Quando a ceia divina se transforma: a Missa do Padre Bernasconi
O torso nu, a barba cerrada de vários dias e a mão direita apoiada sobre um pano branco que cobre um colchão inflável boiando no azul do mar…
Redação (26/07/2022 15:31, Gaudium Press) O torso nu, a barba cerrada de vários dias e a mão direita apoiada sobre um pano branco que cobre um colchão inflável boiando no azul do mar Mediterrâneo.
Com sua mão esquerda, o barbudo de costas nuas sustenta e observa atentamente um objeto… poderá ser um celular com o qual está tirando uma selfie ou uma foto. Mas olhando bem… ah, sim, é uma taça; Deve conter um refrescante ‘mojito’, óbvio, para amenizar o ensolarado e bronzeante dia, embora a taça pareça um tanto solene para a ocasião. Ao seu lado, um jovem segura o colchão, talvez para que ela não se mova enquanto o veranista se acomoda sobre ele e continua seu dia na praia iniciando a leitura de textos que ali estão.
Atrás do primeiro plano, a boia salva-vidas completa o quadro, sobre um mar que se perde no fundo do horizonte e que convida a relaxar, que poderá ser calmo ou de olhares um tanto pecaminosos, porque é preciso colocar uma ‘faísca’ na vida.
Mas não, não é uma cena do mar e turistas de verão.
Se diz que é um sacerdote celebrando a Missa, segundo reportagem publicada pelo ‘La Repubblica’: “Haviamos escolhido o pinar de um parque, mas estava cheio. Fazia muito calor e então nos perguntamos: por que não entrar na água?”, diz facilmente o Padre Mattia Bernasconi, que estava acompanhado por jovens da Paróquia São Luis Gonzaga, em Milão. Eles estavam em uma praia em Crotone.
Sem compreensão do gigantesco mistério
Para o inferno com o direito canônico (cn 929), que prescreve que “ao celebrar e administrar a Eucaristia, os sacerdotes e diáconos devem usar as vestes sagradas prescritas pelas rubricas”. Para o inferno o cânon 932, que estabelece que a Eucaristia deve realizar-se em lugar sagrado e sobre altar abençoado, ou se a necessidade o exigir “em lugar digno” e “mesa apropriada”.
Para o inferno com quase todas as rubricas, as regras obrigatórias que devem ser seguidas ao celebrar a missa. Que se o paramento tinha que ser verde, ou vermelho do martírio, “o que importa”, deve ter dito o Padre Bernasconi, “vamos fazer um paramento cor amendoada estilo Coppertone”.
Haverá levado o Evangelho na solene procissão de entrada alguma leitora facilmente ‘paramentada’ de biquíni? Ou quando o celebrante beijou o altar pela primeira vez durante o rito, será que o colchão inflável afundou, facilitando a abertura de uma alegre conversa com os peixinhos do mar?
Ou talvez a leitura do Evangelho tenha sido acompanhada pelas notas de algum raggaeton em ritmo acelerado que saiu de um iate que cruzou veloz por ali, cuja tripulação não conseguiu entender o que estava acontecendo?
A profanação dos ritos, apesar de todas as tentativas em contrário, está (essa sim) em voga. Fatos como os Padre Bernasconi, mais do que mostrar uma não sujeição às normas estabelecidas pela Igreja para salvaguardar o rito, o que revelam é uma incompreensão e consequente desprezo do mistério, que é, nada mais nada menos que o maior milagre operado na face da Terra, a transubstanciação do mero trigo em um Deus inteiro.
Onde iremos parar… Não é por acaso que muitos se queixam de uma certa animosidade para com aqueles que procuram cuidar dos ritos, juntamente com um certo desleixo em relação aos que querem fazer do alimento mais sagrado comida de porcos. (SCM)
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