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Qual será a pauta do próximo consistório?

Nas próximas horas, uma “carta de Natal” assinada pelo Papa Leão XIV deve chegar às residências de todos os cardeais.

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Redação (17/12/2025 08:12, Gaudium Press) O jornalista italiano Nico Spuntoni, em artigo publicado no Il Giornale, destaca, assim como outros analistas internacionais, as datas de 7 e 8 de janeiro como o foco de atenção no Vaticano: serão os dias do consistório extraordinário convocado pelo Papa Leão XIV.

De acordo com Spuntoni, os cardeais receberam a convocação oficial em 7 de novembro passado, e o Pontífice já os aguarda na tarde da primeira quarta-feira do ano. No dia seguinte, os purpurados celebrarão uma missa com o Sumo Pontífice no altar da Cátedra de São Pedro, no interior da Basílica Vaticana — um ato que alguns observadores já descrevem como o “segundo início” do pontificado de Prevost.

A motivação específica para o consistório extraordinário ainda permanece desconhecida. De acordo com o direito canônico, tais reuniões são convocadas apenas quando necessidades particulares da Igreja ou questões de gravidade excepcional o justificam. No entanto, segundo Spuntoni, nas próximas horas uma “carta de Natal” assinada pelo Papa Leão XIV deve chegar às residências de todos os cardeais, delineando os preparativos para o encontro.

“Leão XIV pegou pessoalmente pena e papel para escrever aos seus irmãos cardeais, com o objetivo de restaurar seu papel original como principais colaboradores no governo da Igreja universal — um papel que, segundo fontes vaticanas, foi sensivelmente reduzido durante o pontificado de Francisco”, relata o jornalista italiano. É amplamente conhecido que Francisco preferia consultar um círculo restrito de assessores fiéis, como o chamado C9, posteriormente reduzido ao C6. Em 2022, Bergoglio convocou todos os cardeais a Roma para tratar da Praedicate Evangelium, a Constituição Apostólica que reformou a Cúria Romana, mas o debate foi limitado — especialmente porque o documento já estava em vigor havia quase três meses.

Spuntoni observa que o baixo envolvimento dos cardeais no governo da Igreja foi um dos pontos mais criticados do pontificado anterior, tema recorrente nas Congregações Gerais que antecederam o conclave. Prevost, no entanto, demonstrou estar consciente disso: apenas dois dias após sua eleição, em sua primeira reunião com o Colégio Cardinalício, manifestou a intenção de realizar encontros periódicos, encerrando assim uma fase de declínio objetivo do Colégio Cardinalício.

Para preparar o consistório de janeiro, Leão XIV orientou os cardeais a relerem duas obras fundamentais: a Evangelii Gaudium, primeira exortação apostólica de Francisco, publicada em 2013, e a Praedicate Evangelium. “Trata-se de leituras que, de um lado, convidam à reflexão sobre a perspectiva da Igreja e, de outro, recolocam em evidência a relação entre a Cúria Romana e o exercício do poder”, explica o jornalista.

Na carta de convocação do consistório, o Pontífice também abordou a sinodalidade — conceito que marcou o pontificado bergogliano como uma espécie de manifesto, mas que o atual Pontífice reinterpretou à sua maneira. Para Leão XIV, o fruto último da sinodalidade é a comunhão.

Por fim, o documento papal trata da questão litúrgica, aparentemente vinculada ao tema da sinodalidade. “Sabemos como a liturgia se transformou, sobretudo após a promulgação da Traditionis Custodes em 2021, no principal front de tensão entre as diversas sensibilidades eclesiais”, destaca Spuntoni.

Assim, o consistório de janeiro pode representar uma ocasião para que os cardeais debatam a postura da Igreja diante do crescente número de fiéis tradicionalistas — aqueles que reconhecem o Concílio Vaticano II, mas que desejam preservar a celebração da Missa Tridentina.

Embora não haja uma pauta oficial, os temas centrais do consistório já se delineiam de forma clara e implícita.

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