Quando o inimigo atende pelo nome de mãe
O demônio, sutilmente, entre uma ideologia e outra, foi soprando, na delicada alma da mulher, muitas dúvidas sobre a maternidade.
Redação (30/01/2022 11:17, Gaudium Press) Mãe é a palavra mais doce que existe e, apesar de pequena, é carregada de enormes significados. Mãe é a primeira e, quase sempre, a mais importante conexão de uma pessoa com a vida. Chegamos ao mundo através da mãe, somos alimentados por ela e é ela que nos ensina a falar, andar e nos relacionar.
A mãe é a primeira pessoa na qual pensamos quando estamos em dificuldade, com medo, solitários, tristes, com fome, com frio, ou apenas querendo colo e aconchego. É com ela que desejamos partilhar os nossos sucessos e nos consolar de nossos fracassos.
Quando pequenos, é a mãe que nos conduz, nos educa, nos incentiva, nos apresenta ao mundo, nos ensina a diferença entre o certo e o errado, o bem e o mal, o que devemos e o que não devemos fazer, os perigos que devemos evitar e como devemos nos comportar nas mais diversas situações.
Mãe é a pessoa que mais tememos perder, aquela que sabemos que vai nos compreender sempre e pela qual somos capazes de brigar se a vemos ofendida. Ela é o símbolo do cuidado, do carinho, da delicadeza, da comida gostosa, das cantigas de ninar, das histórias inesquecíveis e dos ferimentos soprados e curados com um beijo.
Mãe é a sustentação durante a infância e a referência na vida adulta e, entre os nossos maiores arrependimentos, não raro, estão as vezes que não seguimos os conselhos delas, porque, por um dom sobrenatural, uma espécie de sexto sentido, elas sempre sabem o que é bom e o que não é bom para nós.
Mãe é aquela que nos defende, que não mede sacrifícios no cuidado dos filhos, a única criatura que é capaz de dar a própria vida por nós.
Bem, pelo menos era assim, mas, isto vem mudando…
Simone de Beauvoir
Vários movimentos revolucionários foram dando outras configurações ao papel da maternidade, e o demônio, sutilmente, entre uma ideologia e outra, foi soprando, na delicada alma da mulher, muitas dúvidas sobre a maternidade. A primeira dessas ideologias foi aquela que discutiu a existência do instinto materno e que teve como uma de suas grandes defensoras a escritora francesa Simone de Beauvoir.
Uma das posições mais famosas de Beauvoir era a de que “enquanto a família, o mito da família, o mito da maternidade e o instinto materno não forem destruídos, as mulheres ainda serão oprimidas”. Para ela, o desejo de ser mãe não é algo natural, mas resulta de um condicionamento.
Ela comparava uma criança gerada no ventre materno a um “corpo parasita” e defendia que a vocação para a maternidade era algo “construído para fazer a mulher lavar a louça”.
Defendia as campanhas pró-aborto como “úteis para destruir a ideia da mulher como uma máquina de reprodução” e dizia que, “assim como os homens, as mulheres não precisam dar à luz”.
Deus criou o homem e a mulher
Sem dúvida, este é um assunto complexo que não cabe em um simples artigo, portanto, nem vou enveredar por esse caminho: falar do aborto, da opção por não ter filhos e da escolha – ou, na maioria das vezes, necessidade – de deixar que eles sejam criados nas creches, em vez de com as próprias mães.
Não digo que ser mãe seja fácil e nem que não existam mães ruins, porém, por mais que digam o contrário, a maternidade é o papel atribuído por Deus à mulher e constitui o seu mais sublime dom. Tentar desconstruir isto é querer subverter a ordem natural da vida e agir em consonância com o mal.
Hoje, vivemos uma inversão de valores tão grande que a própria biologia é questionada e, o que uma desvairada militância deseja é que, em breve tempo, o ser humano deixe de ser classificado como homem e mulher.
É óbvio que esta é uma questão totalmente ideológica, e quem se ocupa dela parece não ter ainda uma solução para resolver a condição de macho e fêmea do reino animal.
Uma boa alternativa para isso pode ser a extinção maciça dos animais, a fim de não restar nenhuma evidência que ameace a teoria que tenta jogar fora milhares de anos de história e provar que a Bíblia está errada, que Deus não criou o homem e a mulher, que este é apenas um conceito imposto e que cada um pode escolher o sexo que quer ter.
