São Teófanes
A Igreja lembra, no dia 12 de março, a memória de São Teófanes, que pertencendo a uma das famílias mais nobres do Império Bizantino, abandonou todas as suas riquezas e dirigiu-se a um mosteiro, do qual se tornou abade.
Redação (12/03/2024 09:00, Gaudium Press) Teófanes, nascido por volta de 760, em Constantinopla, pertencia a uma das mais nobres famílias do Império Bizantino. Perdendo seu pai aos três anos de idade, foi educado pelo próprio Imperador Constantino Coprônimo.
Casou muito jovem ainda, praticamente obrigado, com uma jovem patrícia. Mas ambos, de comum acordo, fizeram voto de continência perpétua. Seu sogro, vindo a descobrir isso mais tarde, encheu-se de furor, pois desejava herdeiros que entrassem no gozo da imensa fortuna do genro. Queixou-se assim ao imperador e este enviou Teófanes para Sísico com o título de Intendente Real dos Trabalhos Públicos no Helesponto e na Lísia. Aí o Santo encontrou um monge que o iniciou nos caminhos da contemplação e Teófanes abandonou o mundo, recolhendo-se a um mosteiro, onde veio a ser abade.
Pode-se imaginar a conversa dos dois:
— Teófanes, o que te adianta gozar essas coisas da Terra? Vejo em ti que és um homem puro, Deus te chama para uma pureza maior. Deixaste as delícias da carne, deixa, ó Teófanes, os outros deleites, pois maiores maravilhas te aguardam.
E Teófanes pergunta:
— Pai santo, o que farei?
— Vai comigo ao deserto, onde os varões amados de Deus se separam de tudo quanto é do mundo e vivem exclusivamente na familiaridade do Senhor.
Então, Teófanes deixa tudo e vai para o deserto. Isso é ambiente, isso é vida, isso é história.
Anos depois, Leão, o Armênio, Imperador de Constantinopla, renovou a perseguição às santas imagens (heresia dos iconoclastas) e soube que Teófanes gozava de alta consideração entre os ortodoxos.
Querendo atraí-lo à sua causa, chamou-o à Constantinopla. Quando ele ali chegou, recebeu uma carta do soberano: “Vossas disposições pacíficas me fazem crer que aqui viestes para confirmar com vossos votos minhas opiniões sobre esse problema. Esse, aliás, é o meio certo de obter meus favores e de conseguir para vós, vossos parentes e vossos mosteiros, todas as graças que estão ao alcance do imperador conceder. Se, ao contrário, vos recusardes a aquiescer comigo, incorrereis em minha indignação e dela sentireis todo o peso, vós e vossos amigos”.
Teófanes, que nunca se intimidara com promessas ou ameaças, assim respondeu:
“Idoso e enfermo como estou, tenho cuidado em não ambicionar as coisas que desprezei por Jesus Cristo, em minha juventude, quando me era fácil usufruir das coisas do mundo.”
“Quanto ao meu mosteiro e aos meus amigos, coloco sua sorte nas mãos de Deus. Quanto ao mais, se acreditais assustar-me com vossas esperanças como se assusta uma criança com as varas, vos enganais. Porque, embora não tenha forças para caminhar e esteja sujeito a numerosas outras enfermidades corporais, espero que Jesus Cristo me dará coragem de sofrer pela sua causa todos os suplícios aos quais poderíeis me condenar.”
Quer dizer: “Seus subornos não me interessam, suas ameaças não me fazem recuar”.
Encolerizado, o imperador enviou Teófanes a um calabouço, onde o Santo permaneceu por dois anos, sofrendo horríveis privações. Chegaram, um dia, a dar-lhe trezentos golpes de chicote.
Saindo da prisão, exilaram-no na Samotrácia, onde ele morreu a 12 de março de 817.
Plinio Corrêa de Oliveira
Texto extraído, com adaptações, de conferência de 17/3/1971.
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