Uma entrega que prepara a alma para o Natal
O tempo litúrgico do Advento nos leva a participar de algum modo dos anseios de todos quantos no Antigo Testamento aguardaram com fidelidade a vinda do Messias, e a viver o clima de grandiosa expectativa.
Redação (14/12/2020 19:08, Gaudium Press) Passaram-se dois mil anos desse acontecimento histórico, mas para Deus não há ontem nem amanhã, mas apenas um eterno “hoje”. Como dos israelitas cativos na Babilônia, ou dos judeus da época de Jesus, Ele espera de nós a conversão.
Não desejando que ninguém se perca, o Criador usa de paciência para conosco enquanto espera nos encontrar numa “vida pura e sem mancha, e em paz” (II Pd 3, 14), como afirma São Pedro.
Para isso, Deus nos convida, por assim dizer, a cada hora, cada minuto, cada segundo, a nos emendarmos de nossos desvios e imperfeições. À primeira conversão deve seguir-se uma conversão incessante. Não basta dizer: “Sou cristão. Já me converti!”. Ou, como o jovem rico do Evangelho: “Tudo isso eu tenho observado desde a minha juventude” (Mc 10, 20). Ou quiçá: “Confessei-me e passei do estado de pecado mortal para o estado de graça”. É preciso que a cada dia cresça nosso amor.
Portanto, por muito que alguém progrida nas vias da virtude, sempre haverá pontos nos quais é possível melhorar. Nosso Senhor nos convida a estarmos com os olhos constantemente postos no plus ultra, no “duc in altum” (Lc 5, 4), isto é, ousando sempre lançar as redes mais longe, com o coração transbordante de grandes desejos para a máxima glória de Deus.
Solução ao alcance de qualquer um de nós
Analisando as coisas sob esse prisma, cabe perguntar: não teremos nós algo concreto a entregar a Jesus antes de comemorarmos mais uma vez, neste ano, o seu nascimento na gruta de Belém?
Talvez o rompimento de uma amizade inconveniente ou perigosa, por cuja causa nos afastamos d’Ele, ou quiçá a renúncia ao desmedido apego a um determinado bem, ou alguma situação, que frequentemente acaba por nos conduzir ao pecado.
Devemos depor aos pés da Virgem Mãe qualquer defeito capaz de nos impedir de receber com ardente devoção o Menino Deus.
Não temos obrigação de, neste Advento, nos esforçarmos para acondicionar da melhor forma possível a “gruta” da nossa alma, a fim de Jesus não encontrar nela um ambiente mais frio e inóspito que o da Gruta de Belém?
Examinemo-nos cuidadosamente para saber a quantas andamos nesse sentido. Haverá sem dúvida falhas a sanar em nosso procedimento. Quais? E desvios a retificar em nossa vida. Quais?
Se, feito esse balanço, o resultado nos for desfavorável e não sentirmos ânimo suficiente para corrigir esses defeitos, a solução está ao alcance de qualquer um de nós: recorrer com filial confiança a Nossa Senhora, Refúgio dos Pecadores. Ela nos obterá de seu Divino Filho graças para uma completa vitória sobre todas nossas falhas e desvios. Pois Jesus Cristo — que quis permanecer cativo durante nove meses em seu seio puríssimo, dependendo d’Ela em todas as coisas, e A coroou como Rainha do Céu e da Terra — não deixará de atender as súplicas por Ela feitas em favor de seus devotos.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n.120, dezembro 2011.
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