Sudão: Vocações sacerdotais aumentam em meio à guerra civil
“Atualmente, temos mais de 70 jovens em nossas casas de formação, e ordenarei seis novos jovens sacerdotes este ano”, informou o bispo diocese católica de El-Obeid.
Redação (22/01/2025 18:54, Gaudium Press) Há um notável crescimento das vocações sacerdotais no Sudão, África, afirmou o bispo da diocese católica de El-Obeid, dando testemunho da obra de Deus em um país que está passando por uma horrível guerra civil, forçando milhões de pessoas a fugir.
Em um relatório da organização internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o bispo Dom Yunan Tombe Trillle Kuku Andali descreve os acontecimentos desde o início da guerra civil, em abril de 2023.
De acordo com Dom Tombe, a Igreja Católica neste país de maioria muçulmana continua a mostrar Jesus Cristo presente em meio ao sofrimento e à brutalidade da guerra. Ele diz que atualmente “há mais trabalhadores sendo preparados para servir na vinha”.
“Atualmente, temos mais de 70 jovens em nossas casas de formação, e ordenarei seis novos jovens sacerdotes este ano”, informou Dom Tombe à AIS.
“As vocações estão crescendo! Deus está agindo”, acrescentou o Bispo, que recentemente compartilhou sua experiência angustiante nas mãos do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF).
Desde 15 de abril de 2023, o RSF está em conflito armado com as Forças Armadas Sudanesas (SAF), lideradas pelo presidente Abdel Fattah al-Burhan.
Os dois lados depuseram conjuntamente o regime de transição, estabelecido após a queda do ditador Omar al-Bashir em 2019. Uma vez alcançado esse objetivo, o exército sudanês e as RSF entraram em confronto pelo controle da riqueza do país, especialmente ouro e petróleo.
O Departamento do Tesouro dos EUA congelou os bens do presidente al-Burhan, acusando seu exército de atacar civis e usar bloqueios de alimentos. Essas sanções visam pressionar a liderança sudanesa a acabar com as hostilidades e permitir que a ajuda humanitária seja entregue às populações afetadas.
Dom Tombe relatou sua experiência no dia em que a guerra começou. Ele explicou que, após o primeiro bombardeio, entrou na Catedral de Nossa Senhora Rainha da África de sua sé episcopal e rezou diante do Santíssimo Sacramento antes de receber “visitantes inesperados”.
Ele ressaltou que a catedral, localizada perto de instalações militares e de segurança, tornou-se um alvo direto desde os estágios iniciais dos combates e sofreu impactos significativos da guerra.
O bispo Tombe contou que estava rezando na catedral quando ela foi atingida por balas e estilhaços. Ele também relatou a visita inesperada de membros da FAS, que vieram buscar refúgio na catedral. “Depois de três horas, a luta se acalmou e todos foram embora, porém, um deles voltou, apontando para o tabernáculo, disse: “Monsenhor, esta vela é forte e poderosa. Ela nos protegeu”.
Dom Tombe disse à AIS que o testemunho deste membro da FAS fortaleceu sua devoção ao Santíssimo Sacramento, que ele descreve como sua fonte de força e alegria. Ele revelou que agora organiza adoração ao Santíssimo Sacramento quatro vezes por dia e encorajou as 300 famílias católicas restantes em El-Obeid a aprofundar sua fé.
O bispo descreveu as difíceis condições nesta cidade controlada pelas SAF, mas sitiada pelas RSF, com grave escassez de água, eletricidade e comunicações há meses.
“Algumas pessoas vivem debaixo de árvores, outras em escolas” devido aos bombardeios. “Há 19 meses, que não temos água na igreja, nem eletricidade, nem internet e apenas comunicações telefônicas escassas”, explicou.
E continuou: “Os que permanecem aqui estão pálidos de fome, mas se fortalecem com a presença de Deus. Apesar dessa situação difícil, a fé está mais forte e mais Sacramentos estão sendo administrados. Mais pessoas estão vindo à Igreja; há uma necessidade maior de sacerdotes e do bispo”.
Segundo a AIS, embora seja uma minoria, a Igreja Católica continua a servir a comunidade no Sudão. Em El-Obeid, ela administra as únicas escolas ainda abertas, incluindo seis jardins de infância, seis escolas primárias e uma escola de ensino médio.
Com informações Aciafrique
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