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Por que Jesus quis ter as mãos amarradas?

Não pudeste vigiar uma hora! Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca.

“Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice, mas não se faça como Eu quero e sim como Tu queres”.

Redação (12/03/2021, 15:20,  Gaudium Press) No Evangelho de São Marcos, no capítulo 14, ele narra o episódio da Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras do qual aqui está um trecho para pensarmos nele:

Não pudeste vigiar uma hora! Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca. Afastou-se outra vez e orou, dizendo as mesmas palavras. Voltando, achou-os de novo dormindo, porque seus olhos estavam pesados; e não sabiam o que lhe responder. Voltando pela terceira vez, disse-lhes: Dormi e descansai. Basta!
Veio a hora! O Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos e vamos! Aproxima-se o que me há de entregar.”

Depois de rezar um tempo, Jesus foi ao encontro dos apóstolos e os encontrou dormindo, acabrunhados sob o peso dos temores que sentiam.

O Redentor os acordou, pedindo novamente que vigiassem e orassem. Em seguida, voltou ao local de suas preces, para elevar ao Pai uma última súplica antes do início da Paixão.

“Qual a utilidade do meu sacrifício? ”

Ele faz a seguinte oração verdadeiramente comovedora: “Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice, mas não se faça como Eu quero e sim como Tu queres”.

Na natureza humana d’Ele, Jesus se perguntava:

“Que utilidade vai ter todo esse sacrifício pelo qual Eu vou passar, uma vez que há essa enormidade de pecado? De que adiantará todo o meu Sangue que vou derramar?  Vale a pena?”

Ele se aflige ainda mais, maiores temores O assaltam, e então faz essa prece cheia de respeito para com o Pai e de resignação diante de seu destino:

“Se, entretanto, essa for a tua vontade, seja feito o que tu queres”.

Pouco depois, o Anjo de Deus veio consolar o Redentor e dar-Lhe forças para enfrentar a Paixão.

A grande lição de Jesus no Horto

Compreendemos então a grande lição que Jesus nos deu no Horto das Oliveiras:

Existe uma vontade de Deus para nós, diante da qual devemos nos curvar com humildade e resignação. Especialmente nos momentos de sofrimento e até da derrota e do fracasso, se for preciso.

Imitemos o Salvador em sua disposição diante da dor, peçamos ao Pai que a provação seja afastada do nosso caminho. Porém seja feita a vontade d’Ele e não a nossa.

E a exemplo do que ocorreu com Jesus no Horto, a graça nos consolará também, a rogos de Maria Santíssima, durante as nossas aflições. Evitemos o triste exemplo dos apóstolos, “Faça a vossa vontade e não a minha”,

Por outro lado, tenhamos presente o triste exemplo dos apóstolos que se recusaram a vigiar e a orar com o Senhor no Horto. Devemos nos esforçar para não os imitarmos em nossa caminhada de santidade, fugindo da dor e do sacrifício quando se apresentarem para nós.

“Faça a vossa vontade e não a minha”, é uma oração que devemos fazer cotidianamente, porque nem sempre é fácil confiar-nos à vontade de Deus.

As narrações evangélicas do Getsêmani mostram dolorosamente que os três discípulos escolhidos por Jesus para estarem próximos d’Ele, não foram capazes de se unir a Ele naquela hora suprema, e se deixaram envolver pelo sono.

Ao contrário, peçamos ao Senhor, pelas mãos de Nossa Senhora, que sejamos capazes de vigiar com Ele na oração e de seguir a vontade de Deus todos os dias, sobretudo quando se tratar de nossas cruzes.

Levantai-vos, vamos; já está próximo quem me vai trair

Jesus teve tão grande desejo de padecer por nós que não somente seguiu espontaneamente para o Horto das Oliveiras, onde sabia que os judeus O haviam de prender, mas também disse a seus discípulos, sabendo que Judas já estava a caminho com a escolta dos soldados:

Levantai-vos, vamos; já está próximo quem me vai trair. Quis Ele mesmo ir ao encontro dos algozes, como se viessem para conduzi-lo não ao suplício da morte, mas ao trono de um grande reino.

A quem poderei procurar senão a Vós, que descestes do Céu para me buscar e não para me ver perdido?

Diante dessa atitude do nosso adorável Redentor, exclama Santo Afonso de Ligório:

“Ó meu doce Salvador, fostes ao encontro da morte com tão ardente desejo de morrer, pelo excessivo anseio que tínheis de ser amado por mim. Com o rosto pálido mas com o coração todo abrasado em amor, vai ao encontro deles e lhes estende as mãos para ser amarrado.

E lhes pergunta: A quem buscais?

A mim também, Vós me perguntais: A quem buscais? E a quem poderei procurar senão a Vós, que descestes do Céu para me buscar e não para me ver perdido? ”

Estejamos sempre ligados a Cristo, que nunca me separe de seu amor  

E com o mesmo Santo Afonso de Ligório podemos exclamar: “Ó cordas benditas que ligaram as mãos do Homem-Deus. Ligai-me a mim também a Ele, de modo que nunca mais me separe de seu amor nem volte a ofendê-Lo.

Ó meu amado Redentor, não me animaria a vos pedir perdão de tantas injúrias que vos fiz, se as vossas penas e os vossos merecimentos não me dessem uma inteira confiança em vosso infinito amor por mim.

É esta confiança que me faz dizer ao Pai Eterno, pelas mãos de Maria Santíssima: ‘Senhor, não olheis para os meus pecados, mas para este Filho vosso que treme e agoniza, a fim de obter para mim o vosso perdão. Vede-O e tende piedade de mim!’”

Virgem Santíssima, Corredentora aceita esta meditação em desagravo ao vosso Sapiencial e Imaculado Coração

Ó Virgem Santíssima, Vós que acompanhastes e dividistes como Corredentora todos os padecimentos sofridos por Jesus na Paixão, a começar pela agonia d’Ele no Horto das Oliveiras: aceitai esta meditação que agora encerro em desagravo ao vosso Sapiencial e Imaculado Coração por todas as faltas, pecados e horrores que se cometem no mundo hoje, outrora e até o fim do mundo.

Vos pedimos, ó Mãe, que nos alcanceis sempre graças abundantes para compreendermos o importante e necessário papel do sofrimento em nossa vida, e o quanto merecemos partilhar das dores sofridas pelo Redentor em sua Paixão, pois fomos nós mesmos, com nossas culpas, que O atormentamos.

Dai-nos, ó Mãe, a graça de confiar na bondade e na misericórdia d’Ele, fontes da vossa misericórdia e da vossa bondade maternas, das quais esperamos firmemente obter o perdão de todas as nossas faltas.

Com a inteira confiança depositada na vossa infalível proteção, dizemos:

Salve Rainha…     (JSG)

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Referências bibliográficas:

-SANTO AFONSO DE LIGÓRIO, Meditações, volume I, Editora Herder e Cia., Friburgo, Alemanha, 1922; A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, Editora Vozes, 1950.

-MONSENHOR JOÃO CLÁ DIAS, Meditação para o Primeiro Mistério Doloroso

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