Gaudium news > São Vicente de Lérins: alguns papas Deus nos dá, a alguns Ele tolera, outros nos inflige

São Vicente de Lérins: alguns papas Deus nos dá, a alguns Ele tolera, outros nos inflige

Afirmações históricas aplicáveis ao período do Conclave.

6 1 700x546 1

Redação (03/05/2025 10:21, Gaudium Press) O portal da Unisinos compilou uma interessante coletânea de opiniões de sábios da Igreja sobre a eleição de um Pontífice, que ilustra, às vezes até de forma bem-humorada, o papel do Espírito Santo e dos homens na escolha de quem ocupará o trono de São Pedro.

É atribuída à São Vicente de Lerins, autor do famoso Commonitorium, uma frase magnífica sobre o depósito da fé: “quod ubique, quod semper, quod ab omnibus creditum est”, deve-se acreditar “o que em toda a parte, o que sempre e o que por todos é aceito pela fé”. Quanto ao assunto do momento, o conclave, a Unisinos lembra a frase de São Vicente de Lérins, que é uma sentença verdadeira: “Alguns papas Deus nos dá, a alguns Ele tolera, outros nos inflige”.

O cardeal Giuseppe Siri, celebrando em agosto de 1978 uma das missas de sufrágio por Paulo VI com as quais iniciava o Conclave, tendia a não reduzir muito o fator humano, recordando aos colegas purpurados: “Parece-me que é necessário me dirigir aos venerados irmãos do sacro colégio e lhes recordar que a tarefa para a qual nos preparamos não seria decorosamente recebida dizendo: ‘O Espírito Santo se ocupa de tudo!’. E abandonando-nos sem trabalho e sem sofrimento ao primeiro impulso, à sugestão irracional”.

Também são famosas as palavras da carta número 24 no epistolário de São Bernardo, abade de Claraval, chamado “doutor melífluo”, na qual falava da virtude necessária para os que governam. Assim a resumiu Albino Luciani que, três anos mais tarde, se tornaria o Papa João Paulo I:

“Havia um Conclave. Os cardeais se agitavam incertos entre três candidatos, sendo um conhecido pela santidade, o segundo pela cultura e o terceiro pelo sentido prático. Um cardeal acabou com a indecisão, citando sua carta. ‘É inútil titubear mais, disse, nosso caso já está contemplado na Carta 24 do Doutor Melífluo. Basta aplicar e tudo surgirá na boca. O primeiro candidato é santo? Pois bem, ora pro nobis, que reze algum Pai Nosso por nós pobres pecadores. O segundo é douto? Que maravilha! Doceat nos, que escreva algum livro de erudição. O terceiro é prudente? Iste regat nos, que este nos governe e seja Papa’. Inclinemo-nos, pois, diante daqueles que entre nós são sábios e têm piedade, mas elejamos aquele que está dotado de prudência”, acrescentou Luciani, durante um discurso na Universidade Federal de Santa Maria, no Brasil, em novembro de 1975.

Outra vez São Bernardo, doutor da Igreja, dedicou uma série de advertências a seu aluno Eugênio III, que reinou entre 1145 e 1153, intituladas “Conselhos para um Papa”. Trata-se de um livreto ainda precioso: “O senhor é Papa, aja como servo: aos apóstolos é proibido o domínio”, afirmou Bernardo. “É tempo de podar, o Papa é sucessor de Pedro, não de Constantino”. Particularmente significativas, sobretudo caso sejam aplicadas à situação atual, são as palavras dedicadas aos colaboradores que rodeiam o Pontífice e o ambiente da Cúria: “Quanto mais se digam seus servos, mais quererão o domínio”.

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas