Um memorial com lápides para os abortados
Enquanto militantes pró-aborto defendem a legalização da prática, partindo do pressuposto de que os fetos não têm alma, pessoas caridosas criaram um memorial onde são confeccionadas lápides para as crianças abortadas. Se pudessem, com certeza recolheriam os corpinhos mortos para dar a eles um enterro digno.
Redação (08/02/2024 10:00, Gaudium Press) Quando uma mulher decide fazer um aborto, é muito provável que ela esteja convencida de que ‘aquilo’ que retirará de dentro de si não é um ser humano, mas apenas um incômodo. Não faltam defensores da inexistência de alma no corpo de uma criança ainda não nascida. No entanto, mesmo que tal afirmação fosse verdadeira – e não é – os próprios corpinhos retirados à força das entranhas de suas mães mereceriam um tratamento respeitoso.
Na verdade, a única preocupação dos partidários dessa prática nefasta, que têm como bandeira o “direito de decidir” ou a tão propalada frase: “meu corpo, minhas regras”, parece ser com a gestante que opta pela interrupção da gravidez: se ela morrerá ou não.
Com base nessa ‘profunda’ preocupação humanitária, fortalecem ainda mais a luta pela legalização ou descriminalização do aborto, para que as mulheres possam fazê-lo em condições sanitárias mais adequadas e correndo menos riscos. Uma hipocrisia, diga-se de passagem, ou um lobby indireto para as grandes clínicas de aborto, uma vez que as mulheres que não têm dinheiro para pagar essas clínicas e fazem o aborto em condições precárias, de modo clandestino, continuarão não tendo acesso e correndo risco do mesmo modo.
Enquanto alguns defendem a prática criminosa…
Enquanto as pessoas se digladiam nessa discussão e, em alguns países, chega-se a ponto de prender os militantes pró-vida por apenas se posicionarem perto de um centro de aborto, rezando silenciosamente, um grupo de almas caridosas decidiu fazer um gesto verdadeiramente cristão, construindo um memorial com lápides para as crianças abortadas.
Sem dúvida, é uma lápide simbólica, onde consta o nome da criança – caso a ‘mãe’ ou outra pessoa lhe tenha dado um – e a data em que o aborto foi praticado. Trata-se da Gruta de Raquel, localizada no Mosteiro de Frauenberg, no sul da Alemanha. A gruta com as lápides fica ao lado da capela de adoração perpétua, na qual os religiosos rezam por aquelas almas impedidas de nascer e para pedir perdão a Deus pelo crime do aborto.
São celebradas missas mensais na própria gruta, não só em intenção às almas dessas criancinhas e dos Anjos da Guarda delas, como também para que essa prática cesse no mundo e pela conversão e a libertação de todos aqueles que estão envolvidos neste mal.
O projeto é uma iniciativa da Comunidade Católica Agnus Dei e tem sido divulgado pelo coro Harpa Dei, que faz parte da comunidade e é formado pelos irmãos Nikolai, Lucia, Marie-Elisée e Mirjana Gerstner.
Arrependimento e culpa
Muitas mulheres se arrependem depois de fazer um aborto. De fato, em um evento sobre o tema: “Tiramos o filho de nosso corpo, mas não há como tirar essa dor da nossa alma. Ela nos acompanha todos os dias de nossa vida”, ouvi de uma delas que havia se arrependido profundamente do ato praticado num momento de desespero e que, ao longo de 30 anos, havia confessado várias vezes esse pecado: “Os padres me dizem que Deus me perdoou, porque o meu arrependimento é sincero, mas o que acontece é que eu não me perdoo, e quando a culpa grita dentro de mim, eu me ajoelho mais uma vez no confessionário para confessá-la. Ainda que fizesse isso todos os dias da minha vida, sinto que não seria suficiente para apagar o crime horrendo que eu pratiquei”. E não são poucas as que sentem dessa forma.
Em outro momento de seu pronunciamento, ela disse: “Ah, se as mulheres que planejam abortar seus filhos soubessem o que sei agora… Existe muita preocupação com a vida delas e com as condições de higiene e saúde. Uma mulher que faz um aborto, um dia – pode demorar – vai cair em si e se arrepender, e essa dor, que queima como brasa, ninguém será capaz de tirar de dentro dela”.
Um tanto cética, essa senhora, já uma anciã, afirma que, quando vê uma jovem que fez um – ou mais de um aborto – defendendo esse crime, tem dois pensamentos: “Ou ela ainda não acordou ou comete um ato de vingança, desejando que outras mulheres sintam a mesma dor que ela sente, porque é terrível carregar esse peso sozinha”.
