Quem faz um aborto extermina uma nação
Um aborto provoca uma alteração no destino do mundo, uma vez que afeta todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, se relacionariam com aquele ser humano que foi assassinado ainda no ventre de sua mãe, sendo impedido de nascer e de cumprir o seu papel.
Redação (16/02/2023 17:01, Gaudium Press) Há alguns anos, assisti a uma palestra de uma senhora que falava contra o aborto e uma das coisas que ela disse me marcou profundamente. Este é um tema polêmico, com dois lados bem definidos: os que são contra e os que são a favor. E os argumentos, tanto de um quanto de outro lado, não variam muito. No entanto, aquela mulher disse algo que eu nunca ouvira ou pensara.
Ela mencionou os tempos bíblicos – quando muitos povos ainda estavam em formação – e deu exemplo de uma mãe que fizesse um aborto naquela época, podendo, com o seu gesto, ter como consequência o extermínio de uma nação inteira, pois esta nação – que deixaria de existir – deveria surgir da descendência desse filho supostamente abortado.
Para ser mais categórica, ela mencionou o caso de Rebeca, mãe de Esaú e Jacó, citando o Livro do Gênesis, quando Deus diz para Rebeca: “Tens duas nações no teu ventre; dois povos se dividirão ao sair de tuas entranhas” (Gn 25, 23). E concluiu dizendo que, se Rebeca tivesse abortado Jacó, Nosso Senhor Jesus Cristo poderia não ter nascido, uma vez que Ele era da linhagem de Davi, oriundo do povo de Israel, que não existiria se Jacó não tivesse nascido.
Coisa de gente fanática
Podemos pensar que se trata de um raciocínio exagerado, feito em cima de suposições que parecem não levar em consideração os planos de Deus traçados para o nascimento de Jesus. Coisa de gente fanática. No entanto, aquela mulher deveria ter razões para pintar com tintas tão fortes a sua narrativa, e suas palavras me fizeram pensar.
Quantas pessoas deixaram de existir por terem sido abortadas? Hoje, dificilmente um casal tem mais que um filho, mas vamos voltar um pouco no tempo – e nem precisa ser muito, coisa de algumas décadas atrás, quando as mulheres tinham mais filhos – e imaginemos um aborto provocado. Esse menino ou essa menina, vítima de assassinato, cresceria e teria cinco filhos e, cada um desses filhos, também se casaria e teria cinco filhos. Só nessas duas gerações, teríamos 31 indivíduos, que certamente teriam mais filhos e esses filhos teriam outros e chegaríamos a uma multidão.
Ainda que optemos por não recorrer a um exemplo tão hipotético, podemos pensar em um menino que esteja sendo abortado neste instante. Ele cresceria, estudaria, trabalharia, teria amigos, se casaria e teria um ou dois filhos e esses teriam outros filhos. Vejam quantas vidas alteradas, pois os filhos desse menino não nascerão e, consequentemente, os seus netos e bisnetos também não. A mulher que deveria se casar com ele não o conhecerá e terá todo o seu destino alterado, assim como haverá influência nos locais que ele deveria trabalhar, estudar e nas amizades que deveria fazer.
Poderia ser um médico, um padre, um inventor
Um aborto provoca uma alteração no destino do mundo, uma vez que afeta todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, se relacionariam com aquele ser humano que foi assassinado ainda no ventre de sua mãe, sendo impedido de nascer e de cumprir o seu papel. Ele poderia ser um inventor que impulsionaria o progresso, um médico que salvaria vidas, um sacerdote que salvaria almas; poderia ser um grande empregador, um presidente da república, ou poderia ser uma pessoa comum, até mesmo um mau-caráter, mas teria a sua história e estaria ligado à história de todos os seus descendentes, oriunda da sua.
É isso que faz uma mulher que realiza um aborto. Normalmente, as feministas, principais defensoras dessa prática criminosa, alegam que a mulher tem direitos sobre o seu corpo e eu posso até concordar que ela de fato tenha, principalmente o direito e o dever de não pecar. Contudo, uma vez que uma vida está sendo gerada em seu ventre, ela não tem mais direito sobre o seu corpo, porque agora ele é habitado por outra criatura, por um filho de Deus que tem o mesmo direito de nascer que ela teve. E nenhuma mulher tem o direito de decidir pela morte de seus filhos, e dos filhos, netos, bisnetos e tataranetos de seus filhos.
