Sermos ricos aos olhos de Deus
Ser rico aos olhos de Deus antes que aos dos homens: eis o convite que nos faz a Liturgia desse 18º Domingo do Tempo Comum.
Redação (31/07/2022 09:15, Gaudium Press) “Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, tudo é vaidade…” (Ecl 1,2) A vida do homem é sofrimento; sua ocupação, um tormento. Nem mesmo de noite repousa o seu coração. Também isso é vaidade” (Ecl 1,2; 2,23).
De que valem, então, as coisas, se tudo é vaidade? Não se trata de um exagero por parte do autor sagrado? “Certamente” – responderiam muitos! Mas, quem inspirou dita obra? Se o Divino Espírito Santo, por que tanto (suposto) pessimismo? A liturgia deste 18º Domingo nos responderá.
Aspirai as coisas celestes
Tudo nesta vida tem seu curso e seu tempo: crescimento, fortalecimento, revigoramento, que logo se desgasta e se deteriora, passando a definhar. Assim ocorre com a erva verde, como canta o salmo:
“São iguais à erva verde pelos campos: de manhã ela floresce vicejante, mas à tarde é cortada e logo seca” (Sl 89).
Assim também ocorre com os homens, pois “eles passam como o sono da manhã” (Sl 89). Sua vida se esvai como a erva verde; logo se desfaz. E de que lhe serviram seus dias e a preocupação com os bens deste mundo?
Para entendermos melhor o Eclesiastes, poderíamos modificar a pergunta feita anteriormente: de que valem as coisas terrenas em comparação com as celestes? Se alguém se habitua a trilhar toda uma existência colocando as coisas humanas e terrenas acima do Céu, suas ações não são senão pura vaidade! O grande Apóstolo das gentes, São Paulo, apela em sua carta aos Colossenses:
“Aspirai às coisas celestes e não às terrestres. Pois vós morrestes e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus” (Col 3,2-3).
O que deve morrer em nós?
“Fazei morrer o que pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria” (Col 3, 5).
E tantos outros males que existem em nosso século… É preciso despojar-se do homem velho, isto é, do pecado, e revestir-se do homem novo (Cf. Col 3,9-10), à semelhança de Jesus.
A herança eterna
O Evangelho deste dia apresenta uma parábola narrada pelo Divino Mestre, por ocasião de um apelo feito por alguém no meio da multidão:
“Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo” (Lc 12,13).
Quantos não estariam dispostos a padecer mil sacrifícios para terem um contato com nosso Senhor, vê-Lo, trocar algumas palavras com Ele, e fazer-Lhe um pedido?! Todavia, este, que tivera a oportunidade de suplicar-Lhe que o levasse até à estrada que conduz às moradas celestes, vem e pede-Lhe a aquisição de bens terrenos que se perdem como as ervas do campo!
Mas, Jesus, rico em Misericórdia, quer abrir-lhe os olhos. Conta-lhe a história de um homem que adquiriu para o seu terreno uma grande quantia de alimentos, onde podia guardar seus pertences. Assim podia desfrutar e gozar de sua vida por longos anos. Contudo, eis que Deus lhe diz:
“Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que cumulaste? Assim acontece com quem ajunta tesouros para si, mas não é rico diante de Deus” (Lc 12,20-21).
Pobre homem! Ele, que veio pedir o domínio de bens terrenos, recebeu em troca o convite de tomar posse de uma herança eterna. Terá aceito? Não sabemos.
Resta-nos rezar pela obtenção de nossa fidelidade, para sermos fiéis a este convite que hoje nos faz o Bom Jesus, de sermos ricos aos seus olhos, antes que aos dos homens.
Por Guilherme Motta
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