Uma lição até para os mais sábios
Conta-nos o livro dos Reis que Salomão, filho de Davi, célebre pela sua sabedoria, acabou por cair na idolatria, venerando os deuses pagãos, induzido pela influência de suas esposas estrangeiras.
Redação (17/02/2023 18:21, Gaudium Press) Às vezes, pensando que já estão derrotados os inimigos antigos sobre os quais tínhamos conseguido vitórias, de repente os vemos reaparecer por onde menos os esperávamos. O maior sábio do mundo, Salomão, que tantas maravilhas fizera na sua juventude, julgando-se bem seguro pela grandeza da sua virtude e confiante pelos anos decorridos, quando lhe parecia estar livre de assaltos, foi surpreendido pelo inimigo que, aparentemente, menos devia temer.
Isso é para que aprendamos duas lições utilíssimas: a primeira, que devemos sempre desconfiar de nós mesmos, caminhar com um santo temor, implorar continuamente o auxílio do Céu e cultivar uma vida de humilde devoção. A segunda é que nossos inimigos podem ser repelidos, mas não mortos; deixam-nos algumas vezes em paz, mas é para nos moverem uma guerra mais acirrada.
“Não vos deixeis perturbar”
Mas, apesar disso, não convém que desanimeis… Estes pequenos infortúnios obrigam-nos a reentrar em nós, a considerar nossa fragilidade e a recorrer mais fervorosamente ao divino Protetor. São Pedro caminhava seguro sobre as ondas; desencadeou-se uma ventania e as ondas agitadas pareciam querer devorá-lo. Foi então que exclamou: Senhor, salva-me! E Nosso Senhor, estendendo-lhe a mão, disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste? (Mt 14,31). É no meio da agitação das nossas paixões, dos ventos, e das tempestades de tentações que gritamos pelo Salvador, porque, se Ele permite que sejamos sacudidos de cá para lá, é para mover-nos a invocá-lo com mais ardor.
Humilhemo-nos; confessemos que, se Deus não fosse a nossa fortaleza e escudo, seríamos imediatamente feridos e trespassados por toda espécie de pecado. É por isso que devemos estar firmes em Deus, pela perseverança nos nossos exercícios de piedade: seja esta a nossa maior preocupação; o resto é secundário.
Ainda que algumas vezes vos aconteça sofrer os embates do amor-próprio e da vossa fraqueza, não vos deixeis perturbar; Deus assim o permite para que vos agarreis à sua mão, para que vos humilheis e clameis o seu socorro paternal”.
Extraído, com algumas adaptações, de: TISSOT, Joseph. A arte de aproveitar as próprias faltas. São Paulo: Cultor de Livros, 2022, p.118.
Deixe seu comentário