Um conclave à imagem de Francisco?
Matteo Matzuzzi fala sobre uma ruptura com o equilíbrio anterior na escolha dos Cardeais.
Redação (27/10/2020 15:52, Gaudium Press) Depois que o Papa anunciou, no último Angelus, a criação de 13 novos cardeais no próximo 28 de novembro, Matteo Matzuzzi em Il Foglio fez algumas reflexões aqui resumidas.
O redator-chefe do jornal italiano expressa que o anúncio da criação de nove cardeais eleitores que compartilham “a agenda imposta em 2013 por Jorge Bergoglio” evidencia o desejo do Pontífice de “assegurar o futuro Conclave”, e a sua intenção de “demonstrar coesão”.
“E é este o elemento que caracteriza a escolha do Pontífice reinante quanto à composição do Colégio Cardinalício”.
Matzuzzi ressalta que não foram feitos cardeais os bispos de Dioceses muito importantes, geralmente cardinalícias, como por exemplo, Los Angeles (cuja Cabeça é inclusive presidente do Episcopado americano), Paris ou Milão, cujos prelados deveriam naturalmente ter o barrete púrpuro, e que não o possuem por pertencer a correntes diferentes, em vários aspectos, da agenda do Papa. Dir-se-ia que o Papa quer privilegiar “as periferias”; no entanto, quase a metade dos novos cardeais escolhidos são italianos, totalizando 47 cardeais (dos quais 22 são eleitores). Outra tradição rompida, mas não tão seguida, é a de não ter dois cardeais eleitores em uma mesma sede, como é o caso de Santiago do Chile.
Matzuzzi continua dizendo que, deste modo, rompeu-se “o critério de equilíbrio que seus predecessores sempre buscaram seguir, dando o barrete (cardinalício) também a bispos com uma orientação pastoral diametralmente oposta à do Papa reinante”.
Em pontificados anteriores, exemplifica ele, a elevação ao cardinalato de bispos como Reinhard Marx, atual arcebispo de Munique, por Bento XVI; o Cardeal Kasper e o Cardeal Lehman, por São João Paulo II.
“No passado, procurava-se garantir a representação mais ampla possível das várias orientações presentes na Igreja, a ponto de tornar animadas e dinâmicas as discussões e confrontos durante as congregações gerais do pré-conclave. Agora, escolheu-se um caminho diverso, lícito, mas de ruptura: só quem está de acordo com a agenda papal acede ao Colégio Cardinalício”.
Esta situação de “ruptura” empobreceria o plenum dos chamados a escolher o sucessor de Francisco. Ou seja, não representaria a Igreja que é universal por natureza.
Quem foi criado Cardeal por quem
No próximo dia 28 de novembro, a Igreja contará com um total de 232 cardeais, dos quais 129 são eleitores e 103 não.
Dos eleitores, 16 foram escolhidos por São João Paulo II, 39 por Bento XVI e 73 por Francisco.
No total, Bento XVI – com 8 anos de governo – criou 90 cardeais. Francisco já criou 101 em seus 7 anos como Papa.
Comenta-se em voz baixa que o próximo papa já tem um nome: Francisco II. Outros replicam que não se deve esquecer de que quem entra no conclave como papa, sai cardeal…
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