zirnheld, nascido a 7 março de 1913 – havia de ser fonte de estímulo para quem dedica sua vida a grandes ideais.
Trata-se de um poético gemido surgido do íntimo de um coração cinzelado pelo sofrimento e abrasado no amor a Deus. Quem o compôs estava ciente de suas más inclinações, mas compenetrado da luta contra elas, a ponto de implorar “a coragem, a força e a fé”.
A Oração do paraquedista
“Dai-me, Senhor meu Deus, o que Vos resta, aquilo que ninguém Vos pede.
Não Vos peço o repouso nem a tranquilidade, nem de alma nem de corpo.
Não Vos peço a riqueza, nem o êxito, nem a saúde.
Tantos Vos pedem isto, meu Deus, que já não Vos deve sobrar mais nada para dar.
Dai-me, Senhor, o que Vos resta; dai-me aquilo que todos recusam.
Quero a insegurança e a inquietação, quero a luta e a tormenta.
Dai-me isto, meu Deus, definitivamente, dai-me a certeza de que isto será a minha parte para sempre, porque nem sempre terei a coragem de Vo-la pedir.
Dai-me, Senhor, o que Vos resta, dai-me aquilo que os outros não querem, mas dai-me também a coragem, a força e a fé.”
Extraído, com adaptações, de: MEIRELES, Ney Henrique. “Dai-me também a coragem, a força e a fé!”. In: Arautos do Evangelho. Ano XX, nº 232, abril 2021, p. 14-17.
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