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Píncaro onde sopram todos os ventos da História

Após ter recebido a Eucaristia, Carlos Magno exclamou: ““Senhor, entrego minha alma em vossas mãos!” Assim morreu esse varão de Deus que passou sua vida lutando pela glorificação da Santa Igreja e aprimoramento da Civilização Cristã.  

Durer karl der grosse

Redação (13/04/2022 16:09, Gaudium Press) Entre os inimigos contra os quais o Imperador Carlos Magno combateu, os mais terríveis foram os saxões, que se renderam definitivamente somente em 804, depois de 32 anos de guerra.

       Ele enfrentou, em 808, os sarracenos que, partindo da Espanha, queriam dominar a França, e derrotou-os na Batalha de Taillebourg, cidade do Sudoeste desse último país.

       Um ano depois, Carlos Magno rogou a São Leão III que presidisse um concílio em Aix-la-Chapelle. O Papa atendeu ao pedido e, na solene assembleia, foi decidido, graças ao arrazoado apresentado pelo Imperador, que no Símbolo dos Apóstolos constasse que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho – Filioque –, condenando assim a igreja chamada “ortodoxa” que nega essa verdade.

       Sentindo que a morte se aproximava, devido a uma violenta pleurisia, Carlos Magno pediu que lhe trouxessem a Eucaristia. Após ter comungado, exclamou: “Senhor, entrego minha alma em vossas mãos”. Era o dia 28 de janeiro de 814. Tinha 72 anos de idade.

       Seu biógrafo Eginhard escreveu: “Quando Carlos morreu, o mundo perdeu o seu pai.”

       Em seu corpo encontraram um cilício que ele usara durante longos anos. Foi sepultado na capela que mandara construir em seu palácio de Aix.

Carlos Magno foi Santo?

       Em várias cidades, entre as quais Paris, Reims, Rouen e Aix-la-Chapelle, ele foi cultuado como santo. Tempos depois, a Universidade de Paris escolheu como patrono “São Carlos Magno”.

       Afirma Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:

       “Uma vez que ele tinha tais méritos, pode-se perguntar qual foi seu papel diante da Igreja. Ele foi um Santo? A resposta que me parece melhor para dar a essa pergunta é: se um Santo tivesse feito isto, ter-se-ia dito que é uma obra típica de um Santo, e de um grande Santo. De um dos maiores Santos da História da Igreja.

       “De outro lado, se ele tivesse sido um homem pecador – não que vive em estado de pecado mortal, mas que de vez em quando peca mortalmente –, dir-se-ia que não poderia realizar esta obra. Porque é uma obra de apostolado insigne. E, segundo Dom Chautard, no famosíssimo livro A alma de todo apostolado, quem não possui vida de piedade intensa não tem Fé, Esperança e Caridade intensas – que são as virtudes teologais – e nem as virtudes cardeais, e não pode fazer uma obra de apostolado fecunda. Então, como Carlos Magno pôde fazer uma das maiores obras de apostolado de todos os séculos se não fosse muito virtuoso? Evidentemente é muito difícil explicar isso.”

Seus filhos eram uns songamongas

       A respeito dos filhos de Carlos Magno, comenta Dr. Plinio:

       “O perigo germânico estava quase completamente dominado quando se anunciou outro risco: os reis navegadores, os vikings, os normandos, começaram a entrar pelo Norte da França.

       “A França tem vários rios navegáveis que constituíam ‘estradas’ fáceis e cômodas para aqueles navegantes muito ágeis vindos do Báltico, que entravam, desciam, atacavam e pilhavam.

       “Quando Carlos Magno morreu, encontrava-se na presença desse perigo que ele não sabia se seus filhos venceriam ou não. Filhos que não valiam nada, para os quais ele transmitia um Império pesado como o mundo, e que começaram por dividir o Império que ele deixara uno. Filhos tão nulos que, em uma das ‘canções de gesta’, se insiste muito em Roland — o grande guerreiro e braço direito de Carlos Magno — que era sobrinho do Imperador; mas não figuram os filhos de Carlos Magno. Em nenhuma ‘canção de gesta’, eles são mencionados. Quer dizer, não os tomavam em consideração para nada.”

       “Os filhos do grande Imperador […] eram uns songamongas, incapazes de carregar o fardo glorioso do Império que o pai deles tinha sabido estabelecer.

       “Resultado: a partir de sua divisão em três reinos, correspondentes aos três filhos de Carlos Magno, iniciou-se o esboroamento do Império. Somava-se a isso a precariedade das estradas, tornando tão difíceis as comunicações entre o poder central e as grandes propriedades rurais que, embora cada proprietário rural ainda obedecesse teoricamente ao monarca, na prática constituía-se à maneira de um reizinho do local. Assim, o Império se esmigalhou, no sentido etimológico da palavra.”

    Intrépido defensor dos Estados Pontifícios

       706px Aachener Dom BW 2016 07 09 13 53 18Carlos Magno é o homem “colocado no píncaro onde sopram todos os ventos da História e todas as grandezas se reúnem. Herói, lançado na vida pública desde a juventude, ainda hoje exerce uma ação diretiva profunda nos acontecimentos históricos”.

    “O Grande Carlos é a grande torre a partir da qual se construiu toda a muralha do Ocidente Cristão”.

Ele foi o intrépido defensor dos Estados Pontifícios, formados por territórios do litoral do Mar Adriático que seu pai, Pepino, o Breve, obrigara os lombardos a lhe cederem, onde havia cinco importantes cidades, entre as quais Ravena. Esses Estados permaneceram no domínio da Igreja até 1870, quando foram saqueados por revolucionários liderados, entre outros, por Garibaldi.

       Na bela Catedral de Aix-la-Chapelle, em estilo gótico, está colocado o trono de Carlos Magno, de onde ele assistia as cerimônias na igreja construída por sua ordem no mesmo local.

       O Prêmio Internacional Carlos Magno é entregue anualmente pela cidade de Aachen a pessoas que se destacaram na Igreja ou na sociedade temporal.

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja

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