Cantalamessa na pregação do Advento: “somos companheiros de viagem rumo à eternidade”
“O que “nunca passa” é, por definição, a eternidade. Devemos redescobrir a fé em um além da vida.
Cidade do Vaticano (11/12/2020, 15:40, Gaudium Press) O pregador da Casa Pontifícia, cardeal Raniero Cantalamessa, fez nesta sexta-feira a segunda pregação do Advento que ele vem desenvolvendo para o Papa e para a Cúria Romana.
As pregações têm sido realizadas às sextas-feiras na Sala Paulo VI e a de hoje teve como tema: “Nós anunciamos a vida eterna”.
Um convite, um comando, perpetuamente atual, dirigido aos pregadores da Igreja
“Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus”. Cantalamessa afirmou que “Com estas palavras de Isaías começou a primeira leitura do Segundo Domingo do Advento. É um convite, na verdade um comando, perpetuamente atual, dirigido aos pastores e pregadores da Igreja. Queremos hoje receber este convite e meditar sobre o anúncio mais consolador que a fé em Cristo nos oferece”.
Uma ‘verdade eterna’ que a situação da pandemia trouxe à tona é a precariedade e a transitoriedade de todas as coisas
Conforme o cardeal capuchino, “a segunda ‘verdade eterna’ que a situação da pandemia trouxe à tona é a precariedade e a transitoriedade de todas as coisas. Tudo passa: riqueza, saúde, beleza, força física.
É algo que todos temos diante dos olhos, todo o tempo. Basta comparar as fotos de hoje – nossas ou de personagens famosos – com as de vinte ou trinta anos atrás, para nos darmos conta.
Atordoados pelo ritmo da vida, não fazemos caso de tudo isso, não nos detemos para medir as devidas consequências”.
A tempestade desmascara nossa vulnerabilidade, deixa a descoberto falsas e supérfluas seguranças
“Eis que, de repente, –continuou o cardeal Cantalamessa– tudo o que dávamos por pressuposto se revelou frágil, como uma fina camada de gelo sobre a qual patinamos alegremente, que, improvisamente, rompe-se sob os pés e afundamos”. E, então ele relembrou palavras do pontífice: “A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades”.
O que “nunca passa” é, por definição, a eternidade. Devemos redescobrir a fé em um além da vida
O cardeal pregador da Casa Pontifícia ainda disse:
“A crise planetária que estamos vivendo pode ser a ocasião para redescobrir, com certo alívio, não obstante tudo, um ponto firme, um terreno sólido, melhor, uma rocha, sobre a qual fundar a nossa existência terrena. A palavra Páscoa – Pesach, em hebraico – significa passagem e, em latim, traduz-se transitus. Esta palavra evoca, para si, algo de “passageiro” e de “transitório”, portanto, algo de tendencialmente negativo. Santo Agostinho percebeu esta dificuldade e a resolveu de modo iluminante. Fazer a Páscoa, explicou, significa, sim, passar, mas “passar ao que não passa”; significa “passar do mundo, para não passar com o mundo”. Passar com o coração, antes de passar com o corpo!”, disse ainda o cardeal.
“O que “nunca passa” é, por definição, a eternidade. Devemos redescobrir a fé em um além da vida”. “Ela nos faz compreender que todos somos companheiros de viagem, em caminho rumo a uma pátria comum onde não existem distinções de raça ou nação.
Não temos em comum só o caminho, mas também a meta.
A fé na vida eterna não se baseia em discutíveis argumentos filosóficos acerca da imortalidade da alma: baseia-se em um fato preciso, a ressurreição de Cristo
Para os cristãos, a fé na vida eterna não se baseia em discutíveis argumentos filosóficos acerca da imortalidade da alma. Baseia-se em um fato preciso, a ressurreição de Cristo, e sobre a sua promessa: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. (…) vou preparar-vos um lugar. E depois que eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também”.
“Para nós, cristãos, a vida eterna não é uma categoria abstrata, é mais uma pessoa. Significa estar com Jesus, “formar corpo” com ele, compartilhar do seu estado de Ressuscitado na plenitude e na alegria da vida trinitária.” (JSG)
(Com informações e fotos Vatican News)
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