Um Anjo liberta São Pedro da prisão
Enquanto dormia, um Anjo lhe apareceu, fez cair as correntes e o conduziu para fora da prisão.
Redação (Quinta-feira, 26-03-2020, Gaudium Press) Devido à terrível perseguição movida pelos judeus contra os cristãos em Jerusalém, os fiéis se dispersaram por diversas regiões, entre as quais Antioquia, onde a Igreja teve um extraordinário crescimento.
Antioquia: a terceira cidade do mundo
Ao saber dessa auspiciosa notícia, os Apóstolos que haviam permanecido em Jerusalém enviaram à Antioquia São Barnabé, o qual “era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de Fé” (At 11, 24).
Vendo como a graça estava atuando nas pessoas, ele foi à procura de São Paulo, que se encontrava em Tarso, cidade relativamente próxima de Antioquia. São Barnabé já o havia apresentado aos Apóstolos (cf. At 9, 27), e bem conhecia suas excelentes qualidades.
São Paulo acompanhou São Barnabé e “passaram um ano inteiro trabalhando juntos naquela Igreja, e instruíram uma numerosa multidão. Em Antioquia, os discípulos foram, pela primeira vez, chamados com o nome de ‘cristãos’” (At 11, 26). Mas os judeus empedernidos, por desprezo de Cristo, os chamavam de nazarenos (cf. At 24, 5).
Antioquia – atual Antáquia, na Turquia – tinha mais de 500 mil habitantes. Era a terceira cidade do mundo, rivalizando com Alexandria e a própria Roma; tornara-se o centro intelectual do Oriente .
São Paulo censura o primeiro Papa
A Igreja de Antioquia tornou-se “quartel-general de operações dos primeiros missionários do mundo pagão” . Até a fundação de Constantinopla por Constantino (séc. IV), Antioquia foi a capital cristã do Oriente .
O Príncipe dos Apóstolos dirigiu-se a Antioquia e ali permaneceu durante sete anos . Ele foi o primeiro Bispo de Antioquia.
Logo após ter chegado a Antioquia, “por medo dos da circuncisão” (Gl 2, 12), ou seja, dos judaizantes, o primeiro Papa tomou atitudes ambíguas em matéria disciplinar, que podiam gerar confusão doutrinária e prejudicar os fiéis.
Então, São Paulo opôs-se abertamente a São Pedro, “pois merecia censura” (Gl 2, 11). O Apóstolo das gentes não praticou um ato de rebeldia, mas sim de união e amor fraterno. E o Príncipe dos Apóstolos cedeu com humildade ante os argumentos dele.
Martírio de São Tiago o Maior
O Rei Herodes Agripa I governava a Palestina e pôs-se a perseguir os cristãos, para agradar aos judeus. Esse monarca era neto de Herodes Idumeu – cognominado o Grande –, que ordenou a matança dos inocentes, sobrinho de Herodes Antipas, o qual mandou cortar a cabeça de São João Batista.
São Tiago o Maior, irmão de São João Evangelista, foi à Espanha pregar o Evangelho. Certo dia, estando descansando às margens do Rio Ebro, nas proximidades de Saragoça, Nossa Senhora, que estava viva, apareceu-lhe sobre um pilar, o qual Ela deixou ali como prova de sua proteção perpétua à Espanha.
Tendo voltado a Jerusalém, ele foi decapitado por ordem de Herodes Agripa I. Seus discípulos levaram à Espanha seu corpo, o qual se encontra na Catedral de Santiago de Compostela .
Em 834, no mais ardente de uma batalha dos católicos contra os maometanos, em Clavijo (Espanha), São Tiago o Maior apareceu montado num cavalo branco, fustigou os muçulmanos com sua espada e dispersou-os com a rapidez do raio. Passaram, então, a chamá-lo “El Caballero Matamoros”.
A respeito da Catedral de Santiago de Compostela, afirma Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:
“É difícil existir lugar mais sagrado e mais venerável do que Compostela. […] O local mais abençoado do Santuário é, a meu ver, a cripta onde se encontram os despojos de São Tiago o Maior. A urna funerária em que estão conservados é, na verdade, uma bela e rica imagem do Apóstolo, lavorada em ouro e pedras preciosas, com traços de inspiração ainda pré-gótica.”
O Príncipe dos Apóstolos dirige-se à casa de São Marcos
Além de mandar matar São Tiago o Maior, Herodes Agripa I lançou São Pedro na prisão, “guardado por quatro turnos de quatro soldados” (At 12, 4).
À noite, enquanto o primeiro Papa dormia entre dois soldados, preso com duas correntes, um Anjo lhe apareceu, fez cair as correntes e o conduziu para fora, passando por dois grupos de guardas. Chegando ao portão de ferro que dava para a rua, o Anjo o abriu, conduziu São Pedro até outro local e desapareceu.
Assim que deu conta de si, São Pedro dirigiu-se à casa da mãe de João Marcos, o futuro São Marcos evangelista, causando imensa surpresa às pessoas que ali se encontravam rezando. Essa senhora era provavelmente viúva nessa época e possuía certa fortuna .
Mas logo depois São Pedro foi para outro lugar (cf. At 12, 6-17). Segundo muitos historiadores, ele viajou para Roma. “Esta foi a primeira viagem do Príncipe dos Apóstolos à capital do Império, mais de vinte anos antes de sua morte.” Posteriormente, voltou a Jerusalém para o primeiro Concílio da Igreja (cf. At 15, 7 e s).
Herodes Agripa é carcomido pelos vermes
Ao saber que São Pedro não mais estava na prisão, Herodes mandou procurá-lo em toda a cidade, mas não o encontraram. Depois de submeter a interrogatório os guardas, ordenou que eles fossem executados.
Algum tempo depois, Herodes Agripa, em Cesareia, organizou num teatro uma grande festa em honra do Imperador Cláudio . Usando traje real, sentado numa tribuna, proferiu um discurso, e o povo começou a aclamar: “’Esta voz é de um deus, não de um homem!’
“Mas, imediatamente, o Anjo do Senhor feriu Herodes, porque não deu a Deus a devida honra. E Herodes expirou, carcomido pelos vermes” (At 12, 22-23). Isso faz lembrar o ímpio Rei Antíoco Epífanes – século II a. C –, que saqueou o Templo e ali instalou uma estátua de Júpiter. Castigado por Deus, ele morreu dessa mesma horrível doença (cf. II Mac 9, 5-9).
Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História da Igreja” – 8)
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1-DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église depuis la Création jusqu’à nos jours. Paris : Louis Vivès. 1869. v. V, p. 398.
2-LLORCA, Bernardino. Historia de la Iglesia Católica – Edad Antigua. 6. ed. Madri: BAC, 1990, v. I, p. 77.
3-Cf. Idem, ibidem, p. 172.
4-Cf. DARRAS, op. cit., p. 404.
5-Cf. LLORCA, op. cit., p. 132.141.147.
6-Cf. RIBEIRO, Jannart Moutinho. Vida dos Santos. São Paulo: Editora das Américas. 1959. v. 13, p. 338.
7-CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Admirável continuidade de bênçãos. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano IV, n. 40 (julho 2001), p. 34.
8-Cf. FILLION, Louis-Claude. La sainte Bible avec commentaires – Actes des Apotres. Paris: Lethielleux.c. 1889, p. 695.
9-FILLION, op. cit., p. 696.
10-Cf. FILLION, op. cit., p. 697.
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