Vítimas de abuso questionam a demora da resposta do Papa Francisco sobre o caso Rupnik
Grupos e associações de vítimas de abuso sexual estão questionando a demora do Papa Francisco e a postura das autoridades da Igreja em relação ao caso Rupnik
Redação (31/10/2023 16:40, Gaudium Press) Grupos e associações de vítimas de abuso sexual estão questionando a demora do Papa Francisco e apostura das autoridades da Igreja em relação ao caso Rupnik. O caso Rupnik refere-se ao padre e artista esloveno Marko Rupnik, acusado em 2022 de cometer abuso sexual e psicológico contra 25 mulheres adultas ao longo de três décadas.
Em junho passado, o Pe. Rupnik foi expulso da Companhia de Jesus por desobediência. Um inquérito interno verificou como altamente fundadas as acusações contra o padre. Contudo, ele recusou-se a trocar de comunidade e aceitar uma nova missão, contrariando o voto de obediência e infringindo o código de direito canônico, o que justificou seu desligamento dos jesuítas.
Apesar da grande repercussão do caso, Rupnik ainda não foi julgado e, para a surpresa de suas vítimas, ele foi recentemente incardinado em Koper, sua diocese natal.
Críticas à inoperância em relação ao caso Rupnik
A notícia suscitou a indignação das vítimas de Rupnik e de outras associações de vítimas de abusos por clérigos. Muitas criticam a posição de incoerência da Igreja, que por meio das palavras luta contra os abusos, mas não coloca em prática ações concretas: “As vítimas precisam de justiça, não de palavras”, disse Marie Collin, membro de uma associação de vítimas de abuso sexual.
Através de sua conta na rede social “X”, ela critica duramente a falta de iniciativa da Igreja diante de tais casos. De fato, Collins é uma ex-membro da Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, porém decidiu renunciar ao cargo como protesto porque via uma grande resistência interna do Vaticano.
Segundo ela, agora que o caso Rupnik foi transferido aos cuidados do Dicastério para a Doutrina da Fé, por decisão do Papa Francisco na semana passada (27) é pouco provável que haja uma decisão favorável às vítimas.
Defender os abusadores, triste padrão das autoridades
Uma outra organização, a Survivors Network of those Abused by Priests (SNAP; “Rede de Vítimas de Abuso por Padres”, em tradução livre), criticou igualmente a incardinação de Marko Rupnik na Eslovênia, mostrando a incoerência entre as palavras e as ações da Igreja. A organização afirma que as autoridades eclesiásticas estão mais preocupadas em defender os abusadores do que proteger as vítimas e os vulneráveis.
A Organização internacional Ending Clergy Abuse (ECA) se manifestou para criticar a política do Vaticano sobre o caso Rupnik. A Organização não compreende a necessidade de uma intervenção papal para suspender a prescrição do prazo dos abusos.
Falta de consideração em relação ao sofrimento das vítimas
Além disso, a ECA questionou por que as vítimas de Rupnik não foram consideradas vulneráveis, uma vez que havia uma clara diferença de poder, visto que a maioria das supostas vítimas pertencia às comunidades fundadas por Rupnik, na Eslovênia na década de 1990.
O grupo não deixou de comentar a recente decisão do Papa Francisco, que decidiu rever o caso Rupnik entregando aos cuidados do Dicastério da Doutrina da Fé. Para eles, Francisco se viu pressionado a recuar diante das críticas públicas sobre sua aparente cumplicidade no caso.
A ECA recordou a atitude do Papa em 2018 com o caso do Bispo Juan Barros Madrid. Francisco se recusou a ouvir as vítimas e só posteriormente ordenou uma investigação sobre os abusos. (FM)
Com informações de Catholic Herald
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