São Luís Gonzaga: Padroeiro da juventude
Uma curta existência terrena que extasiou os Céus por sua ilibada pureza de corpo e de alma. Morreu em 21 de junho de 1591 com apenas 23 anos.
Redação (21/06/2022 08:37, Gaudium Press) Uma existência vivida mais no Céu do que na terra, agradou tanto o Altíssimo, que O fez chamar seu servo para junto de si, após curtos 23 anos, que, entretanto, foram suficientes para atingir o mais alto grau de santidade e marcar a face da Terra com o perene perfume de sua presença.
A pureza se chama virtude angélica justamente porque o homem passa a ser muito mais espiritualizado, e a ver as coisas materiais como lastros que pesam no balão que quer voar para os mais altos páramos celestes. A pureza ilibada do jovem Luís Gonzaga é a razão pela qual chamavam-no de “homem sem carne ou anjo encarnado”.[1]
A infância de São Luís Gonzaga
Como analisar a vida de um santo? Antes de mais nada devemos voltar nosso olhar para o seguinte: Deus é o Regente da História, tudo quanto foi criado deve sempre redundar em sua maior glória, embora muitas vezes o mal pareça sair vencedor em determinadas circunstâncias, toda a trama dos acontecimentos gira em torno de um único eixo: a glória de Deus.
Em consequência disso, a humanidade nunca se viu desamparada por seu Criador. Sempre há ao menos um santo confirmado em graça que sustenta a História no seu tempo. Essa é a opinião do santo Cardeal Roberto Belarmino, que afirmava ser São Luís Gonzaga, uma dessas almas eleitas.[2]
Primogênito do Marquês de Castiglione delle Stivieri, Luís de Gonzaga nasceu em 9 de março de 1568. Ainda criança, interessou-se pela carreira das armas, a exemplo de seu pai. Este o levou, aos 4 anos, a presenciar manobras militares. O menino ficou tão entusiasmado que, sem ninguém perceber, carregou uma peça de artilharia e deitou-lhe fogo! Por pouco escapou de ser massacrado pelas rodas da pesada carreta.
Mas aos 7 anos, perdeu o gosto pelas coisas do mundo e decidiu dedicar-se a Deus. Essa decisão foi tão bem cumprida que São Roberto Belarmino, seu diretor espiritual,
declarou nunca haver ele cometido um único pecado mortal.
Aos nove anos, seu pai conduziu Luís e seu irmão Rodolfo para a corte do Grão-duque da Toscana. Esses dois anos em Florença contribuíram para seu crescimento na devoção a Nossa Senhora, que atingiu o auge com o voto de castidade perpétua que realizou diante do altar da Virgem.
Guarda dos sentidos e mortificações
A guarda dos sentidos e as mortificações corporais foram as duas asas que faziam Luís Gonzaga voar em direção ao próprio Deus. Jejuava três vezes por semana a pão e água, mas normalmente quase não se alimentava. Flagelava-se até o derramamento de sangue, e permanecia ajoelhado em oração por horas seguidas, até o momento em que conseguisse atingir o período de uma hora completa, sem distrações. Isso lhe concedeu uma constância e estabilidade de espírito permanentes durante as orações.
Recebeu por primeira vez a Eucaristia, em 1580, das mãos do Cardeal Carlos Borromeu, que em visita a D. Fernando conversou duas horas sobre temas da religião com o pequeno príncipe. Franzido de admiração, o Cardeal, ao cabo da conversa resolveu ministrar-lhe o Pão dos Anjos.
Quando ainda contava treze anos de idade, o jovem Luís sentiu o chamado para ser religioso, porém o ocultou de seu pai, pois sabia que ele não aceitaria. Intensificou suas penitências, progredindo cada vez mais no caminho da santidade, com vistas a alcançar seu ideal.Preview (opens in a new tab)
À vista dos progressos de seu filho nas vias da piedade, D. Fernando decidiu colocar-lhe como pajem do filho de Felipe II, em Madri. Entretanto, a vida da corte, com seus prazeres e honrarias, não foi capaz de mudar os propósitos do jovem Luís Gonzaga.
Ingresso na Companhia de Jesus
Sentindo-se chamado a entrar na religião, escolheu ele a Companhia de Jesus, por serem os filhos de Santo Inácio privados de honrarias não só mundanas, mas também eclesiásticas, uma vez que a regra proíbe os jesuítas de acederem a qualquer cargo, salvo ordem expressa do Santo Padre.
O marquês respondeu ao pedido de seu filho com imprecações e ameaças, e tentou de todas as maneiras dissuadi-lo de seu desejo, e inclusive pediu que altas dignidades eclesiásticas o convencessem de ao menos encetar pelas vias de uma ordem que o permitisse chegar ao cardinalato.
Depois de dois longos anos de pedidos, já de volta à Itália, D. Fernando presenciou uma cena que o comoveu a ponto de permitir a entrada de seu primogênito na Companhia de Jesus, viu, pelo buraco da fechadura, seu filho ajoelhado e flagelando-se. Com a chancela do próprio Imperador à renúncia dos direitos de filho primogênito, Luís Gonzaga entrou no noviciado da Companhia de Jesus, em Roma.
Brilhava por sua sabedoria e virtudes, procurava sempre o último lugar, e era continuamente buscado pelos demais noviços, que sentiam enorme prazer em participar de seu elevado convívio. Tinha a saúde abalada pelas rigorosas penitências, a ponto de ser necessária a vigilância dos superiores para moderá-las. Mostrou-se tão dotado nos estudos, que defendeu sua tese, com desembaraço, diante de três Cardeais.
Partida para a eternidade
Em 1591, Roma foi assolada por terrível peste. Os jesuítas abriram um hospital em que todos os membros da Ordem, inclusive o próprio Superior Geral, prestavam socorro às infelizes vítimas.
São Luís insistia para sempre estar cuidando dos enfermos, limpando suas chagas, arrumando os leitos e preparando-os para confessar-se. Contraiu, assim, a doença que em três meses o levou à morte. Entregou alegremente sua alma ao Criador em 21 de junho daquele ano, aos 23 anos, com os olhos postos num crucifixo e o santo Rosário na mão.
Deus se comprazia em chamar, para junto de si, aquele varão que soube, desde a infância, lutar contra si mesmo para manter sua castidade e pureza de alma, em meio aos mais suntuosos prazeres da corte. Renunciando não somente ao que era contrário à Lei de Deus, mas também a tudo quanto, de lícito, podia lhe afastar da via de santidade que escolhera traçar.
Luís Gonzaga foi beatificado por Paulo V, em 1605, e canonizado a 31 de dezembro de 1726, por Bento XII. Pio XI o d1eclarou padroeiro da juventude.
[1] ROHRBACHER. Vida dos Santos. São Paulo: Editora das Américas, 1959. v. 11. p. 83.
[2] Cf. CEPARI, Virgilio. Vida de São Luís Gonzaga. Roma: Officina Poligrafica, 1910, p. 37.
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