A Gruta de Raquel oferece uma sepultura espiritual
Conversando com a Ir. Marie-Elisée sobre essa iniciativa tão sui generis, ela informou que a ação está se expandindo para outros países, como Argentina, México, Chile e Áustria. E disse: “Como seria bom se toda a humanidade tomasse consciência do valor insubstituível de cada vida humana, que se reflete nas Grutas de Raquel!”
Não tenho dúvida de que, se pudessem, essas almas caridosas recolheriam os restos mortais dessas criancinhas e dariam a elas um enterro digno. Mas já fazem bastante dando esse enterro simbólico.
A religiosa nos explicou que, normalmente, as próprias mães que praticaram o aborto, arrependidas, dão nomes para seus filhinhos mortos e solicitam uma lápide para eles. Hoje há mais de duas mil lápides na gruta, ocupando quase todo o espaço destinado a elas nas paredes de pedra.
A intenção da comunidade é dar uma espécie de ‘sepultura espiritual’ à criança que foi privada da vida e retirá-la do anonimato. O nome Gruta de Raquel foi escolhido com base na passagem do Evangelho de São Mateus, onde é feita uma citação do Profeta Jeremias (Jr 31, 15): “Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer consolação, porque já não existem” (Mt 2, 18).
Como pedir uma lápide para uma criança abortada?
De acordo com o Irmão Elijah, da Comunidade Agnus Dei, “a existência das lápides auxilia também no processo de reconciliação das mães arrependidas com os seus filhos que foram privados de nascer”.
O processo para a confecção de uma lápide para uma criança abortada é muito simples, respeitoso e discreto. Basta que a mãe ou outra pessoa que tenha conhecimento da prática, entre em contato pelo e-mail [email protected], fornecendo o nome que a criança teria e, se possível, o ano em que o aborto foi praticado. Não é cobrado nenhum valor pelo serviço, ficando a critério da pessoa dar ou não uma colaboração espontânea para a comunidade.
As lápides são confeccionadas em mármore, num formato que permite compor uma espécie de colmeia. As inscrições dos nomes das crianças mortas são feitas artesanalmente. Qualquer pessoa pode contribuir, basta entrar em contato pelo mesmo e-mail ou fazer uma doação pelo paypal: https://www.paypal.com/donate/?hosted_button_id=BSZ7M49E5K65L.
Que bom seria se essa iniciativa viesse também para o nosso país, onde, apesar da proibição, tantos abortos são cometidos. Rezemos para que alguma comunidade religiosa abrace essa ideia tão abençoada, oferecendo um local para a construção de um memorial semelhante, mais uma Gruta de Raquel para reparar tão grande dano que fere e ofende tão diretamente a Deus, criador de todos os seres humanos.
Católicos não podem ser favoráveis ao aborto!
Gostaria de frisar um ponto muito importante. Tenho ouvido muitos católicos repetirem a hipócrita frase: “Sou contra o aborto, mas a favor da descriminalização” ou então afirmar que, em alguns casos, é favorável.
Há muita gente que, fazendo coro com as tendências modernas, alega admitir o aborto em caso de estupro; no entanto, não se pode combater um crime com a prática de outro crime! Ademais, nossa legislação não exige nenhum tipo de comprovação do estupro para a prática de aborto legal pelo SUS. Logo, não há como mensurar se todo aborto legal tido como fruto de violência sexual realmente o é.
Portanto, se você é católico, católica, não pode ser favorável ao aborto em condição nenhuma! Essa prática é um crime e, sobre ela, assim se manifesta o nosso Catecismo:
2270: A vida humana deve ser respeitada e protegida, de modo absoluto, a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento da sua existência, devem ser reconhecidos a todo ser humano os direitos da pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo o ser inocente à vida. “Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi: antes que saísses do seio da tua mãe, Eu te consagrei” (Jr 1, 5).
2271: A Igreja afirmou, desde o século I, a malícia moral de todo o aborto provocado. E esta doutrina não mudou. Continua invariável. O aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, é gravemente contrário à lei moral: “Não matarás o embrião por meio do aborto, nem farás que morra o recém-nascido”. “Deus, Senhor da vida, confiou aos homens, para que estes desempenhassem dum modo digno dos mesmos homens, o nobre encargo de conservar a vida. Esta deve, pois, ser salvaguardada, com extrema solicitude, desde o primeiro momento da concepção; o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis”.
O assunto é muito grave. Raquel lamenta os filhos mortos e cada mãe que abortou, cedo ou tarde, também os lamentará, e não há militância que resolva isso.
Por Afonso Pessoa
Deixe seu comentário