Onde vive Jesus hoje?
Aos discípulos que O seguiam desejosos de conhecer sua morada, Nosso Senhor dirige afetuosas palavras: “Vinde ver”. Também a nós Ele faz esse apelo, ansioso por nos revelar seus mais íntimos desejos e cogitações.
Redação (04/02/2022 16:54, Gaudium Press) Desejavam André e João apenas conhecer o local em que Jesus vivia? Parece pouco provável, pois mais tarde Ele próprio declararia: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (Mt 8, 20).
Na realidade ambos anelavam visitar muitas vezes o Divino Mestre e estar em sua companhia, pois naquele tempo o aprendizado se dava, sobretudo, no convívio.
As paragens onde o Mestre habita
Todavia, a indagação “Onde moras?” apresenta ainda um sentido místico muito profundo, relacionado com outra afirmação de Nosso Senhor:
“Onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração” (Lc 12, 34). Nós moramos onde depositamos nossa atenção, nosso enlevo, nossos interesses.
Desse modo, a pergunta dos dois discípulos poderia ser assim formulada: “Mestre, em que altura estão vossas cogitações, por quais sendas caminham vossos desejos, em que paragens se encontra vosso Espírito, onde repousa vossa Alma? É isso que desejamos saber!”
Sendo Ele o Verbo Encarnado, só poderia morar nos mais elevados páramos… Sua Alma, criada na visão beatífica e hipostaticamente unida à divindade, jamais abandonou esta sublime perspectiva, mesmo nos momentos em que o Homem-Deus contemplava os lírios do campo, entretinha-Se com uma criança ou dormia na barca.
Nosso Senhor não lhes indica a localização de uma moradia física, mas os convida a conviver com Ele.
Jesus vive aqui
Com carinho eterno Nosso Senhor nos elegeu e em incontáveis ocasiões de nossas vidas toma a iniciativa de falar em nosso interior. Para que isso aconteça, Ele põe apenas uma condição: que abramos a alma para sua graça.
Naturalmente cristã, a alma humana voa em seguimento de Nosso Senhor, pois foi criada para Ele. Há, no coração do homem, uma percepção sobrenatural que, ante as circunstâncias mais diversas, permite-lhe afirmar: “Jesus vive aqui”. Trata-se, portanto, de ser fiel a essa marca inconfundível de Cristianismo gravada em nós e, assim, torná-la cada vez mais robusta.
Contudo, há algo a mais. Nós, filhos da Santa Igreja, temos a graça extraordinária de descobrir com segurança onde Jesus mora. Como?
Ouçamos as palavras cheias de unção de Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, varão que marcou indelevelmente o século XX com sua Fé:
“Em suas instituições, em sua doutrina, em suas leis, em sua unidade, em sua universalidade, em sua insuperável catolicidade, a Igreja é um verdadeiro espelho no qual se reflete nosso Divino Salvador. Mais ainda, Ela é o próprio Corpo Místico de Cristo. E nós, todos nós, temos a graça de pertencer à Igreja, de sermos pedras vivas da Igreja! Como devemos agradecer este favor!”
Sim, na única e verdadeira Igreja de Cristo, indefectível em sua moral, imutável em seus dogmas, exemplar em seus Santos, íntegra em sua oposição ao “príncipe deste mundo” (Jo 16, 11), conhecemos a mentalidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, suas palavras, seus desejos, seus sentimentos.
“O cristão é outro Cristo”
Vamos buscar onde, de fato, Ele Se encontra e nos abramos inteiramente à influência da Santa Igreja.
Nesse sentido, continua Dr. Plinio:
“Não nos esqueçamos, porém, de que ‘noblesse oblige’. Pertencer à Igreja é coisa muito alta e muito árdua. Devemos pensar como a Igreja pensa, sentir como a Igreja sente, agir como a Igreja quer que procedamos em todas as circunstâncias de nossa vida.
Isto supõe um senso católico real, uma pureza de costumes autêntica e completa, uma piedade profunda e sincera. Em outros termos, supõe o sacrifício de uma existência inteira. E qual é o prêmio? ‘Christianus alter Christus’. Eu serei de modo exímio uma reprodução do próprio Cristo. A semelhança de Cristo se imprimirá, viva e sagrada, em minha própria alma”.
Com efeito, Jesus faz sua morada naqueles que se empenham em descobrir onde Ele habita.
Assim, ao encerrar estas linhas, dirijamo-nos a nosso Redentor e Lhe manifestemos nosso desejo de segui-Lo:
“Hoje o mundo não deseja saber onde Vós morais e, se soubesse, talvez promovesse sua destruição. Em reparação, Senhor, quero Vos convidar a morar comigo. Vinde, Senhor, e permanecei em mim! Meu coração é inteiramente vosso, entrai e tomai conta dele!”
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n.229, janeiro 2021.
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