“Perdoar não é negar o mal, mas impedir que este gere mais mal”, garante Papa Leão XIV

Refletindo sobre o perdão, o Santo Padre assegurou que perdoar não é uma fraqueza, mas “é a capacidade de deixar o outro livre, amando-o até ao fim”.

Cidade do Vaticano (20/08/2025 15:19, Gaudium Press) A Audiência Geral desta quarta-feira, 20, realizada na Sala Paulo VI, foi dedicada à arte do perdão. Diante dos mais de 6 mil peregrinos presentes, Leão XIV refletiu sobre o momento em que, durante a Última Ceia, Nosso Senhor Jesus Cristo ofereceu um pedaço de pão àquele que estava prestes a lhe trair.

Amar até o fim é a chave para compreender o coração de Cristo

De acordo com o Pontífice, este não foi apenas um gesto de partilha, mas demonstrou o modo de agir de Deus, amando até o último momento. “Amar até o fim: esta é a chave para compreender o coração de Cristo. Um amor que não se detém perante a rejeição, a desilusão ou mesmo a ingratidão”, ensinou.

Mesmo diante da rejeição, da ingratidão e de ter de suportar a traição de Judas, Jesus estende seu amor ao máximo. Ao invés de se retrair e acusar, “continua a amar: lava os pés, molha o pão e lhe oferece”. Nosso Senhor não fere a nossa liberdade com o seu perdão, mas revela todo o seu poder, salvando das trevas do mal e entregando novamente à luz do bem.

O verdadeiro perdão não espera pelo arrependimento

“A liberdade dos outros, mesmo quando perdidos no mal, pode ainda ser alcançada pela luz de um gesto bondoso”, garantiu o Santo Padre justificando que “o verdadeiro perdão não espera pelo arrependimento, mas oferece-se primeiro, como um dom gratuito, antes mesmo de ser aceito. É aqui que o perdão se revela em todo o seu poder”.

O Papa explicou ainda que perdoar não é uma fraqueza, mas “é a capacidade de deixar o outro livre, amando-o até ao fim. Perdoar não significa negar o mal, mas impedir que este gere mais mal. Não se trata de dizer que nada aconteceu, mas de fazer tudo o que é possível para garantir que o ressentimento não dite o futuro”.

O perdão liberta quem o dá e torna-se uma oportunidade de salvação

“Sempre há uma forma de continuar a amar, mesmo quando tudo parece irreparavelmente comprometido”. No momento em que Judas saiu do quarto já era noite, porém uma luz começou a brilhar e resplandecer porque Cristo permanece fiel até o fim, e o seu amor é mais forte do que o ódio”, assegurou.

Leão XIV concluiu dizendo que, mesmo diante de uma traição, a “luz do perdão” torna-se “uma oportunidade de salvação”, renovando a capacidade de amar inclusive a quem perdoa. “Mesmo que a outra pessoa não o aceite, mesmo que pareça em vão, o perdão liberta quem o dá, dissolve o ressentimento, restabelece a paz e devolve-nos a nós próprios”. (EPC)