Quando os olhares se encontram
Redação – (Quarta-feira, 25/11/2015, Gaudium Press) – A comunicação humana, ao contrário do que possa aparentar, não está restrita apenas à expressão verbal. O homem interage com o mundo exterior, inclusive com os demais seres humanos, através de todos os seus sentidos, pelas mais diversas manifestações, mas, de modo especial, através da visão. Muito se pode transmitir com um olhar.
Já dizia uma sapiencialíssima senhora “viver é estar juntos, olhar-se e querer-se bem”. Esta frase encerra uma verdade profunda, pois é possível afirmar que, mediante uma troca de olhares, as almas se comunicam de maneira inefável, transmitindo sentimentos que não poderiam ser expressos em palavras. Pode-se remeter esta ideia às duas trocas de olhares mais significativas da História da humanidade: o encontro de olhares de Maria Santíssima e seu Divino Filho: primeiramente, no caminho do Calvário, e, posteriormente, na aparição de Nosso Senhor ressuscitado à sua Mãe.
Dois encontros carregados de significados e sentimentos tão grandiosos que, quando contemplados, ultrapassam as compreensões intelectivas e sensitivas, unindo-as, de maneira quase incompreensível, no âmago da alma, elevando-a aos patamares da sublimidade.
O primeiro encontro destes santos olhos, durante a Paixão, continha o auge da dor de um Deus que, por amor, tornou-Se criatura para, com a sua morte, retomar a criação amada, dando-lhe a Vida; continha o auge da dor do Homem-Deus que, vendo sua Mãe, emudecida de dor, sabia ser a causa do sofrimento de sua criatura mais perfeita, a única que não mereceria sofrer; ademais, continha o olhar doloroso da Mãe zelosíssima e amorosíssima contemplando o sofrimento inenarrável de seu Filho; ambos os olhares imóveis, silenciosos, porém tão sofrivelmente eloquentes.
Por sua vez, no segundo encontro, que oposição à primeira situação!
Quanto júbilo havia na troca de olhares de Nosso Senhor ressuscitado e Maria Santíssima! Encontro de olhares gaudiosos que comunicavam e festejavam a vitória da Vida, a glória da Ressurreição!
Embora tão distintos, ambos os encontros contêm uma nota comum, um selo que imprime o sentimento que os coroa: a comunicação mútua da extensão, plenitude e do auge do amor.
Pode-se afirmar ainda que esses dois olhares abarcam a humanidade inteira e ecoam pelos séculos, num convite ininterrupto ao enfrentamento, por amor, da dor que culminará na glória.
Por Diana Compasso de Araújo
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