Polônia: Sacerdote dos Arautos descreve o sofrimento dos refugiados ucranianos
Os Arautos do Evangelho já entregaram as doações.
Redação (23/03/2022 18:57, Gaudium Press) A guerra é terrível, e não conhece seus horrores quem não a viveu. Alguns instantâneos de suas consequências – com sinais de esperança – nos chegam das missões dos Arautos do Evangelho junto aos refugiados ucranianos na Polônia.
Como noticiou a Gaudium Press dias atrás, missões com ajuda humanitária dos Arautos partiram da Itália e dos países ibéricos para a Polônia. Os missionários já estão com os refugiados.
Pe. Antonio Jakosh, EP, um desses missionários, conta que é difícil entrar nos abrigos fronteiriços, porque eles querem evitar qualquer instrumentalização da dor dos refugiados para fins de propaganda. No entanto, os missionários Arautos conseguiram entrar para oferecer sua ajuda material, mas quase sem manifestação religiosa.
No primeiro contato, Pe. Jakosh, homem experiente, ficou impressionado ao ver a dor nos rostos dos refugiados ucranianos: “Eles estavam muito abatidos. É preciso considerar que perderam tudo praticamente da noite para o dia. E por mais generosas que fossem as doações que lhes chegavam, eles sabiam que o pão que estavam recebendo naquele dia era doado e não sabiam se o receberiam no dia seguinte”.
O sacerdote dos Arautos afirma que se percebe no espírito desses ucranianos a consciência de que “vão ter que começar do zero, num país estranho, vão ter que aprender um novo idioma, vão ter que arranjar documentação, etc. etc.”
Ele também ressalta que os ucranianos “não têm ilusões com os russos”. Colabora, neste ceticismo de qualquer ‘misericórdia’ russa, a memória “da grande fome que na década de 1930 matou entre quatro e cinco milhões de ucranianos, apesar da Ucrânia ser conhecida como o celeiro da Europa”. “Os soviéticos levaram todos os seus grãos; então, nessa matéria não há esperança”.
Pe. Jakosh também ficou impressionado com o drama da divisão familiar, em grande parte, imposta pela lei marcial que impede qualquer ucraniano entre 18 e 60 anos de sair do país. “Então, há muitas famílias que estão na Polônia deixando para trás pais, irmãos… eles partiram sem eles.” “É uma tragédia por qualquer lado que você analise isso.”
Os Arautos, surpresos com a generosidade e fé dos poloneses
“Quanto aos poloneses, [eles estão sendo] extremamente generosos”, sublinhou Pe. Jakosh. Ele ficou particularmente impressionado com os poloneses que foram aos abrigos para oferecer e levar os ucranianos às suas casas para que tenham uma vida melhor.
Ficou também muito satisfeito com a fé dos poloneses, que se manifestava, por exemplo, em relação ao hábito dos Arautos e à presença da Imagem Peregrina de Fátima que portavam, o que muitas vezes fazia as pessoas chorarem.
Sobre os ucranianos que foram à Polônia buscar a ajuda dos Arautos, Pe. Jakosh diz que sua gratidão era manifesta, mas também era perceptível como a luta pela sobrevivência tomava seu espírito quase por inteiro, como se “não tivessem cabeça para outra coisa”.
Em concreto, a ajuda que os Arautos arrecadaram foi destinada para a paróquia do Pe. Mykoa Leskiv, em Cervonohrad, na Ucrânia, perto da fronteira com a Polônia.
Numa carta cheia de emoção, Pe. Leskiv agradece à “comunidade dos Arautos do Evangelho e a todos os benfeitores da Itália e de Portugal que nos sustentam”.
“Já hoje, algumas das doações – alimentos, remédios, produtos de higiene estavam sendo preparadas para distribuição”.
O sacerdote conta que, em Cervonohrad, há refugiados de várias cidades como Erpin, Kiev, Vinnitsa e outras do sul e leste da Ucrânia, e que todos vão às paróquias em busca de ajuda. Ele também relata que graças às doações que está recebendo em sua paróquia, eles puderam ajudar uma paróquia católica romana em Kharkiv, a segunda cidade ucraniana e uma das mais devastadas pelos ataques.
Pe. Leskiv também expressa que, embora sua cidade ainda esteja um pouco tranquila, os alarmes de ataque aéreo continuam a ser ouvidos de tempos em tempos, e que eles já organizaram um abrigo subterrâneo na igreja.
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