Uma luz já brilha nas trevas!
Se o Natal celebra a vinda do Sol de Justiça, que rompe as densas trevas em que a humanidade caminhava; hoje comemoramos o aparecimento da Stela Matutina, que já prenuncia o fulgor da aurora salvífica.
Redação (07/09/2021 17:14, Gaudium Press) A Natividade da Santíssima Virgem Maria, evocada festivamente pela Liturgia, foi introduzida na Igreja no século VII, pelo Papa Sérgio I, acompanhada com procissões solenes.[1]
Véus e sombras
O Antigo Testamento vinha carregado de símbolos, de pré-figuras e de profecias em relação ao Messias Prometido, contudo, nenhuma era totalmente clarividente, o véu com que Moisés cobriu a face permanecia sobre todos aqueles enigmáticos escritos (Cf. 2Cor 13, 15).
Que pensava Joaquim, homem justo, ao ver quão densas eram as trevas que envolviam o povo da Aliança? E Ana, ao perceber a ausência de sua descendência, em função de sua esterilidade? Ou o Deus de Abraão, Isaac e Jacó renovava os prodígios que fizera com Sara, Rebeca e Raquel, ou o número dos justos sobre a Terra se extinguiria em pouco tempo. Restava confiar no que a natureza consideraria absurdo…
Envolto por umbráticas provações, o santo casal não cessou de elevar preces e súplicas impetrando de Deus a graça de pertencerem à estirpe dos antecessores do Messias.
A aurora da salvação
Após longa espera, provavelmente cerca de duas décadas de matrimônio infrutífero, um Anjo é enviado a Joaquim e a Ana para lhes comunicar a incomensurável graça que receberiam: Teriam uma filha, a qual estaria intimamente ligada ao Messias, e deveriam chamá-la Maria, a qual seria a “aurora da salvação”[2].
Após o período comum de gestação, chegou o dia determinado para a Natividade da Santíssima Virgem, possivelmente em pleno meio-dia, Sant’Ana, calma e recolhida, deu à luz uma Menina, cuja simples existência já marcava todos os campos: nos céus, os Coros Angélicos cantavam a Deus por sua Rainha recém-nascida; na terra, os bons sentiam-se confortados, os maus embaraçados; no limbo, nova consolação abreviava a espera das almas justas; nos infernos novo caos se instalava.
Os primeiros raios
Ora, já que a Liturgia não só nos faz comemorar um acontecimento passado, mas o renova a cada ano, transmitindo aos fiéis as mesmas graças de outrora, somos convidados a confiar em Deus, ainda que a natureza ou os homens pareçam desmentir suas promessas.
Como São Joaquim a Sant’Ana, creiamos que a Estrela da Manhã já prenuncia os primeiros raios aurora da salvação.
Por Fernando Mesquita
[1] Cf. CHANTREL, J. Histoire des Papes, Paris: Dillet, 1863, v. 6, p.187
[2] Oração do dia 8 de setembro. In: Missal Romano, 12 ed. Paulus, 2008, p. 653
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