Santa Cristina: a santidade floresceu como um lírio no pântano escuro
“A figura deste mundo passa” (I Cor 7, 31) para todos os homens; bem-aventurados, pois, os que sabem se desapegar de sua vida por causa de Jesus! Este foi o caso de Santa Cristina, mártir do século IV, cuja memória é celebrada hoje, dia 24 de julho.
Redação (23/07/2024 15:44, Gaudium Press) Como é difícil para o mundo atual, onde não se tolera o sofrimento, compreender a beleza do martírio sofrido por amor a Deus…! A história dos santos tem preciosidades que este mundo desconhece.
Quando se pensa que a variedade de sofrimentos pelos quais os santos passam chega a um fim, a Santa Igreja apresenta, nas comemorações diárias, algo mais glorioso e emocionante tanto quanto mais dolorosa é sua narração. Hoje, com Santa Cristina, temos um exemplo que fala por si só.
Cristina nasceu ainda no Império Romano, no ano 288 d. C. Era de posição prestigiosa na sociedade, pois seu pai era um oficial do Exército que servia em Tir, perto da atual Toscana.
O edito do imperador contra os cristãos continuava ceifando vidas inocentes. Eles eram arrastados de suas casas, de suas famílias, de seus amigos, por apenas servirem ao Deus único, e não professarem a vã prática da religião romana.
Urbano, pai de Cristina, como era de se esperar pelo seu posto, era cumpridor da norma de César. Não se sabe se ele apenas obedecia, já que era soldado, ou se ele sempre gostou de exercer essa cruel autoridade. O que contam as atas é que ele se tornou tão sanguinário que levava os cristãos para sua própria casa, e, sem seguir qualquer tipo de jurisdição, torturava-os, prendia-os e, por fim, matava-os das formas mais perversas.
O perfume cristão atrai Santa Cristina
A força de alma dos cristãos condenados ao martírio, porém, foi aos poucos conquistando Santa Cristina. A pequena, ainda pouco letrada, via as áreas perto do seu quarto serem palcos de terríveis espetáculos, que o louco Urbano oferecia sem pensar em como isso afetaria sua própria prole.
Curiosa com a falta de reação ou juras de vingança que os cristãos não esboçavam ao morrer, Cristina se perguntava qual o motivo de tanta serenidade e alegria, e começou a se aproximar dos presos da casa de seu pai. Um deles, uma escrava que tinha sido espancada por ser cristã, vendo a saudável dúvida que se formava no espírito da menina, mostrou-lhe o Evangelho, explicou-lhe o catecismo e deu mostras da bondade católica.
Cristina, atenta a todos os martírios que aconteciam em sua casa, foi tocada por uma graça: aceitou ser cristã também. Pediu o batismo a essa escrava, que providenciou com um sacerdote que estava lá preso. Este aprontou uma cerimônia na noite e batizou a pequenina, que recebeu de bom grado as águas que lavaram seu espírito.
Guerra com o pai
O espírito cristão de Cristina começou a se manifestar na ajuda que prestava àqueles que estavam presos. Procurava levar água e comida, além de tentar soltá-los. Seu pai descobriu seus intentos e a castigou, açoitando-a. Urbano pensou que uma surra seria suficiente para mudar o pensamento de Cristina, mas a moça, agora com seus 12 anos, estava edificada na fé.
Ao lhe mostrar as atrocidades de sua conduta, o oficial romano, desesperado, atirou Santa Cristina no fogo. A filha, porém, não sentiu nada, pois seu Anjo da guarda lhe protegeu. O pai, vendo que as chamas não lhe queimavam, prendeu-a com os outros. Mais tarde, descobriu que Cristina havia vendido todas as imagens de ouro e prata de ídolos que possuíam, e tinha dado o dinheiro aos pobres. Urbano, louco de raiva, mandou amarrar uma pedra no pé de Cristina e atirá-la num lago.
Mais um milagre: a pedra, pesadíssima, boiou, e com ela, a moça também. Urbano, em um acesso de ódio, enfartou, falecendo ali mesmo, às vistas de Cristina. Foi tirada do lago pelos escravos de seu pai morto, e poder-se-ia dizer que ela ficaria bem. Mas a guerra pela sua fé continuaria.
Santa Cristina sofre o martírio
Passado pouco tempo, a menina de 12 anos foi intimada a um julgamento. Neste, o sucessor de seu pai como oficial do exército a acusou de matar o próprio pai, recebendo pena de morte por isso. Foi atirada mais uma vez ao fogo, e mais uma vez, nada lhe aconteceu; depois disso, Cristina foi lançada viva em um jardim cheio de víboras, entretanto, nenhuma lhe mordeu.
Vendo que a menina, sã e salva dos perigos, cantava louvores ao Senhor, ordenou cortar sua língua. Porém, mesmo sem ela, ainda continuava a cantar. Por fim, foi decretado que ela deveria morrer a flechadas. Aprouve a Deus levar Santa Cristina por esse martírio, no dia 24 de julho do ano 300.
Aos olhos de Deus a morte de um mártir é mais preciosa do que mil vidas levadas longe de seu temor. “A figura deste mundo passa” (I Cor 7, 31) para todos os homens; bem-aventurados, pois, os que sabem se desapegar de sua vida por causa de Jesus!
Fonte: arautos.org
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