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São Francisco de Borja, Terceiro Geral da Companhia de Jesus

Pertencente à mais alta nobreza de Espanha, São Francisco de Borja recebeu insigne graça por ocasião da morte da Imperatriz, renunciou às pompas e obras do mundo, tornou-se jesuíta e foi eleito Geral da Companhia de Jesus.

São Francisco de Borja - Paróquia dos Jesuítas, Santander (Espanha) Foto: Sergio Hollmann

São Francisco de Borja – Paróquia dos Jesuítas, Santander (Espanha) Foto: Sergio Hollmann

Redação (02/10/2025 17:59, Gaudium Press) Filho de Juan de Borja, Duque de Gândia – Leste de Espanha –, São Francisco de Borja nasceu nessa cidade em 1510. Assim que começou a articular as primeiras palavras, sua mãe lhe ensinou a pronunciar os nomes de Jesus e de Maria.

Educado por seu tio materno, Arcebispo de Saragoça, aos dezoito anos foi enviado à Côrte do Imperador do Sacro Império Romano Alemão Carlos V, a respeito do qual afirmou Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:

“Ele era tão poderoso que o Sol jamais se deitava em seu império. As suas terras iam desde os confins da Rússia até a América do Sul e parte do México até o Oceano Pacífico. (…)

“O Sul da Itália pertencia a Carlos V; por outro lado, na Lombardia, que tem como capital, Milão, Carlos V também tinha domínios”.[1]

Aos 19 anos, Francisco casou-se com Leonor de Castro Melo e Meneses, insigne nobre lusitana que era dama de honra da Imperatriz Isabel de Portugal. Tiveram oito filhos.

Varão de grandes virtudes, Francisco era muito estimado por Carlos V que o nomeou seu Conselheiro.

Morte da Imperatriz Isabel de Portugal

Em 1539, faleceu na cidade de Toledo – então capital da Espanha – a Imperatriz com apenas 36 anos de idade. Era extraordinariamente bela como o demonstra um quadro pintado pelo célebre Ticiano.

Borja dirigiu a comitiva encarregada de levar o féretro até a Capela Real de Catedral de Granada, onde o corpo de Imperatriz seria sepultado junto aos túmulos dos Reis Católicos, Fernando e Isabel. Devido à distância – 370 km – e aos meios de locomoção então utilizados, a viagem demorou cerca de duas semanas.

Ao chegar à referida Capela, o esquife foi aberto a fim de que Francisco testemunhasse ser aquele o corpo da Imperatriz. Mas o rosto da soberana estava tão desfigurado que não lhe foi possível fazer o reconhecimento; o cadáver exalava asqueroso odor que ninguém conseguia suportar.

Ao ver o corpo da Imperatriz estendido no caixão, São Francisco de Borja recebeu uma graça.

“O próprio de certas graças é de darem uma vida extraordinária às verdades que, para nós, são correntes, comuns, sabemos até o que querem dizer, mas impressionam pouco o nosso espírito.

“Assim é a graça da visão da morte. Uma pessoa pode passar uma noite inteira numa capela, velando um cadáver, sem que isso lhe toque muito especialmente; mas, de repente, por uma graça de Deus, tudo quanto a aniquilação da morte significa vêm ao espírito dela e lhe fala na alma com uma força particular, especialmente a sabedoria. E foi o que se deu com São Francisco de Borja.

“Ao ver a Imperatriz morta, ele percebeu bem o vácuo de certas grandezas, porque elas passam: a grandeza da Imperatriz, a grandeza do Império, a grandeza dele, que não era senão um adorno do Império; ele, então, se colocou diante da ideia de renunciar a todas as suas grandezas e de se tornar jesuíta”.[2]

Carlos V o nomeou Vice-Rei da Catalunha, região do Noroeste da Península Ibérica. E com a morte de seu pai, ele se tornou Duque de Gândia, com poder sobre uma certa parte do território espanhol à maneira de um pequeno reino, que nem dependia do Imperador pois ele a possuía por direito próprio.

Diretor da Companhia de Jesus na Espanha

Tendo sua esposa falecido em 1546, Francisco quis entrar na Companhia de Jesus, mas Santo Inácio de Loyola ordenou-lhe que encaminhasse seus oito filhos e fizesse um curso de Teologia. Ele obedeceu eximiamente a essa ordem e depois dirigiu-se a Roma, onde vivia o Fundador dos jesuítas.

Chegando a seus ouvidos a notícia de que o Papa Júlio III tencionava nomeá-lo cardeal, Francisco deixou a Cidade Eterna – após quatro meses de estada –, voltou para a Espanha e foi viver na Casa dos jesuítas localizada nas cercanias do Castelo de Loyola, onde realizava trabalhos de limpeza e pedia esmolas nos povoados vizinhos.

Depois fez pregações em Castela e Andaluzia. Viajou a Portugal, onde efetuou profícuo apostolado em Lisboa e Évora.[3]

Ordenado sacerdote, Santo Inácio deu-lhe a direção da Companhia de Jesus na Espanha, que naquele tempo era a nação mais católica da Terra, na qual sopravam os ventos da Contra-Reforma, da luta contra o protestantismo.

Agir na Espanha significava atiçar as melhores brasas contra a heresia, movimentar as forças da Igreja contra a Pseudo-Reforma, o Humanismo, a Renascença. Ou seja, foi-lhe dada a alavanca fundamental da luta contra a Revolução gnósticas e igualitária.[4]

Conselheiro de Santa Teresa de Jesus

Após a morte do Padre Diego Lainez, em 1565, São Francisco de Borja foi eleito Terceiro Geral da Companhia de Jesus. Tal o poder dessa Ordem no passado que o Geral dos jesuítas era chamado “O Papa negro”.

Visando esmagar o demônio e glorificar a Deus, promoveu missões. Em 1570, enviou 40 missionários para o Brasil sob a direção do Beato Inácio de Azevedo, os quais foram chacinados por calvinistas no Oceano Atlântico, nas proximidades das Ilhas Canárias.

Santa Teresa de Jesus, grande mística e Doutora da Igreja, o reconhecia como santo e o escolheu para ser seu conselheiro.

Em Roma, na noite de 30 de setembro de 1572, entregou sua alma a Deus dizendo: “Somente quero a meu Senhor Jesus Cristo”.

 Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja


 [1] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. São Francisco de Borja – flexibilidade para adaptar-se a todas as almas. In Dr. Plinio, São Paulo. Ano XV, n. 175 (outubro 2012), p. 21.

[2] Idem, ibidem.

[3] Cf. ROHRBACHER, René-François. Vida dos Santos. São Paulo: Editora das Américas. 1959, v.18, p. 83.

[4] Cf. Idem, ibidem, p. 22

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