Primeiro Domingo do Advento
Ao longo deste tempo do Advento somos convidados a seguir o exemplo de São João Batista e anunciar a todos que o Reino de Deus está próximo.
Redação (01/12/2023 14:27, Gaudium Press) Iniciamos o novo ano litúrgico celebrando neste domingo, o primeiro do tempo do Advento. Como dissemos, com esta celebração inicia-se um novo ano litúrgico para a Igreja, diferentemente do ano cível, o ano da Igreja termina na última semana do Tempo Comum e o novo ano inicia-se nas primeiras vésperas do primeiro Domingo do Advento.
O tempo do Advento visa a preparação para o Natal do Senhor (mistério da encarnação), e é um tempo de expectativa e preparação, por isso ao longo do tempo do advento não se canta o hino do Glória que volta na grande noite de Natal. A cor litúrgica usada ao longo desse tempo é o roxo, indicando um tempo de esperança, conversão, penitência, reflexão e espera pela chegada do Senhor. A Igreja recomenda que todos os fiéis realizem a confissão sacramental ao menos duas vezes ao ano, uma em preparação à Páscoa e outra em preparação ao Natal do Senhor. Por isso, aproveitemos esse tempo para nos reconciliar com o Senhor e com o nosso próximo. Teremos em todas as paróquias os mutirões de confissões para proporcionar essa possibilidade a todas as pessoas.
Ao longo deste tempo do Advento somos convidados a seguir o exemplo de São João Batista e anunciar a todos que o Reino de Deus está próximo. Evangelizar os amigos, vizinhos, colegas de trabalho e de comunidade, anunciando o amor de Deus por nós e convidando as pessoas a mudarem de vida. Do mesmo modo que São João Batista somos convidados a ser precursores, ou seja, preparar a vinda do Senhor com alegria.
Ao longo desse tempo do Advento nos depararemos com alguns personagens marcantes, que nos ajudarão a rezar e adentrar na espiritualidade desse tempo. São eles: Isaías, São João Batista, Arcanjo Gabriel e Nossa Senhora. Nos dois primeiros Domingos do Advento a liturgia tratará mais sobre a segunda vinda de Cristo e os dois últimos Domingos tratará sobre a primeira vinda.
O tempo do Advento vai até o 4º Domingo do Advento, e, neste ano até por volta das 15h celebra-se a liturgia do 4º Domingo do Advento e a partir das 15h celebra-se as primeiras vésperas do Natal e as várias missas do natal, em especial, a missa da noite de Natal. O Natal esse ano será na segunda-Feira, dia 25 de dezembro.
Preparando o Natal vamos vivenciar com alegria e esperança esse tempo do Advento deixando-nos conduzir pela palavra e pelos sinais deste tempo.
A primeira leitura deste Domingo é do livro do profeta Isaías (Is 63,16b-17.19b;64,2b-7), Isaías começa exaltando a Deus como nosso Redentor, depois Isaías faz um lamento de como que Deus deixou o povo ficar por tempo longe de seu amor e de sua misericórdia. Mas, Deus fez isso por causa da dureza de coração do povo que se afastou do Deus de Israel e preferiu os ídolos. Como o Senhor é misericordioso, resgata esse povo e traz de volta para a terra de Israel.
Assim como todos os profetas, Isaías profetiza a vinda do Senhor, cerca de 400 anos a.C., e quando o Senhor vier julgará cada um de acordo com as suas obras e virá para salvar o povo de Israel de seus pecados e selar uma aliança eterna com todo o povo. Uma aliança que tempo nenhum irá destruir.
O salmo responsorial é o 79 (80), diz em seu refrão: “Iluminai a vossa face sobre nós, convertei-nos para que sejamos salvos”. O Senhor vem nesse Natal para iluminar as nossas trevas e abrir os nossos caminhos para o amor e a justiça. O Senhor espera que com a sua vinda nós possamos nos converter e deixar para trás aquilo que desagrada a Deus, praticando aquilo que agrada a Deus com certeza seremos salvos.
A segunda leitura é da primeira carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 1,3-9), Paulo elogia a comunidade de Corinto, pois eles eram perseverantes no ensinamento transmitido pelo apóstolo e nutriam um amor mútuo uns pelos outros. O apóstolo inicia a carta com uma saudação conhecida de todos nós: “Irmãos, a vós, graça e paz da parte de Deus nosso Pai, e de Nosso Senhor Jesus Cristo” (1Cor 1,3).
Para Paulo e para a comunidade, a segunda vinda de Cristo se daria de forma eminente, ou seja, seria logo. Mas, como o próprio Jesus disse quando esteve entre nós, somente o Pai sabe quando será esse dia. Então, não adianta querer ficar adivinhando quando será ou dizendo que está perto esse dia. Vivamos cada dia de uma vez e quando for o momento nos encontraremos com o Senhor. Mas, Paulo diz que a comunidade estava no caminho certo para o encontro com o Senhor. Ele é fiel e o desejo D’Ele é salvar todos nós.
O Evangelho desse Domingo é segundo Marcos (Mc 13,33-37), nesse Evangelho Jesus alerta aos discípulos dizendo para eles ficarem atentos, pois não se sabe o dia ou a hora da vinda do Senhor. Jesus pede aos discípulos e para nós hoje, que estejamos sempre vigilantes, pois não se sabe quando será o dia ou a hora. Essa vigilância devemos praticar amando o nosso próximo, praticando a justiça, a caridade, o perdão e o amor aos irmãos. Ou seja, ser vigilantes e fazer com que o Reino de Deus aconteça aqui na terra, para que depois o vivamos de maneira plena no céu.
A liturgia dos dois primeiros Domingos do Advento trata mais especificamente sobre a segunda vinda de Cristo e aquilo que se dará no grande dia da “parusia”, as leituras têm mais um caráter apocalíptico (o Senhor virá). Nos dois últimos Domingos as leituras se voltam mais precisamente ao Natal, ou seja, tratam da primeira vinda de Nosso Senhor (Ele veio).
De certa forma ao longo do tempo do Advento vamos repetir a cada Domingo essa súplica: “Vinde, Senhor Jesus”. Pois, ao celebrarmos o Advento queremos suplicar a vinda do Senhor, seja o nascimento D’Ele em nosso coração ou suplicar o nosso encontro com Ele, em sua segunda vinda.
Celebremos com alegria esse primeiro Domingo do Advento e que pouco a pouco a luz do Senhor possa ir iluminando o nosso coração e a nossa vida. Do mesmo modo que a cada Domingo vamos acendendo uma vela da coroa do advento, e a luz vai dando lugar às trevas, que a nossa vida possa ser iluminada por essa luz e deixemos para trás as ações das trevas.
Por Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ).
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