Roma falou, mas isso não se aplica à Igreja alemã
A Igreja alemã prossegue firmemente em direção à criação do Conselho Sinodal, apesar das sérias e repetidas advertências de Roma.
Redação (02/12/2023 16:19, Gaudium Press) Há poucos dias, Dom Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal Alemã, repreendeu seu homólogo polonês, Dom Gadecki devido as suas críticas e advertências justas ao Caminho Sinodal alemão. “Com que direito o presidente da conferência episcopal de uma igreja se atreve a julgar a catolicidade de outra igreja e seu episcopado”, disse indignado Dom Bätzing. De forma alguma havia nos textos do Caminho Sinodal “a intenção de provocar uma revolução na Igreja mundial”, assegurou o Bispo de Limburgo.
Entretanto, a realidade – que aparentemente na Igreja alemã não é algo tão, tão objetivo – encarregou-se mais uma vez de desmentir o bispo Bätzing.
Uma das grandes preocupações do Vaticano com a Igreja alemã é o seu desejo quase confesso de subverter a estrutura hierárquica da Igreja, estabelecendo um ‘Conselho Sinodal’, órgão que não é meramente consultivo, mas deliberativo, composto por bispos e leigos, ou seja, o ‘povo no poder’.
Após o estabelecimento de um ‘Comitê Sinodal’ em 11 de novembro passado, a Igreja alemã continua a se mover firmemente em direção à criação do Conselho Sinodal, apesar das sérias, variadas e repetidas advertências de Roma, como por exemplo, a Carta enviada pelo Cardeal Secretário de Estado a alguns bispos alemães, na qual declarou “que nem o Caminho Sinodal, nem qualquer órgão estabelecido por ele, nem qualquer conferência episcopal tem competência para estabelecer um ‘Conselho Sinodal’ em nível nacional, diocesano ou paroquial”. Conselho Sinodal que “parece se situar acima da autoridade da Conferência Episcopal e substituí-la de fato”, bem como a autoridade dos bispos em suas dioceses.
Não. Não há possibilidade de um tal Conselho Sinodal católico, afirmou em prosa, verso e métrica a antiga Roma.
Mas, na última assembleia semestral do Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK), realizada nos dias 24 e 25 de novembro, em Berlim, as vozes autorizadas afirmaram que Roma os apoia em seu caminho. (Zdk, o grande aliado de Dom Bätzing e da maioria episcopal progressista, em seu desvio ‘sinodal’).
“Abrimos espaço para que o Caminho Sinodal continue”, disse Irme Stetter-Karp, presidente do ZdK, após a aprovação majoritária dos estatutos do ‘Comitê Sinodal’.
Por sua vez, embora o vice-presidente do ZdK, Thomas Söding, tenha assegurado que o Comitê Sinodal “não pretende relativizar e tirar o poder do bispo”, ele mostra os reais objetivos quando diz que “a sinodalidade em termos católicos sempre significa sinodalidade com o Papa e os bispos, mas também sinodalidade com o povo da Igreja. Isso é o que tem faltado até agora e é o que precisa ser impulsionado”.
A própria Irme Stetter-Karp afirmou isso com mais clareza:
“Gostaria de lembrar a dinâmica dentro da Cúria em Roma, e também entre a Cúria e o Papa”, explicando que o Cardeal Parolin também havia se oposto à “abertura e ao direito de voto de leigos e mulheres no Sínodo Mundial”, mas o Papa o fez assim mesmo: “de repente era válido e possível”. Para ela, portanto, as proibições de Roma são uma farsa que a própria Roma não segue nem leva a sério.
Os estatutos do Comitê Sinodal ainda precisam ser aprovados pela Conferência Episcopal Alemã, o que é dado como certo. No entanto, há numerosas vozes pedindo que Roma se pronuncie ou aja de forma mais drástica na Alemanha para preservar a unidade da Igreja Universal. E que também não se limite a conselhos, comunicados e observações, mas sim que tome medidas efetivas. (CCM)
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