O que significa Imaculada Conceição de Maria?
A Solenidade da Imaculada Conceição é a festa da libertação de quem era escravo do demônio e se entrega inteiramente a Nosso Senhor Jesus Cristo, pelas mãos da Santíssima Virgem.
Redação (08/12/2022 08:36, Gaudium Press) Tendo em vista a Maternidade Divina e a missão corredentora de Maria, a Providência aplicou de modo sui generis e excelso, em benefício d’Ela, os méritos do preciosíssimo Sangue de Cristo.
Nossa Senhora, em previsão da futura Paixão e Morte de Jesus, foi santificada desde o primeiro instante de sua concepção, vendo-Se não só livre do pecado original e de todas as suas consequências, como também cumulada de um auge de graça que só aumentaria ao longo de sua existência.
Nos tesouros da Tradição há uma plêiade de comentários a respeito da Imaculada Conceição de Maria, nos quais se sublinha sua total isenção de pecado.
A mais excelente das criaturas
Esta ênfase tem sua razão de ser, pois, uma vez estendida a todos os homens a mácula da falta de nossos primeiros pais, criar uma Virgem sem qualquer vestígio de contágio nem na sua origem, nem no transcurso da vida, significa a vitória plena de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre o demônio, o mundo e a carne.
Em Maria o Salvador faz valer com a máxima eficácia o Sacrifício do Calvário e manifesta o seu poder de remediar por completo os efeitos da culpa original na natureza humana decaída.
A Imaculada Conceição é, portanto, o triunfo de Jesus, o triunfo de Maria e o triunfo da Igreja, que n’Ela encontra seu membro mais eminente.
Contudo, sustentar que Nossa Senhora foi isenta do pecado original é pouco. Certamente veremos, no futuro, um Papa ir muito além em seus pronunciamentos a respeito d’Ela.
O privilégio da Imaculada Conceição
Nessa mesma linha, João Paulo II, numa de suas catequeses, forneceu elementos de relevo para uma formulação mais completa do dogma da Imaculada Conceição de Maria.
Ao explicar essa doutrina que Pio IX declarou ter sido revelada por Deus, elucidou que “a imunidade de toda mancha da culpa original implica como consequência positiva a completa imunidade de todo pecado e a proclamação da santidade perfeita de Maria, doutrina à qual a definição dogmática oferece uma contribuição fundamental.
Com efeito, a formulação negativa do privilégio mariano, condicionada pelas anteriores controvérsias que se desenvolveram no Ocidente sobre a culpa original, deve ser sempre completada com a enunciação positiva da santidade de Maria, sublinhada de forma mais explícita na tradição oriental” (JOÃO PAULO II. Audiência geral, 12/6/1996).
Outro aspecto ainda implícito na “formulação negativa” empregada por Pio IX seria a completa isenção dos movimentos desordenados da concupiscência: “A definição de Pio IX refere-se somente à imunidade do pecado original, o que não implica explicitamente a imunidade à concupiscência.
Contudo, a completa preservação de Maria de toda mancha de pecado tem como consequência n’Ela também a imunidade da concupiscência, tendência desordenada que, segundo o Concílio de Trento, procede do pecado e inclina ao pecado (Dz 1515)” (JOÃO PAULO II, op. cit.).
Portanto, conclui-se com facilidade que o próprio Magistério tem interpretado a doutrina infalível da Imaculada Conceição não só à luz do enunciado explícito contido nas palavras da definição dogmática, mas também descobrindo o “privilégio positivo” que está implícito na “formulação negativa” do dogma e engloba realidades como a plenitude de graça ímpar com que foi ornado o Coração de Maria, sua impecabilidade posterior e sua total isenção da concupiscência. Só dessa forma entende-se plenamente na Igreja a doutrina sobre a Imaculada Conceição de Maria.
Maria Santíssima: isenta de pecado desde a concepção e cheia de graça
Se é verdade que “onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5, 20), como nos ensina São Paulo a respeito do mistério da Redenção, deve-se concluir que a santidade original de Maria superou em muito a de Eva no momento em que foi criada.
Ademais, por sua fiel correspondência ao cabedal de graças recebidas de seu Divino Filho, Nossa Senhora progredia de plenitude em plenitude, a ponto de ver-Se tão repleta de Deus que foi necessário fazê-La passar desta vida à outra.
Por conseguinte, a plenitude de graças que A uniu em grau máximo a Deus é o aspecto mais relevante de sua concepção imaculada.
O pecado ressalta a pureza imaculada de Maria
Em Nossa Senhora, como visto, o pecado original foi reparado da forma mais profunda e radical possível. Em primeiro lugar, foi-Lhe dada uma graça altíssima, acima de qualquer cogitação, já no instante em que era concebida.
Além disso, não houve n’Ela o menor resquício de qualquer gênero de inclinação à concupiscência; pelo contrário, sua alma conservou-se numa harmonia plena, sempre submissa à vontade de Deus pela correspondência a todas as moções da graça.
Suas paixões estavam subordinadas à razão, iluminada pela fé. Era, em consequência, uma criatura virginal, dotada de um dom de integridade superexcelente, toda orientada à mais sublime perfeição.
Em Maria a natureza humana readquiriu a beleza ideal que havia perdido ao saírem nossos primeiros pais do Paraíso, punidos pela mão justíssima de Deus; n’Ela refulgiu, deslumbrante e ainda mais graciosa, a grandeza sobrenatural que constituía a glória de Eva antes do pecado.
Pela Imaculada Conceição, os lindos dias do Éden voltavam à terra de exílio, fazendo dela o mais formoso jardim.
Somos filhos de Maria Imaculada! E se temos apreço por nossa mãe natural, muito maior deve ser nosso amor por Aquela que é Mãe de nossa vida sobrenatural.
Cheios de gratidão, peçamos a Ela que, assim como triunfou sobre o pecado, triunfe em nossa alma, infundindo-lhe um raio de sua imaculabilidade. E que, purificados de todas as nossas misérias, sejamos assistidos por seu Divino Esposo e nos transformemos em instrumentos eficazes para a promoção de um outro triunfo, por Ela prometido em Fátima e tão desejado por nós: o do seu Sapiencial e Imaculado Coração.
Mons João Scognamiglio Clá Dias, EP
Texto extraído, com adaptações, do livro Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens de autoria de Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP.
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