Amou os seus até o fim
Jesus deu-Se por inteiro a nós, ao padecer os sofrimentos da sua Paixão, a fim de que também nós seguíssemos o seu exemplo.
Redação (13/04/2022 17:08, Gaudium Press) Quinta-feira Santa: dá-se início ao Tríduo Pascal. Todo o cerimonial que envolve a liturgia deste dia está impregnado de solenes e festivos traços pela instituição da Sagrada Eucaristia, mas ao mesmo tempo circundado por uma atmosfera de tragédia e de drama em virtude do holocausto da Paixão do Senhor, que se aproxima.
Sofrer, amar e perdoar
Os doze Apóstolos acabam de celebrar com Jesus uma Páscoa diferente das demais. O Divino Redentor evidencia com sumo afeto o Seu amor para com eles, lavando-lhes os pés, assumindo para Si a condição de servo (Cf. Jo 13,5). Como explica Santo Agostinho, assim o fez para significar que devemos “perdoarmo-nos mutuamente, […] orarmos mutuamente por nossos delitos, e assim, de certo modo, nós lavaremos os pés uns aos outros. A nós cabe, por sua graça, esse ministério da caridade e da humildade, enquanto a Ele corresponde escutar-nos e limpar-nos de toda mancha de pecado, por Cristo e em Cristo”.[1]
Como se não bastasse esta demonstração de amor, ao saber que havendo “chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai” (Jo 13,1), Jesus quis, Ele próprio, estar mais intimamente unido às almas, habitando no interior delas debaixo das espécies eucarísticas, em Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, para desta maneira manifestar que:
“Tendo amado os seus que estavam neste mundo, amou-os até o fim”. (Jo 13,1)
Contudo, seu amor para conosco não teve limites. Além de nos dar a Eucaristia como alimento, quis ainda oferecer-Se por inteiro a nós, padecendo sofrimentos atrozes, para assim perdoar as nossas ofensas, lavando-nos com Seu sangue derramado no alto da Cruz.
Analisando estes dois sinais de Nosso Senhor: o seu amor para conosco, (manifestado na instituição da Eucaristia); e o lava-pés, (representação de sua perfeita caridade), Jesus quer nos transmitir que não existe autêntico amor a Deus (e para com o próximo), sem antes ter havido muito sangue de sofrimento bem aceito!
“Dei-vos o exemplo” (Jo 13,15), disse Jesus. Lavei os pés dos Apóstolos para que:
“Vós também laveis os pés uns dos outros”. (Cf. Jo 13,14)
E estive disposto a sofrer e a perdoar de coração:
“Para que façais a mesma coisa que eu fiz”. (Jo 13,15)
Nisto consiste o “oferecer ao Senhor um sacrifício de louvor” (Cf. Sl 115,8), como canta o salmista: ofertar a Deus um coração puro, disposto a sofrer, a amar e a perdoar. Nesta Semana Santa, acompanhemos a Nosso Senhor e sigamos o seu exemplo, ofertando o sangue de nossa alma a Ele, amando a Deus e ao próximo de acordo com os seus divinos mandamentos, para que assim participemos de seu imenso desejo de perdoar.
Por Guilherme Motta
[1] SANTO AGOSTINHO. In Ioannis Evangelium. Tractatus LVIII, n. 5. In: Obras. 2.ed. Madrid: BAC, 1965, v. 14, p. 270.
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