Primeiras ações do novo governo são pró-aborto
Infelizmente, nos primeiros dias do atual governo, enquanto as pessoas se distraíam com as consequências da estupidez ocorrida em Brasília, no dia 8 de janeiro, uma das primeiras medidas da Ministra da Saúde foi revogar a portaria que previa que os médicos comunicassem às autoridades policiais os casos de aborto decorrente de estupro, que está previsto em lei.
A portaria exigia ainda que se preservassem as evidências materiais do crime de estupro, que deveriam ser entregues imediatamente à autoridade policial, tais como fragmentos de embrião ou feto, com vistas à realização de confrontos genéticos que poderiam levar à identificação do respectivo autor do crime.
Há 76 hospitais autorizados a fazerem o aborto legal no país e, pelos protocolos do Ministério da Saúde, já não era necessária a apresentação de um Boletim de Ocorrência para a realização dos abortos pelo SUS, mas precisaria haver a comunicação feita pelo médico, após a realização do aborto; agora, com a revogação dessa necessidade, basta a alegação da gestante de que sofreu violência sexual que resultou em gravidez para que o procedimento seja autorizado, rapidamente e sem burocracia.
No governo anterior, o Ministério da Saúde já tinha recuado em alguns pontos na portaria que foi revogada no dia 16 de janeiro. Um deles se refere à exigência de que os médicos informassem à gestante a possibilidade de ver o feto que seria abortado em um exame de ultrassonografia, retirado após críticas de parlamentares e ativistas pró-aborto.
Mostrar o feto à mãe em um ultrassom era uma possibilidade de sensibilizá-la ao tomar consciência de que não tinha apenas um “pedaço de carne” dentro de si, mas um ser humano em formação, com coração batendo, pés, mãos e dedos. Entretanto, ativistas consideram isso “uma violência contra a mulher que deseja abortar” e não um choque necessário, capaz de salvar algumas vidas.
Promessas de campanha
Apenas um dia depois da ação da Ministra da Saúde, o Presidente da República retirou o Brasil da Declaração do Consenso de Genebra sobre Saúde e Fortalecimento da Mulher, uma declaração internacional contra o aborto. A CNBB manifestou reprovação a “toda e qualquer iniciativa que sinalize para a flexibilização do aborto” e pediu esclarecimentos ao Governo Federal “considerando que a defesa do nascituro foi compromisso assumido em campanha”. No entanto, promessas de campanha, seja quem for o candidato, sabemos que não passam de promessas de campanha, e que duram até o resultado das eleições.
O atual governo pauta as ações que abrem caminho para a legalização do aborto no discurso de “defesa dos direitos das minorias”, mas quem vai defender as crianças que têm nas próprias mães os seus piores inimigos?
Minha intenção não é julgar e nem criticar as mulheres, e eu nunca deixei de me indignar com o vil comportamento dos homens que não assumem o seu quinhão de responsabilidade nos casos de gravidez indesejada. Quantas mães solteiras existem que optaram por não fazer o aborto, mas que tiveram que arcar sozinhas com a criação de seus filhos, porque os pais se eximem de fazer a sua parte?
Deus conhece a todos
Ainda existem alguns entraves para que o aborto seja legalizado no Brasil, todavia, pelo andar da carruagem, lamentavelmente, não demorará muito para que isso acabe acontecendo. Usem os discursos que queiram usar, defendam os direitos feministas que queiram defender, uma coisa é certa: se o aborto for aprovado, as mãos do Presidente e de todas as autoridades que contribuírem para a mudança na lei estarão sujas do sangue dos inocentes que vierem a ser legalmente assassinados, e serão cúmplices todos aqueles que facilitaram esse tipo de situação.
As pessoas podem resolver as coisas e tentar aplacar as suas consciências com discursos e legislações, mas cada um desses defuntinhos são acolhidos pelas mãos amorosas de Maria, lavados com as suas lágrimas e depositados no aconchego do Sagrado Coração de Jesus, que preside o tribunal da Justiça Divina, da qual não escapa nem um til.
Pobres crianças e pobres mães assassinas que levarão as marcas de seus crimes impressos em suas almas, sofrendo as consequências físicas e emocionais deles já aqui nesta vida, ainda que façam de conta que está tudo bem e repitam o crime. E, triste destino desses irresponsáveis pais, porque Deus os conhece a todos e a cada um.
Por Afonso Pessoa
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