Solenidade da Epifania do Senhor
A solenidade da Epifania do Senhor é quando os três reis magos chegam até onde estão Maria, José e o Menino Jesus e lhe oferecem presentes: Ouro, Incenso e Mirra.
Redação (05/01/2024 14:32, Gaudium Press) Celebramos neste domingo a Solenidade da Epifania do Senhor, transferida do dia 6. A Igreja vive o tempo do Natal que se encerra na Segunda-Feira, dia 8 de janeiro, com a festa do Batismo do Senhor. A partir da terça-feira, dia 9, inicia a primeira parte do Tempo Comum. Dessa forma, a Igreja vai caminhando ao longo de seu ano litúrgico e cada fiel participa desse mistério.
A festa da Epifania do Senhor é conhecida popularmente como “dia de reis”, celebrada em 6 de janeiro, mas a Igreja no Brasil transfere a celebração para o Domingo seguinte possibilitando dessa forma uma maior participação dos fiéis. A solenidade da Epifania do Senhor é quando os três reis magos chegam até onde estão Maria, José e o Menino Jesus e lhe oferecem presentes: Ouro, Incenso e Mirra. Por isso, em alguns lugares do mundo nesse dia acontece a troca de presentes entre os familiares, que aqui no Brasil ocorre na noite de Natal.
A solenidade da Epifania é a manifestação de Deus a humanidade, ou seja, Deus revela a humanidade o seu Filho, e no seu Filho, Ele manifesta o seu amor por toda a humanidade. Ao nascer, Jesus não se manifesta somente a Israel, mas a humanidade inteira. O desejo de salvação de Deus é para todos os povos e não somente para um povo. Todos os povos devem se unir diante do presépio e adorar o menino Deus.
Simbologia do ouro, incenso e mirra
Neste dia da Solenidade da Epifania do Senhor, façamos como os três reis magos e ajoelhemo-nos diante do presépio e adoremos o menino Deus. Hoje em dia não ofereceremos mais ouro, incenso e mirra, mas devemos oferecer ao Senhor o nosso coração. Que nesse dia possamos fazer um pedido especial ao menino Jesus: a paz entre todos os povos.
Os três reis magos são: Baltasar, Melchior e Gaspar e oferecem presentes ao menino: Ouro, Incenso e Mirra. O ouro representa a realeza daquele menino, ou seja, veio para ser rei de todos os povos; o incenso representa a humanidade; e a Mirra era um óleo muito fino entre os judeus, utilizado para passar nos mortos. Os magos ofereceram a Jesus aquilo que eles tinham de mais precioso, ofereçamos ao Senhor também aquilo que temos de mais precioso.
Para finalizar o tempo do Natal participemos das celebrações das missas da Solenidade da Epifania neste Domingo dia 7 de janeiro e da festa do Batismo do Senhor na Segunda-feira dia 08.
Jesus é a Luz que nasceu e veio para iluminar as trevas do pecado
A primeira leitura da missa da solenidade da Epifania é do profeta Isaías (Is 60, 1-6), Isaías viveu há cerca de quatrocentos anos a.C. Isaías tinha a missão de animar o povo de Deus que andava triste e desanimado, pois estavam regressando do exílio da Babilônia. Estavam tristes devido a acharem que Deus estava triste com eles devido aos seus inúmeros pecados. Ele exorta para o povo que levantem, pois acendeu-se a luz, a luz chegou e apareceu sobre Israel a glória do Senhor. Esse mesmo contexto serve para aquilo que estamos celebrando hoje, o povo que andava na escuridão viu uma grande luz. Essa Luz é Jesus que nasceu, e veio para iluminar as trevas do pecado, e de uma vez por todas Deus sela a aliança com a humanidade.
Todos os povos irão adorar o Senhor e se curvar diante dele, sobretudo no momento de sua morte na Cruz, no alto do Monte Calvário, Ele se entrega e todos os povos se prostram diante dele, e o Senhor mostra o seu poderio salvador, o seu Filho não fica na Cruz, mas ressuscita e nos dá a garantia da vida eterna.
O salmo responsorial é o 71 (72), que diz em seu refrão: “As nações de toda a terra, hão de adorar-vos, ó Senhor”. Jesus é o Emanuel, o Deus conosco, o príncipe da paz, e toda a humanidade deve curvar-se diante D’ele para adorá-lo. A exemplo dos reis magos, primeiramente o adoramos na manjedoura, como o menino Deus, depois o adoraremos na cruz e por hora o adoramos na eucaristia. Ele se fez Corpo e Sangue e vem até nós, que todos os povos se voltem ao Senhor e peçam a paz.
A segunda leitura é da Carta de São Paulo aos Efésios (Ef 3, 2 -3a. 5-6), Paulo diz que é por graça de Deus que lhe foi revelado o mistério da encarnação do Filho de Deus. Jesus morreu e ressuscitou para nos salvar. Deus continua a se revelar até nos dias de hoje, graças a ação do Espírito Santo. Os padres, bispos e diáconos são intermediadores da graça. Até os pagãos são admitidos à mesma graça, por meio do Evangelho. A salvação é para todos e sobretudo para aqueles que de coração sincero buscam o Senhor.
O reinado de Jesus é voltado para o amor e a misericórdia
O Evangelho deste Domingo é de Mateus (Mt 2, 1-12), esse trecho do Evangelho de Mateus retrata quando os reis do oriente foram até Jerusalém buscar informações sobre onde deveria nascer o rei dos Judeus. Eles explicam que viram a sua estrela no Oriente e queriam adorá-lo. Herodes fica muito perturbado e nervoso, pois achava que Jesus iria ocupar o lugar dele e diz que somente ele era rei em Israel. Mas, o reinado de Jesus não se trata disso, é um reinado voltado para o amor e a misericórdia e longe dos poderes desse mundo. O reinado de Jesus não é daqui, mas é eterno.
Os mestres da Lei começaram a procurar entre os escritos e encontram a passagem da escritura que diz que o menino Jesus deveria nascer em Belém de Judá, conforme havia sido prescrito pelo profeta. Herodes chama os magos em particular e quer saber deles quando a estrela havia aparecido no Oriente, depois ele os envia a Belém e pede que assim que tivessem notícias sobre o menino voltassem até lá para contar, para que ele também fosse adorá-lo.
A intenção de Herodes não era adorar o Menino Deus, mas sim matá-lo por conta de inveja. Por isso, quando os magos retornam, o anjo aparece e diz para eles fazerem outro caminho e não retornem a Herodes. Por isso, Herodes fica revoltado e se sente traído pelos magos, dá ordem para matar todas as crianças do sexo masculino de 0 a 2 anos, esperando encontrar Jesus em uma delas, são os Santos Inocentes que celebramos dia 28 de dezembro.
Hoje não oferecemos mais ao Senhor ouro, incenso e mirra, mas oferecemos a Ele o dom da nossa vida e de nossa família. Na missa deste Domingo agradeçamos primeiramente a Deus por ter revelado o seu Filho a nós, e permitido que Ele morresse na cruz para nos salvar. Agradeçamos a oportunidade que temos de adorar Jesus todos os dias na Santa Eucaristia.
Peçamos a Deus muita paz para todos nós, e que o mundo inteiro compreenda que somente o diálogo e o amor é o caminho para se construir a paz. Que a luz de Deus continue iluminando aqueles que vivem em meio às trevas e de todos aqueles que lideram uma nação. Amém.
Por Cardeal Orani João Tempesta – Arcebispo do Rio de Janeiro
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