São Luís IX, glória da França e modelo dos reis cristãos
Nascido em 25 de abril de 1214 numa pequena cidade dos arredores de Paris, São Luís era filho de Luís VIII e de Branca de Castela, Reis da França.
Redação (04/03/2024 18:31, Gaudium Press) São Luís Maria Grignion de Montfort diz que Branca de Castela pediu a São Domingos de Gusmão orações pelos seus filhos.
O Santo aconselhou-lhe rezar o Rosário diariamente. Ela obedeceu e, mais ainda, distribuiu rosários a todos os membros da corte e por muitas cidades do seu reino.
Deus atendeu as súplicas dessa virtuosa mãe da qual nasceu São Luís, “o príncipe que se tornaria a glória da França e o modelo de todos os reis cristãos”[1].
Luís VIII faleceu em 1216, e dois anos depois o mesmo ocorreu com o príncipe herdeiro, Felipe. Então, o pequeno Luís foi sagrado rei na Catedral de Reims – com o título de Luís IX –, tendo doze anos de idade, e Branca de Castela permaneceu na regência que exercia desde a morte de seu esposo.
Branca de Castela reprimiu com energia os revoltosos
Aproveitando-se do fato de que o trono estava ocupado por um menino e a regente era uma mulher estrangeira – espanhola –, importantes personagens tramaram contra a monarquia. Mas ela “reprimiu com energia e tenacidade as seduções e revoltas de grandes senhores feudais”.[2]
Em 1230, o Rei da Inglaterra Henrique III desembarcou em Saint- Malo, Norte da França, com muitos homens armados. O Duque da Bretanha e a nobreza dessa região lhe prestaram homenagem. Mas Branca reuniu um exército que zarpou naquela direção, e Henrique regressou ao seu país.
“Lírio entre os lírios”
Procurou-se solucionar as graves disputas entre os dois reinos através de enlaces. Duas filhas do Conde de Provence – Sudeste da França –, Margarida e Eleonora, casaram-se respectivamente com São Luís e Henrique III, Rei da Inglaterra.
Henrique ainda tentou dominar a França, apoiando financeiramente alguns nobres que se revoltaram contra São Luís, mas este os derrotou em 1242 na Batalha de Taillebourg, Sul do país.
Pouco depois, o Santo fez um acordo muito sagaz com Henrique III, de tal modo que o Rei da Inglaterra se tornou seu vassalo.
São Luís tinha gravadas em seu coração as palavras que sua mãe lhe dissera quando era menino: “Prefiro vê-lo morto que manchado por um só pecado mortal.”[3]
Diariamente, ele participava da Missa e rezava o Ofício divino. Entre outras penitências, usava um cilício e dormia sobre uma tábua de madeira. Varão tão puro de corpo e de alma que sua mãe afirmava ser ele “o lírio entre os lírios”.[4]
“Era um homem de alto porte, grande beleza, muito imponente, de maneira que, ao mesmo tempo atraía, incutia um respeito profundo e suscitava um imenso amor.
“Possuía o feitio de um guerreiro terrível na hora do combate, e era o rei mais pomposo e decoroso do seu tempo”.[5] “Nas batalhas, colocava-se nos lugares mais perigosos, sem nunca ter recuado”.[6]
Sainte-Chapelle
Casou-se com Margarida de Provence a qual era frívola, mas pelo exemplo do esposo corrigiu seus defeitos e, inclusive, o acompanhou na Cruzada do Egito. Tiveram onze filhos, dos quais três nasceram durante essa heroica expedição.
Frequentemente, São Luís exercia a justiça no bosque fronteiriço ao Palácio de Vincennes, nas cercanias de Paris. Após ter participado da Missa, ele se dirigia até um grande carvalho, sentava-se à sua sombra, ouvia as queixas, dava conselhos e declarava a sentença. Sendo muito bondoso, protegia os bons e punia os maus.
