Santuário do Monte Gargano
Em fins do século V, São Miguel Arcanjo realizou no Sul da Itália diversos milagres, protegendo os católicos e punindo aqueles que pretendiam dominá-los.
Redação (06/11/2021 10:05, Gaudium Press) Vejamos, em linhas gerais, qual era a situação em que se encontrava o Império Romano.
Com a queda do Império do Ocidente, em 476, teve início a Idade Média. Grande número de bárbaros foram se estabelecendo nas várias regiões do extenso Império.
“Aos poucos, toda a antiga população romana foi caindo na barbárie também. Então, as estradas não tinham mais quem delas cuidasse; os aquedutos que levavam água às cidades se rompiam; as cidades afundavam na sujeira; os palácios eram agora habitados por bárbaros selvagens que se degradavam completamente; as obras de arte eram quebradas nas ruas. Em suma, tudo o que pudesse representar civilização e cultura era miseravelmente liquidado”.
Na Itália, os grandes proprietários foram massacrados por bárbaros que tomaram posse de suas terras. Odoacro, chefe dos hérulos, tornou-se Rei da Itália, com apoio do Senado de Roma. Andava sempre com uma pele de carneiro sobre os ombros. Era ariano, mas devido a sua grande admiração por Santo Epifânio, Bispo de Pavia, respeitava os bispos católicos.
Num banquete, um rei bárbaro mata seu rival
O trono do Império do Oriente era ocupado por Zenão I que favorecia os hereges eutiquianos e perseguia os católicos. Em 491, por haver comido em excesso, ele desmaiou e julgaram que tivesse falecido. Foi colocado num caixão, mas em determinado momento ouviram-se barulhos estranhos provenientes do ataúde; abriram-no e verificaram que partes dos braços do cadáver estavam roídos pelos dentes…
Zenão entrara em contato com Teodorico o Grande, chefe dos ostrogodos, e lhe prometera que, se liquidasse Odoacro, tornar-se-ia Rei da Itália.
Teodorico, assecla da heresia ariana, invadiu esse país e infligiu várias derrotas às tropas de Odoacro, o qual se refugiou em Ravena. Após três anos de cerco, este capitulou e ambos assinaram, em 493, um tratado de paz.
Durante o banquete realizado para celebrar o acordo, Teodorico matou Odoacro com um punhal. Através de liames de família, Teodorico colocou quase todos os reis bárbaros sob sua dependência.
Nessa época, houve vários papas heroicos como São Gelásio I que, por exemplo, mandou queimar em praça pública os livros dos maniqueus, os quais incentivavam os bárbaros a destruírem Roma.
Uma gruta transformada em capela
Nos arredores de uma cidade do Sul da Itália, hoje chamada Manfredônia, um nobre pôs-se a procurar um touro de seu rebanho que subira o Monte Gargano, às margens do Mar Adriático. Chegando ao topo, ele viu o animal parado junto a uma gruta e disparou uma flecha a fim de abatê-lo. Mas a seta voltou-se contra o próprio atirador, ferindo-o seriamente.
Tomando conhecimento do fato, os habitantes da região dirigiram-se ao palácio episcopal e contaram ao bispo o que havia acontecido. Este, varão de grande virtude, ordenou que se fizessem três dias de jejum, durante os quais todos deveriam pedir a Deus que revelasse qual o significado do acontecido.
No quarto dia, São Miguel Arcanjo apareceu ao bispo e lhe disse que aquela gruta, situada no alto do morro, precisaria ser transformada em capela para honrá-lo, e quem fosse lá rezar receberia muitas graças. Como prova de sua intercessão, afirmou que o nobre ferido estava curado, o que de fato se comprovou.
A notícia se difundiu por todas as partes, e os fiéis começaram a fazer peregrinações até o topo do Monte Gargano.
Atingidos por raios, os inimigos fugiram apavorados
Dois anos depois, tendo sido a cidade cercada por um poderoso exército bárbaro, o santo bispo, acompanhado de bom número de fiéis, subiu até a gruta e implorou a São Miguel a vitória contra os inimigos.
Inspirado pelo Arcanjo, ele aconselhou aos líderes do povo que pedissem aos agressores uma trégua de três dias, durante os quais deveriam fazer jejuns e preces.
Os invasores aceitaram o armistício e, completado o tempo marcado, São Miguel apareceu novamente ao prelado e afirmou que o povo fiel deveria começar o contra-ataque, pois ele garantia a vitória.
Iniciada a batalha, uma espessa nuvem cobriu o Monte, a terra começou a tremer, o mar agitou-se rugindo com furor e desabou uma terrível tempestade, cujos raios atingiam os bárbaros e poupavam os fiéis católicos. Aterrorizado, o exército inimigo se pôs em fuga. Era o dia 29 de setembro de 492.
Em agradecimento, o bispo promoveu uma procissão até a gruta do Arcanjo e ali encontraram, gravadas na rocha, pegadas semelhantes às de um homem. Todos entenderam que aquilo era o sinal inequívoco da presença e proteção de São Miguel.
Quatro águias proporcionam sombra e brisa
Um ano depois, realizou-se uma grande procissão até a gruta, da qual participaram vários prelados de cidades próximas e muitos fiéis. O sol era muito forte. Em determinado momento, quatro enormes águias passaram a acompanhá-los: duas faziam sombra para os bispos e o povo, e as outras duas produziam com suas asas uma agradável brisa.
Ao chegarem à gruta, depararam-se com a efígie de São Miguel impressa na parede e, ao penetrar no seu interior, encontraram um altar escavado na rocha e ornado com uma cruz de cristal.
Quando o Papa São Gelásio tomou conhecimento dessas maravilhas, estabeleceu para todo o sempre que o dia 29 de setembro fosse dedicado a São Miguel na Igreja universal. Mais tarde se comemorariam também nessa data São Gabriel e São Rafael.
Ao longo dos séculos, peregrinações foram feitas até o Santuário do Monte Gargano. Diversos Santos o visitaram, entre os quais São Bernardo de Claraval, São Francisco de Assis, São Tomás de Aquino, Santa Catarina de Siena. Até hoje, muitas pessoas vão até lá para rezar.
Que São Miguel proteja a Igreja contra seus inimigos velados ou declarados, e esmague os demônios que infestam o mundo hodierno visando a perdição das almas.
Por Paulo Francisco Martos
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