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Queda do Império Romano do Ocidente

No século V, os bárbaros se disseminavam por todo o Império Romano, quer do Ocidente, quer do Oriente. Eram eles, entre outros, os hunos, godos, vândalos, germanos, alanos.

Genseric sacking rome 456

Redação (10/09/2021 09:06, Gaudium Press) Muitos bárbaros chegaram a ser admitidos como federados do Império: forneciam seus contingentes ao Exército em troca de um estipêndio pago pelo governo .

Comenta Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:

“A Itália e toda a Europa aquém do Reno e do Danúbio estavam invadidas por bárbaros.

“Esses bárbaros eram germanos, depois normandos – de uma origem germânica também –, hunos que deram origem aos atuais húngaros magiares, invadiram a Europa por vários lados.

“O Império Romano do Ocidente, que cobria a Europa Ocidental, resistiu durante muito tempo. Mas com o luxo, a degradação dos costumes, etc., o desejo de batalha dos romanos do Ocidente foi caindo. Eles foram pondo uma resistência cada vez menor aos bárbaros que queriam invadir.”

Quando Alarico, rei dos vândalos, saqueou Roma, em 410, muitas pessoas de alguma fortuna fugiram para Cartago, onde “passavam a vida em jogos, no vinho, nas casas de perdição e nos espetáculos. O grande Circo é o centro de suas esperanças, seu templo, sua habitação” .

“Em determinado momento, os bárbaros, situados para além do Reno e do Danúbio, mandaram comunicar aos chefes militares romanos, colocados ao longo do Reno e do Danúbio, que eles estavam fugindo por sua vez de um invasor mais bárbaro, o qual vinha por detrás. Não sabiam quem era – tratava-se dos hunos –, mas estava vencendo e acossando a eles.

“Então, a fim de poderem fazer uma resistência eficaz, pediam licença aos romanos para atravessarem o Reno e o Danúbio e se fixarem dentro do Império Romano. Assim, eles ficariam protegidos pelos rios e poderiam lutar contra os hunos mais facilmente.

Atitudes heroicas de bispos santos

“Os romanos acharam que isso era muito inteligente, porque os bárbaros, os germanos, lutariam contra os hunos. Uns aniquilariam outros, e os romanos ficariam sem combater uns e outros.”

Hoje em dia, muitas pessoas apodrecidas de alma têm essa mesma mentalidade; cedem diante de tudo aquilo que vai demolindo a ordem cristã.

“A mentalidade do podre, do decadente, é assim. Eles não só consentiram, mas os soldados romanos ajudaram a estabelecer pontes de madeira para que os bárbaros, os quais tinham sido, durante séculos, mantidos para além dos rios, os atravessassem. […]

“Os governadores e os soldados romanos tiveram medo dos bárbaros e todos fugiram. Mas da Santa Sé veio uma ordem para todos os bispos e padres não abandonarem seus postos. Deveriam permanecer nos cargos e continuar a exercer seu ofício, tentando converter os bárbaros.”

Eis alguns exemplos do que ocorreu na Gália, atual França.

Santo Aniano, Bispo de Orleans, foi a alma da resistência dessa cidade que estava a ponto de ser tomada por Átila, em 451, e conseguiu libertar-se graças à chegada das tropas romanas comandadas pelo General Aécio. O rei huno dirigiu-se, então, a Troyes, mas o seu bispo São Lupo o invectivou e o “flagelo de Deus” se afastou.

Eurico, rei dos visigodos, era um ariano fanático que irrompeu na Gália, onde muitas igrejas foram destruídas e bispos massacrados ou exilados. Santo Epifânio, Bispo de Pavia – cidade do noroeste da Itália –, foi ao encontro de Eurico, que estava em Toulouse – Sul da França –, o qual ficou impactado pela presença do Santo e prometeu respeitar os habitantes dos locais por ele conquistados.

Sentido fundamental dos acontecimentos

“Os bárbaros que invadiram a Europa nos séculos IV e V eram arianos que tinham ódio ao nome católico. Eles haviam sido pervertidos, na passagem do paganismo para o arianismo, por um bispo ariano, Úlfilas, que percorrera as regiões dos bárbaros.

“Portanto, a invasão dos bárbaros foi a dos hereges arianos, que já tinham atormentado de todos os modos o Império Romano do Oriente e o Império Romano do Ocidente. Este foi o sentido fundamental dos acontecimentos.”

Os arianos “afirmavam que Nosso Senhor Jesus Cristo tinha uma natureza apenas humana; não era Deus, era um grande homem, um homem extraordinário. E essa heresia, como percebem, importava na negação completa da Religião Católica. Reduzir Nosso Senhor Jesus Cristo a um puro homem é negar a Doutrina da Igreja por inteiro”.

Na biografia do sacerdote judeu Marie-Théodore Ratisbonne (1802-1884), que fundou na França uma Sociedade de padres e uma Congregação de religiosas para a conversão de seu povo, consta que os israelitas “se uniram aos arianos para negar a divindade do Salvador”.

Úlfilas (311-383) foi um godo que recebeu formação cristã e traduziu a Bíblia para a língua gótica. Mas se tornou ariano pela ação nefanda de Eusébio de Nicomédia, o qual o ordenou bispo em Constantinopla. Gozou da proteção dos Imperadores do Oriente Constâncio II e Valente, arianos fanáticos .

Roma fora tomada e saqueada pelos visigodos de Alarico, em 410, e novamente pelos vândalos de Genserico, em 455. Por essa razão, a capital da Itália passou a ser Ravena, mas o imperador que lá residia não tinha autoridade alguma. Nesse país havia constantes perturbações, motins, assassinatos.

 E no ano 476, um chefe dos germanos acampados na Itália, Odoacro, destronou o Imperador Rômulo Augusto, um menino de treze anos que por derrisão passou a ser chamado Rômulo Augústulo.

Assim, o Império Romano do Ocidente desapareceu e teve início a Idade Média, época em que a Igreja Católica brilhou intensamente e seus inimigos foram humilhados.

Por Paulo Francisco Martos

 

 

 

 

 

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