Gaudium news > São Vicente, Diácono e Mártir: uma lição sobre o sofrimento

São Vicente, Diácono e Mártir: uma lição sobre o sofrimento

Durante a perseguição do imperador Diocleciano, São Vicente Diácono, cuja memória é celebrada hoje, dia 22 de janeiro, padeceu cárcere, fome, o cavalete e ferros incandescentes, terminando invicto o glorioso combate e subiu ao Céu para gozar o prêmio do seu martírio.

Martirio de Sao Vicente Igreja de Santa Maria a Maior Bolea Espanha FL

Redação (22/01/2024 07:48, Gaudium Press) Dias atrás, deparei-me com uma crítica à Igreja Católica afirmando que ela se aproveita do sofrimento humano ao pregar a cruz, um instrumento de tortura, e ao direcionar a atenção dos fiéis para o céu, permitindo que as pessoas possam ser exploradas nesta terra sem se revoltarem.

Ao concluir a leitura, lembrei-me do santo de hoje, São Vicente, cuja vida foi marcada pela crueldade dos que o atormentaram. Mesmo diante de cada chicotada e insulto, sua resposta era apenas um suspiro, evidenciando sua consoladora certeza de um Céu que o aguardava.

Para aqueles que ainda não conhecem a vida do mártir, leiam clicando aqui, vale muito a pena.

Atormentado, São Vicente Diácono não perdia a paz

martirio sao vicente 1 300x195 1São Vicente suportou o cavalete, aquele onde se esticavam os membros da pessoa até que suas juntas se rompiam; suportou a grelha, onde era espancado enquanto um de seus lados, o rosto ou as costas, eram cozinhados pelas chamas.

A crônica conta que os torturadores iam descansar e dividiam em turnos suas surras, pois se cansavam demais pelas extensas horas de castigos e açoites. Conseguem pensar em algo mais absurdo e terrível?

São Vicente Diácono não desanimava, lembrava sempre do quanto Cristo tinha sofrido por ele, e que era um dever de gratidão, uma graça, essa chance de também carregar sua cruz e ser digno de seu amado Messias.

Voltei-me para a crítica. De fato, a doutrina da Igreja alivia as feridas dos que transitam pela terra prometendo-lhes uma recompensa eterna. Eu concordaria com o criticador, se apenas uma coisa fosse realidade: se não existisse o sofrimento.

Não é a morte a nossa única certeza nesta terra? E já não há nisso um motivo de sofrimento extremo? A incerteza, a insegurança, a expectativa, isso já não é suficiente para fazer os dias de um ser humano serem infelizes? Por que culpar o remédio de existir se antes dele já existe a doença?

É claro que a pregação da Santa Igreja seria outra se estivéssemos no paraíso terrestre. É claro que a Missão e a vinda de Jesus teriam sido diferentes, se todos fôssemos fiéis, mas esta não é a realidade. A vida está cheia de carrascos, torturadores, imperadores e açoites.

Não existe uma terceira via

Qual a nossa escolha, então? Se seremos Vicentes ou não. Se seremos mártires de Jesus, não como o santo diácono o foi, mas mártires de nossa rotina, de nossos deveres enquanto cristãos, ou não. “Quem quiser ganhar o reino dos céus, tome sua cruz, e siga-me”.

Não se enganem, caros leitores, o destino é o mesmo! Sejamos nós Vicentes ou não. Dentro de um mês, iniciaremos a Quaresma, e sua primeira celebração nos lembra do que somos: pó. “Lembra-te, homem, que és pó, e ao pó hás de voltar”. Reconheçamos já que nada nos fica do que conquistamos aqui na Terra, a não ser a consequência de nossas intenções, de nossas obras.

O que eu diria, portanto, ao nosso prezado criticador? Que ele dê uma alternativa que a Santa Igreja já não deu. Caridade para com os pobres? A Igreja é a primeira a lembrar disso. Parar de oprimir os marginalizados e fazer a inclusão? “E haverá um só rebanho, sob um único pastor”. Parar de julgar os outros? É o que todos os padres lembram em cada sermão, Deus é o único que lê o coração, e se isso não basta para te fazer repensar na vida, mais nada vai.

“Bom, então crie instituições para instruir o povo”. Sob que égide foram fundadas as maiores universidades do mundo? A Santa Igreja. “Pare de pregar a resignação”. Não acabamos de ver que sofrimentos existem? Se não há uma cura fácil, uma cura praticável, porque não levar ao menos o consolo?

Fechei o computador. Hoje não seria o dia de responder à crítica. Infelizmente, lógica e bons argumentos saíram de moda. E, diante dos verdugos, não há reposta que baste. São Vicente o sabia. Por isso concentrou seu esforço em consolar, mesmo todo ferido, os cristãos que vinham secretamente lhe visitar.

Que São Vicente Diácono, do Céu onde hoje intercede por nós, traga força e confiança aos que caminham pelas estradas da vida.

Fonte: arautos.org

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas