Santa Francisca Romana
Durante quarenta anos, Santa Francisca Romana levou uma vida de piedade, humildade e paciência admiráveis, como esposa e mãe. Após a morte do marido, entrou na Congregação das Oblatas Olivetanas de Santa Maria Nova, por ela mesma fundada. Foi favorecida por graças e dons místicos extraordinários. Sua memória é celebrada no dia 9 de março.
Foto: Wikipedia
Redação (08/03/2025 17:25, Gaudium Press) Francisca nasceu em Roma no ano de 1384 de duas famílias distintas de Roma: Buxis e Rofredeschi, tendo sido batizada na Igreja de Santa Águeda, na Praça Navona.
Desde muito nova sentiu um chamado para o estado religioso, levando uma exímia vida de piedade e recitando o ofício de Nossa Senhora. Era de um pudor exemplar, e também a virtude da obediência tinha nela um brilho especial, a ponto de aos 12 anos, obedecendo ao seu confessor e aos desejos de seu pai, contrair matrimônio com o nobre Lorenzo de’Leoni.
Tendo adoecido gravemente logo após o casamento e não conseguindo curar-se, opôs-se a qualquer tipo de sortilégio, afirmando preferir a morte a ofender a Deus. Curada milagrosamente, intensificou ainda mais a vida de piedade.
Com o falecimento da sogra, a gestão do lar ficou sob seu cuidado. Mas os muitos afazeres não diminuíram em nada suas orações. Confessava-se duas vezes por semana e comungava frequentemente. Graças a este fervor nas práticas de piedade, assegurava a perfeita harmonia no lar.
Francisca era um exemplo de caridade, não poupando meios para socorrer os mais necessitados. Por isso seu marido a advertia que tamanha liberalidade os levaria à miséria. E de fato, em certa ocasião, tendo já doado todo o trigo de sua despensa, varreu cuidadosamente o pouco que sobrara pelo chão para atender a um esmoler. Sabendo do acontecido, seu sogro e seu marido foram à despensa da casa para ver o que se passava. Qual não foi sua surpresa ao se depararem com 40 medidas do melhor trigo! Algo de semelhante passou-se com o vinho que, usado pelos pobres como remédio, também veio a faltar. Ao verificar os tonéis, encontraram-nos repletos de um vinho superior ao que se esgotara!
Dos três filhos que teve, dois faleceram vítimas da peste.
Cerca de um ano após a morte do primeiro filho, este lhe apareceu em estado glorioso e apresentou-lhe um anjo que desde então a acompanharia por toda a vida.
Tinha frequentemente êxtases e recebeu várias revelações sobre o purgatório, o inferno e os anjos. Por vezes era atormentada pelos demônios, inclusive com agressões físicas.
Apesar de sua intensa vida mística, não descuidava de seus deveres de esposa e mãe. Dedicava aos enfermos um particular cuidado e por mais de trinta anos serviu em hospitais. Agraciada por Deus com o dom da cura, confeccionava um remédio composto de diversos óleos e sucos ao qual atribuía o bem alcançado, evitando assim a fama de taumaturga.
Nutria um entusiasmo especial por meditar na Paixão de Nosso Senhor e sofria misticamente suas dores. Talvez por isso fosse muito rígida consigo mesma, penitenciando-se com frequência. Mas, ao mesmo tempo, demonstrava muita suavidade e indulgência para com as outras pessoas.
Em 1425 consagrou-se a Nossa Senhora sob cuja maternal proteção fundou, juntamente com um grupo de piedosas senhoras, a associação das Oblatas da Santíssima Virgem que se reuniam na Igreja de Santa Maria, a Nova.
Com a aprovação concedida pelo Papa Eugênio IV em 1433, essas senhoras passaram a viver numa casa em Tor de’Specchi. Mas Francisca só pôde acompanhá-las em 1436, quando, após o falecimento de seu esposo, foi eleita superiora do convento por ela fundado.
Faleceu a 9 de março de 1440, e o seu corpo se venera na Igreja de Santa Maria, a Nova4.
Visão sobre os demônios
Como se sabe, Santa Francisca Romana se caracteriza por visões extraordinárias a respeito dos demônios, e deixou revelações importantíssimas. Talvez nenhuma santa ou mística tenha se assinalado tanto na História da Igreja no que diz respeito a manifestações dos anjos maus do que Santa Francisca Romana. Essas revelações falam muito a respeito da presença na Terra dos tais demônios que ainda não foram para o inferno e serão mandados para lá no fim do mundo.
A terça parte dos anjos caiu em pecado, as outras duas partes perseveraram na graça. Na parte decaída, um terço está no Inferno para atormentar os condenados; são os que seguiram Lúcifer por sua própria malícia com inteira liberdade. Eles não saem do abismo senão pela permissão de Deus, e quando se trata de produzir uma grande calamidade para punir os pecados dos homens, e são eles os piores dentre os demônios.
Os outros dois terços dos anjos decaídos estão espalhados nos ares e sobre a Terra: são aqueles que não tomaram parte entre Deus e Lúcifer, mas guardaram silêncio. Os que estão nos ares provocam frequentemente geadas, tempestades, ruídos e ventos com que enfraquecem as almas apegadas à matéria, conduzem-nas à inconstância e ao temor, induzem-nas a desfalecer na Fé e a duvidar da Providência divina.
Quanto aos demônios que circulam entre nós a fim de nos tentar, são decaídos do último coro dos anjos, e os anjos fiéis que nos são dados por guardiães são todos do mesmo coro. O príncipe e chefe de todos os demônios é Lúcifer, ligado ao fundo do abismo, encarregado pela divina Justiça de punir os demônios e os condenados. Caindo do mais elevado dos coros angélicos, os serafins, tornou-se o pior dos demônios e condenados. Seu vício característico é o orgulho. Abaixo dele estão três outros príncipes: o primeiro, Asmodeu, tem o vício da carne como característica e foi chefe dos querubins. O segundo é chamado Mamon, caracteriza-o o vício da avareza e foi do coro dos tronos. O terceiro, chamado Belzebu, que foi dos coros das dominações, caracterizando-o a idolatria, o sortilégio e encantamentos; é o chefe de tudo quanto há de tenebroso e tem a missão de difundir as trevas sobre as criaturas racionais.
Texto extraído, com adaptações, da Revista Dr Plinio março 2013.
Deixe seu comentário