Quem foi o Profeta Isaías?
“Grande profeta, fiel aos olhos do Senhor” (Eclo 48, 25), Isaías foi enviado para revelar ao povo infiel a vinda do Salvador, no cumprimento das promessas feitas a Davi. A Igreja celebra sua memória no dia 9 de maio.
Redação (09/05/2024 09:25, Gaudium Press) A maioria dos comentaristas concorda em apontar o ano 760 como data aproximada do nascimento de Isaías. Suas indicações precisas sobre Jerusalém dão a entender que ele nasceu na capital do Reino de Judá. Era casado e tinha dois filhos, aos quais deu nomes simbólicos (cf. Is 7, 3; 8, 3).
Esse grande profeta exerceu seu ministério durante quarenta anos (740-700). O início de sua atividade coincide com um período de prosperidade deixada pelo falecido Rei Ozias (781-740), como resultado de suas vitórias militares a leste e oeste de Israel. Entretanto, esse bem-estar ocultava uma realidade sócio-religiosa cada vez mais decadente, a qual Isaías não deixou de censurar.
Mais adiante, já no reinado de Acaz (736-727), agravou-se a situação. Este monarca introduziu em Judá o culto pagão a fim de agradar ao rei assírio, do qual havia recebido ajuda militar para enfrentar uma ameaça por parte da Síria e do Reino Norte de Israel.
Desejando rebelar-se contra a influência assíria na região, estes dois estados pediram a Acaz que se unisse a eles. Ante sua resposta negativa, declararam-lhe guerra e ameaçavam destroná-lo. Nessa perigosa conjuntura, Acaz pediu ajuda ao próprio rei assírio, contrariando os conselhos de Isaías, que lhe prometia uma intervenção divina. Teglat-Falasar III, soberano daquele império, avançou sobre a região do Levante Mediterrâneo e acabou com a rebelião. Em consequência, Judá ficou dependente da Assíria, com tudo quanto isto significava no terreno religioso.
Com Ezequias (727-687), filho e sucessor de Acaz, a situação melhorou inicialmente. Este piedoso rei fez todo o possível para limpar Jerusalém dos desvios religiosos introduzidos por seu pai. Nos seus primeiros anos de reinado, manteve-se submisso ao soberano assírio. Rebelou-se, porém, por volta do ano 705, quando houve naquele país uma mudança de governo.
Jerusalém foi cercada pelas tropas mesopotâmicas, mas, graças à ajuda do Céu, o exército sitiante viu-se obrigado a bater em retirada (cf. II Rs 18-19). Pouco tempo depois, Isaías saiu de cena.
Teologia de Isaías
Por ser muito difícil, dada a sua riqueza, resumir em poucos conceitos a teologia de Isaías, destacamos aqui apenas alguns aspectos mais importantes.
A raiz de seu pensamento consiste, sem dúvida, na santidade divina. O livro gira em torno desta ideia. Deus é o Santo de Israel, um Ser todo revestido de majestade, sentado em seu trono como Rei do universo. Ele é o Juiz das nações, particularmente do povo eleito, com o qual possui uma especial relação. Javé tem um desígnio sobre o mundo; a história humana avança para uma etapa decisiva da salvação. Rebelar-se contra o plano histórico de Deus constitui uma grande ofensa.
Isaías ressalta também a expectativa da chegada do redentor. A figura do Messias representa a plenitude dos tempos, com tudo quanto isto implica de bem-estar espiritual e material. Ele será a solução de todos os problemas do gênero humano; transformará a sociedade num reino de justiça e equidade. O dia de Javé – tema tratado já por Amós – é para Isaías um dia de juízo purificador, no qual serão humilhados os orgulhosos e castigados os pecadores. Contudo, salvar-se-á da catástrofe um resto que será a semente da futura sociedade teocrática.
Tudo quanto dizem os outros profetas sobre o Reino universal de Deus, a ser instaurado pelo Messias, está de alguma forma contido no livro de Isaías, Profeta messiânico por excelência. De fato, suas profecias não se limitam à vinda do Filho de Deus, sua Paixão, Morte e Ressurreição. Elas abrangem também a fundação e a expansão de sua Igreja, construída sobre a rocha inabalável.
Por Diác. Alejandro de Saint Amant, EP
Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 229, janeiro 2021.
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