Realmente, não consigo ver outra solução além da extinção de todos os representantes do reino animal, assim como reino vegetal, para apagar também todos os vestígios da reprodução sexuada das plantas, que requer a união entre o feminino e o masculino.
Amo meu filho, mas odeio ser mãe!
Sempre que uma nova ideologia surge, ela é lançada de forma experimental, primeiro sutilmente. Testa-se a reação inicial e vai-se caminhando, entre recuos e avanços, até que ela ganhe terreno e chegue ao ponto em que os indivíduos comecem a ter dúvida sobre o certo e o errado e se percam entre o que era, o que é e o que pode vir a ser.
Há algum tempo, começaram a aparecer manifestações esporádicas, embasadas na afirmação: “Amo meu filho, mas odeio ser mãe!”. Isso começou de forma sutil e foi ganhando corpo, criando redes de apoio, formando grupos de discussão.
E a tendência é que, como um vulcão adormecido, esse movimento tenha uma explosão nos próximos meses, sobretudo após o lançamento do filme “A filha perdida”, que concorre ao Oscar e discute os dilemas da maternidade, dando voz e espaço às mulheres que não gostam de ser mães e não veem nenhum mal em abandonar os filhos para viverem suas vidas.
Há militantes que extrapolam, como é o caso da feminista canadense Shulamith Firestone, morta em 2012. Ela defendia a ideia de um rompimento total do vínculo entre mãe e filho, cuja criação deveria tornar-se responsabilidade do Estado. Em sua delirante utopia, ela ia ainda um pouco mais longe, sonhando com a possibilidade de algum tipo de reprodução humana artificial, de maneira que o ato de ter e criar filhos não fosse mais responsabilidade de pais e/ou familiares, mas um assunto do Estado ou da comunidade.
Inversão de valores
Não se discute aqui os direitos das mulheres e nem se tenciona apagar a opressão sofrida por elas durante muito tempo, o que se discute é a absurda inversão de valores que tem tomado corpo e já começa a alcançar extremos trágicos, com casos crescentes de mães que matam os filhos pequenos com um nível inimaginável de crueldade.
Apenas nas últimas semanas, tivemos conhecimento de uma mãe que matou um filho de três e um de seis anos, na Baixada Fluminense, e outra que matou o filhinho de três anos, na grande São Paulo. Ambas mataram as crianças a facadas. Outra foi condenada, no Mato Grosso do Sul, por ter asfixiado e enterrado ainda viva a filha de dez anos, para encobrir o estupro praticado pelo padrasto da criança. E esses são apenas alguns exemplos; há muito outros.
Se, por um lado, há mulheres fazendo de tudo para conseguir ter filhos, desde promessas a tratamentos sofisticados; por outro, há muitas que abortam, outras que abandonam seus bebês e uma boa quantidade que se presta a ocupar espaço nas redes sociais para falar sobre os incômodos da maternidade e sobre quanto odeiam a sua condição de mães. Algumas, simplesmente estão matando os seus filhos.
Intervenção de Deus
Já não sou jovem e provavelmente morrerei sem ver até onde pode chegar a bestialidade humana, cada vez mais aberta às sugestões das trevas, maquiadas como lutas legítimas por direitos iguais. Quando será que vão levantar a bandeira do direito dos filhos de terem pais e mães que os tragam ao mundo, os assistam, os criem, os eduquem e, sobretudo, os amem e façam deles cidadãos dignos, construtores de um mundo melhor?
Como disse, já não sou jovem, mas nunca achei que fosse viver para ver as coisas que se passam no mundo atual. É claro que nossas mães tiveram falhas, afinal aprende-se a criar filhos, criando-os, mas, a maioria delas deu o seu melhor e conseguiu viver o papel de mãe dignamente, com satisfação e felicidade.
Antes, quando uma criança sentia medo do escuro, ela chamava a mãe e tudo se resolvia. Mas, do jeito que as coisas caminham, num futuro breve, o melhor que poderá acontecer a uma criança será ter uma boa tranca na porta do seu quarto, para fechá-la bem antes de dormir e fugir do perigo de ser atacada por aquela que tem o nome mais doce do mundo e deveria dar a vida para proteger aqueles que gerou.
Espero, do fundo da minha alma, que, com a Sua Mãe Santíssima, Nosso Senhor intervenha e coloque tudo no lugar, antes de chegarmos a esse ponto.
Afonso Pessoa
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