Um menino perdido em Nazaré…
Um fato da vida cotidiana ilustra bem o convívio dos amigos e parentes com a Sagrada Família.
Redação (27/12/2020 10:06, Gaudium Press) Zebedeu e seus filhos estavam em Nazaré a fim de frequentar a casa de São José. Nessa ocasião, o futuro São João Evangelista contava sete anos e, num percurso, distraiu-se da mãe, perdendo-se nas ruelas da cidade. Caminhava pelos recantos menos conhecidos, sem achar seus familiares. Foi uma das primeiras provações que o pequeno teve de enfrentar: o abandono.
Quando a sensação de angústia já o tomava, entrou numa rua longa, pela qual andava um homem com porte muito distinto, transportando algumas mercadorias.
São João, sem saber de quem se tratava, correu ao seu encontro. Quando os dois se olharam, o menino reconheceu aquele senhor: era São José, que o acolheu com bondade e perguntou-lhe o que havia acontecido. Ele respondeu que estava perdido e não sabia como chegar à hospedagem.
O Santo Patriarca levou-o até seu lar e o apresentou a Nossa Senhora, narrando com vivacidade o ocorrido, para tranquilizar a criança.
A Santíssima Virgem ficou preocupada, pois já estava perto do entardecer, mas, voltando-Se para o menino, deitou sobre ele um olhar de extrema benevolência, abraçando-o com carinho. São João viu-se envolvido por uma suavidade tão reconfortante que recuperou por completo a calma.
Ao vê-lo contente e descontraído, Nossa Senhora lhe propôs passar alguns dias com Jesus. Surpreso, mas cativado pelo trato que recebera, ele aceitou de imediato.
São José dirigiu-se então, a pedido de sua Esposa, ao local onde estavam hospedados Zebedeu e Maria Salomé para avisar que o menino fora achado e estava em segurança, solicitando também o consentimento paterno à curta estadia do filho em casa da Sagrada Família, o que foi concedido com verdadeiro agrado.
Com efeito, Nossa Senhora queria oferecer a São João uma pequena parcela do convívio de que os dois gozariam mais tarde. Sobretudo, desejava que Nosso Senhor Jesus Cristo lançasse os fundamentos da relação que no porvir teria com o Discípulo Amado.
Jesus, que contava na ocasião dezoito anos, em atenção à idade de João não lhe transmitiu muitos ensinamentos, mas procurou formá-lo na amenidade do trato familiar, inclusive brincando com ele. Com a habilidade do mais perfeito dos pedagogos, o fazia tirar conclusões elevadas de todos os atos que compunham a rotina da Sagrada Família.
São João ficou extasiado com Nosso Senhor, até com os pequenos e bondosos apertos que Ele lhe deu a fim de impostá-lo bem para o futuro.
De tal maneira Nossa Senhora Se preocupou com São João que, durante esses três dias, reservou para uso dele algumas roupas que haviam pertencido a Nosso Senhor quando era mais novo, conservadas por Ela como verdadeiras relíquias. Com senso profético, a Virgem Santíssima concebeu pelo menino todo o apreço que lhe era devido em função de sua missão de Apóstolo de Jesus Cristo e de custódio d’Ela mesma.
Uma das finalidades de Nosso Senhor com essa abençoada estadia era mostrar a São João o desvelo e o afeto com que São José e Ele cuidavam de Nossa Senhora, pois, quando ambos estivessem ausentes, o Discípulo Virgem deveria substituí-los.
No dia da despedida, visto que São João tinha de voltar para casa com seus pais, ele se aproximou com muita gratidão da Santíssima Virgem e pediu um com conselho. Nossa Senhora disse-lhe:
“Meu filho, dia virá em que nosso convívio não conhecerá distância. Até que este dia chegue, deves seguir Jesus”.
São João agradeceu também a Nosso Senhor e a São José pelo afeto com que o trataram. Algo da vocação dele havia começado a desabrochar. Mais tarde, quando Nosso Senhor o chamasse, ele se lembraria das palavras de Nossa Senhora e não duvidaria em segui-Lo com inteira adesão.
Texto extraído do livro São José: Quem o conhece? p.355-358. Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP.
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