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Por que ler a Bíblia?

Em nosso século, quando o turbilhão de doutrinas vazias causa a estranha sensação de que tudo é caos, mentira e ilusão, onde encontrar o ensinamento seguro, que sacia o desejo natural do homem pela verdade?

Foto: Joel Muniz/ Unsplash

Foto: Joel Muniz/ Unsplash

Redação (08/09/2025 09:58, Gaudium Press) Em que visamos quando ouvimos uma palestra, assistimos a uma peça de teatro, lemos um livro ou, enfim, tomamos contato com qualquer espécie de texto? Na primeira parte do escrito Este é o livro dos mandamentos de Deus, uma de suas primeiras aulas, São Tomás explicita aquilo que todos buscamos num bom orador ou numa boa leitura: ensino para a ignorância, deleite para o tédio e comoção, ou estímulo, para a obtusidade.

Esses três benefícios encontram-se de forma eminente nas Sagradas Escrituras. Explica o Doutor Angélico que a Sacra Pagina – como os medievais denominavam a Bíblia – ensina firmemente pela verdade eterna de suas palavras, deleita por sua utilidade e convence com eficácia pela força de sua autoridade.

Em nosso século, quando o turbilhão de doutrinas vazias causa a estranha sensação de que tudo é caos, mentira e ilusão, onde encontrar o ensinamento seguro, que sacia o desejo natural do homem pela verdade, senão naquela “Lei que subsiste eternamente” (Br 4, 1)?

Explica o Aquinate que o caráter eterno da doutrina das Escrituras provém da autoridade divina que a proferiu: “Se o Senhor dos exércitos decidiu, quem poderá revogar?” (Is 14, 27). Com efeito, “o Senhor não é homem para que minta, nem criatura humana para que se arrependa” (Nm 23, 19). Ele mesmo afirmou de Si: “Eu sou o Senhor e não mudo” (Ml 3, 6).

A Palavra de Deus também comove a vontade pela sua necessidade. Quando menciona a comoção, São Tomás não se refere a um mero estremecimento interior e sentimental, mas a um incentivo a agir virtuosamente: “co–mover”. De fato, o homem será julgado segundo suas ações nesta vida. Como agir com retidão e santidade senão orientados pela luz divina e impelidos pela caridade? Assim, a verdade contida nas Escrituras, alimentando a fé e o amor, impulsiona às boas obras, sem as quais ninguém se salvará.

A Bíblia, portanto, tem uma autoridade pela qual convence quem entra em contato com ela. Essa autoridade mostra-se eficaz por três motivos: primeiro, pela sua origem, que é Deus; segundo, pela necessidade de se crer, pois assim nos ordena Cristo; terceiro, pela uniformidade de seu ensinamento.

Além de instruir seguramente a inteligência e robustecer a vontade, a Sacra Pagina também deleita e atrai por sua utilidade: “Sou Eu, o Senhor teu Deus, que te ensina coisas úteis” (Is 48, 17). Útil é qualquer bem que nos auxilia a alcançar outro maior. Nesse sentido, a proficuidade das Sagradas Escrituras se revela máxima e universal, pois nos encaminha para o melhor de todos os bens: “Aqueles que a guardam alcançarão a vida” (Br 4, 1).

Que vida é esta? Segundo o Aquinate, ela se divide em três: a vida da graça, pela qual participamos – já nesta terra! – da própria vida divina; a da justiça, que consiste nas boas obras – impossíveis de serem praticadas sem o auxílio celeste; e a da glória, na qual veremos a Deus como Ele é.

Em suma, as Escrituras, ao lado da Sagrada Tradição, constituem o “mapa” que Deus concedeu aos homens para encontrar o caminho que antecipa e conduz à pátria celeste: “Aquele que procura meditar com atenção a Lei perfeita da liberdade e nela persevera – não como ouvinte que facilmente se esquece, mas como cumpridor fiel do preceito –, este será feliz no seu proceder” (Tg 1, 25).

Texto extraído da Revista Arautos do Evangelho n. 285, setembro 2025. Redação. 

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