Eis alguns exemplos: Um cozinheiro, acusado de graves violências, julgava que seria perdoado por trabalhar no palácio real. Mas o rei “pessoalmente mandou enforcá-lo”.[7]
Uma mulher nobre casada, que vivia em adultério, havia mandado o amante matar seu marido. Franciscanos, dominicanos, altas damas da corte e até a rainha intercederam por ela. Mas as provas eram incontestáveis, e São Luís ordenou que aquela mulher infame “fosse queimada no próprio lugar do seu crime”.[8]
Para aumentar seu conhecimento e amor à Doutrina católica, convidava com frequência destacados teólogos para participarem de suas refeições. Um deles foi São Tomás de Aquino.
Entre as diversas obras que ele mandou construir – igrejas, mosteiros, hospitais, orfanatos – destaca-se a sublime Sainte-Chapelle, em Paris.
Descrevendo as impressões que teve quando a visitou, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira disse:
“Eu pensava em São Luís, nos artistas dele que edificaram essa maravilha da arte católica, na multidão de súditos que amavam seu monarca santo e admiravam nele as suas semelhanças com o Rei
dos Reis, Nosso Senhor Jesus Cristo. Eu pensava nisso e
entendia ainda melhor o que foi a época áurea da Cristandade”.[9]
Sobre os ombros dos nobres um manto com a cruz
Em 1244, São Luís ficou gravemente enfermo e prometeu a Deus que, se fosse curado, realizaria uma Cruzada contra os maometanos.
Tendo sido atendido, na noite de Natal desse ano reuniu no palácio real diversos senhores feudais e ordenou que, sobre os ombros de cada um deles, se pusesse um manto no qual estava bordada a cruz.
Logo depois se realizou a procissão do palácio até a igreja para participarem da Missa. Então, todos perceberam as cruzes e se comprometeram a acompanhar o rei na guerra pela libertação da Terra Santa.[10]
O Arcebispo de Paris e Branca de Castela não queriam que São Luís fosse à Cruzada. Disseram-lhe que seu voto fora feito quando estava inconsciente, devido à terrível doença.
O Santo, então, declarou: “Se fiz o voto na inconsciência, agora o faço consciente”.
O Papa Inocêncio IV aprovou a Cruzada, mas o Imperador Frederico II – um excomungado – a rejeitou. O pontífice reuniu-se com São Luís, no Mosteiro de Cluny, na presença de Branca.
Em março de 1247, um legado papal pregou a Cruzada. Três irmãos do Santo – Robert d’Artois, Alphonse de Poitiers et Charles d’Anjou –, grande número de senhores feudais de França, Flandres e o Rei da Noruega alistaram-se.
Em 25 agosto 1247, a armada real, composta de 38 navios, saiu de Aigues-Mortes, no Mar Mediterrâneo, cantando o Veni Creator. Iniciou-se a sétima Cruzada.
Por Paulo Francisco Martos
Noções de História da Igreja
[1] SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. O segredo do rosário. Belo Horizonte: Editora da Divina Misericórdia, p. 90.
[2] AIMOND, Charles. Le Moyen Âge. Paris: J. de Gigord. 1939, p. 193.
[3] WEISS, Johann Baptist. Historia Universal. Barcelona: La Educación. 1927, v. VI, p. 435.
[4] Idem, p. 436.
[5] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. As realidades terrenas devem ser parecidas com o Céu. In Dr. Plinio. São Paulo. Ano XXII, n. 258 (setembro 2019), p. 29.
[6] DANIEL-ROPS, Henri. A Igreja das catedrais e das Cruzadas. São Paulo: Quadrante. 1993, v. III, p. 328.
[7] Idem, p. 330.
[8] Idem, p. 331.
[9] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Harmonioso cântico de matizes. Ano IV, n. 44 (novembro 2001), p. 34.
[10] Cf. WEISS, Johann Baptist. Historia Universal. Barcelona: La Educación. 1927, v. VI, p. 439.
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