Terceira Pregação da Quaresma: “Perto da Cruz de Jesus estava Maria, sua mãe”
Maria estava junto da cruz de Jesus. Ela estava ali, junto à cruz, de pé, no sofrimento, no silêncio: como ‘sua mãe’, Ela viu tudo.
Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 27-03-2020, Gaudium Press) A terceira pregação da Quaresma de 2020 do Frei Raniero Cantalamessa para a Curia Romana foi realizada nesta sexta-feira, 27 de março. A meditação de hoje contempla a presença de Maria junto da cruz. Por isto mesmo, nela foram recordadas palavras de São João, o discípulo “que viu e que por isso, sabe que fala a verdade”.
Maria, ao lado do Filho “assistiu a tudo”
Frei Cantalamessa inicia descrevendo a cena: “Perto da cruz de Jesus estavam de pé a sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas e Maria Madalena”. Maria estava ali como ‘sua mãe’. Era uma situação totalmente diferente.
Maria ouviu os gritos: ‘Esse não, mas Barrabás!’, assistiu ao Ecce homo, viu a carne da sua carne açoitada, sangrando, coroada de espinhos, seminua perante a multidão, estremecendo sacudida por arrepios de morte na cruz”.
O mesmo sacrifício
Cantalamessa prossegue: “A ela foi pedido algo difícil: perdoar. Quando ouviu o Filho dizendo: Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem! (Lc 23,34), ela entendeu o que o Pai do céu esperava dela: que dissesse com o coração as mesmas palavras: ‘Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!‘. E ela as disse. Perdoou”.
Para o pregador da Casa Pontifícia, “Maria foi tentada, como Jesus no deserto, isto aconteceu particularmente junto da cruz. E foi uma tentação profundíssima e dolorosíssima, porque tinha como causa o mesmo Jesus”
“Maria, não grita: ‘Desce da cruz; salva-te a ti mesmo e a mim!’, ainda que seja fácil entender como seria natural que semelhantes pensamentos e desejos surgissem no coração de uma mãe. Maria cala-se”.
“Junto da cruz, Maria se une ao sacrifício do Filho, portanto não estava “perto dele, só num sentido físico e geográfico, mas também num sentido espiritual”. “Sofria no seu coração o que o Filho sofria na carne. Naqueles momentos há entre ele e sua mãe algo de grande em comum: o mesmo sofrimento”.
O que é estar junto da cruz de Jesus
Mas o que significa ficar perto da cruz “de Jesus”?
Frei Cantalamessa explica: “Não é suficiente ficar perto da cruz, no sofrimento, e aí ficar em silêncio. O que vale não é a própria cruz, mas a de Cristo. Não é o fato de sofrer, mas de acreditar, apropriando-se assim do sofrimento de Cristo. A primeira coisa é a fé. A realidade maior de Maria junto da cruz foi a sua fé, maior ainda do que o seu sofrimento”.
“Esperou contra toda a esperança”
Continua o pregador: “A cruz de Cristo não é apenas o momento da morte de Cristo, mas também o de sua ‘glorificação’ e triunfo”. Maria no Calvário, não é só a ‘Mãe das Dores’, mas é também a Mãe da esperança, ‘Mater Spei’, como a invoca a Igreja num de seus hinos”.
Maria “acreditou esperando contra toda a esperança. Esperar contra toda a esperança significa sem ter nenhum motivo de esperança, numa situação humanamente de total desesperança, continuar esperando unicamente por causa da palavra de esperança pronunciada por Deus”. (JSG)
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