Quem era a religiosa cujo corpo foi encontrado incorrupto nos EUA?
A descoberta do corpo incorrupto de Madre Wilhelmina Lascaster, OSB, nos Estados Unidos, ainda repercute.
Redação (26/05/2023 14:56, Gaudium Press) Nos últimos dias, a mídia, oficialmente católica ou não, noticiou a surpreendente descoberta do corpo incorrupto de Madre Wilhelmina Lascaster, OSB, fundadora das beneditinas de Maria, Rainha dos Apóstolos, falecida há quatro anos.
Por exemplo, em uma reportagem a CNN noticiou que agora há milhares de pessoas que estão indo ver o corpo incorrupto que se encontra na abadia das beneditinas, na zona rural do Missouri. O corpo da religiosa, afro-americana, foi exumado no dia 18 de maio passado com vista à sua transferência para o local de descanso final dentro da capela do mosteiro.
Enquanto se aguarda a investigação canônica, a Catholic News Agency (CNA) forneceu alguns dados biográficos da religiosa.
Mary Elizabeth Lancaster nasceu em 13 de abril de 1924, em St. Louis, a segunda de cinco filhos de pais católicos. Wilhelmina é seu nome religioso.
Ela teve uma experiência mística aos 9 anos de idade, quando Jesus a convidou para ser sua. Quando completou 13 anos, o pároco perguntou-lhe se ela queria ser religiosa Embora ela nunca tivesse pensado nisso, a ideia agradou-lhe, e ela resolveu escrever para as Irmãs Oblatas da Providência em Baltimore. As irmãs pedem para ela esperar, porque ainda era muito jovem.
A “carta”, apenas algumas linhas simples, mostra a inocência, a fé e a franqueza da jovem:
“Querida Madre Superiora”, lê-se. “Sou uma jovem de 13 anos e gostaria de ser religiosa. Pretendo ir ao seu convento logo que possível. Vou terminar o ensino fundamental no mês que vem. O que eu quero saber é se devo levar algo para o convento e o que devo levar. Espero não estar incomodando, mas tenho o coração inclinado para me tornar religiosa (claro que sou católica). Deus abençoe a senhora e aquelas que estão sob seu comando. Respeitosamente, Mary Elizabeth Lancaster.”
Na escola, impregnada por uma mentalidade não católica, ela era insultada devido à sua cor, apelidada de “gotas de chocolate”. Mas ela nunca guardou rancor de seus companheiros batistas ou metodistas.
Ela era a melhor aluna da classe. Depois de formada, ingressou nas Oblatas, permanecendo com essas irmãs por 50 anos.
Talvez fruto de uma má-interpretação do espírito do Concílio Vaticano II, a comunidade quis prescindir do hábito tradicional, mas ela procurou preservar o seu, chegando mesmo a confeccionar um para si quando as irmãs pararam de confeccioná-los.
“Ela passou muitos anos lutando pelo hábito”, disse a atual superiora da comunidade. Para Madre Wilhelmina o hábito era a veste da noiva de Cristo. Inclusive o hábito salvou sua vida. Ela estava lecionando em Baltimore, quando um aluno descontente tentou acertar seu pescoço com uma faca. Mas a gola do hábito, feita com plástico rígido de uma garrafa, impediu que a faca a atingisse.
Certo vez, ela ouviu falar que a Fraternidade Sacerdotal de São Pedro tinha iniciado um grupo de irmãs, e redescobriu o rito extraordinário da missa, que a encantou.
“E um dia, ela fez as malas – já tinha 70 anos – e foi fundar essa comunidade; um salto completo de fé”, contou Madre Cecília atual abadessa.
Em 1995 fundou a comunidade, em Scraton, Pensilvânia, com a ajuda de um membro da Fraternidade Sacerdotal de São Pedro. Assumiu a regra de São Bento e o cântico do Ofício Divino em latim. Com o tempo, assumiu um carisma mais contemplativo e marcadamente mariano, com especial ênfase na oração pelos sacerdotes.
Ela propôs para a nova comunidade voltar à observância regular, algo que ela havia pedido durante o capítulo geral das Irmãs Oblatas da Providência. “O uso do hábito, a entrega de todo o dinheiro a um ecônomo comum, a obediência à autoridade legal em todos os departamentos, a guarda da clausura e do silêncio nos devidos tempos e lugares, e a convivência de uma autêntica vida fraterna”.
Em 2006 a comunidade mudou-se para sua sede atual, na Diocese de Kansas City-St. Joseph, no Missouri, a convite do bispo Robert W. Finn.
Em 2018, foi consagrada a Abadia de Nossa Senhora de Éfeso, e como abadessa, foi eleita Madre Cecília, ficando a irmã Wilhelmina sob sua autoridade. Logo depois, em 2019, sete irmãs deixaram a abadia para estabelecer a primeira filial da Ordem, o Mosteiro de São José em Ava, Missouri.
Pouco antes de morrer, ela deixou uma recomendação para a comunidade: “Devoção a Nossa Santíssima Mãe, devoção verdadeira a Nossa Santíssima Mãe”. De fato, as últimas palavras da Irmã Wilhelmina foram um cântico de louvor a Nossa Senhora.
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