Rússia: católicos estão deixando o país diante de recrutamento militar forçado
Um sacerdote russo afirmou que muitos jovens católicos e clérigos agora temem ser recrutados à força para ir à guerra contra a Ucrânia.
Redação (25/09/2022 17:47, Gaudium Press) Protestos de rua eclodiram na Rússia após Putin ter ordenado, em 21 de setembro, uma convocação nacional de 300.000 reservistas após reveses na guerra contra a Ucrânia.
Em seu discurso, Putin declarou que sua “operação militar especial” continua a libertar a região leste de Donbass, na Ucrânia, de um “regime neonazista”, acrescentando que a Rússia usará “todos os meios à sua disposição”, incluindo armas nucleares, para resistir às tentativas dos países ocidentais em “enfraquecê-la, dividi-la e, finalmente, destruí-la”, enquanto impõem agressivamente “sua vontade e pseudovalores”.
Ele acrescentou que a mobilização parcial inicialmente envolveria “apenas reservistas militares” com “especialidades ocupacionais específicas e experiência correspondente”, que receberiam treinamento adicional para o serviço ativo.
“Embora eu não seja militar, não acho que o exército russo possa usar armas nucleares – e se o fizesse, isso seria muito mais perigoso para a própria Rússia do que qualquer outra pessoa”, declarou e o sacerdote, que pediu para não para ser identificado.
“As pessoas certamente estão assustadas aqui, principalmente porque paroquianos e clérigos católicos agora podem ser convocados, começando por aqueles que prestaram serviço militar. Mas não acho que haja muito a temer de Putin, são apenas palavras.”
O sacerdote, em uma entrevista ao Catholic News Service, relatou que estudantes e jovens “reagiram muito emocionalmente” à ordem de mobilização, com muitos debatendo suas consequências práticas. “Alguns jovens católicos já deixaram o país, e outros estão fazendo o mesmo agora”.
Ele acrescentou que as igrejas minoritárias da Rússia não foram consultadas e que ele consultou advogados sobre as implicações da ordem de Putin em relação à Igreja Católica.
“A mobilização em massa afetará muito a vida da Igreja aqui, principalmente porque muitos católicos são fortemente contra a guerra e não querem participar dela. Mas aqueles até os 50 anos, com treinamento militar, deverão ir, no entanto, a ordem pode, em breve, ser estendida a outros que nem sequer prestaram serviço militar.”
Segundo o sacerdote, “os próprios católicos estão divididos, com cerca de 20% apoiando a guerra, 40% categoricamente contra, e outros 40% assistindo para ver o que acontece, especialmente se as coisas piorarem e seus próprios familiares forem mortos”.
Os governos ocidentais criticaram a mobilização e os russos fizeram manifestações em Moscou, São Petersburgo e outras cidades. Grupos de direitos humanos relataram, em 21 de setembro, que mais de 1.300 manifestantes foram presos.
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