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Paulo VI e João Paulo II também pensaram em renunciar

A renúncia de um papa não pode ser comparada à renúncia de um presidente.

Juan Pablo II

Redação (29/10/2021 10:06, Gaudium Press) É claro que a renúncia de um Papa não pode ser comparada à renúncia de um presidente. Com o Papa, bilhões de pessoas possuem um profundo vínculo espiritual e, de alguma forma, colocam sua felicidade em suas mãos, algo que não acontece com ninguém nesta terra.

Ainda que se saiba que em breve terá um substituto, a renúncia de um Papa é um fato que choca a todos e que até para alguns pode trazer uma certa incerteza.

Portanto, saber que, antes de Bento XVI, João Paulo II e Paulo VI também pensaram em renunciar – segundo Nelson Castro em seu livro A Saúde dos Papas – pode gradativamente dar a esse fato um certo caráter de ‘instituição’. (Para sua pesquisa, Nelson Castro teve acesso ao Arquivo Secreto do Vaticano)

A operação de próstata de Paulo VI

Os argumentos a favor da renúncia parecem evidentes, mesmo levando em consideração que, de acordo com o código canônico, um bispo em exercício é obrigado a apresentar sua renúncia aos 75 anos, seja ela aceita ou não.

Há também argumentos contra uma renúncia forçosa ou forçada, ou uma mera renúncia, no sentido de que o papado vitalício é uma fonte de estabilidade e elimina certas lutas, movimentos e correntes, que não faltam até mesmo na Barca de Pedro.

Para aprofundar o assunto, vale a pena conhecer as circunstâncias em que esses dois papas mencionados pensaram em renunciar: Paulo VI seria submetido a uma operação de próstata, e ele achava que essa intervenção poderia resultar em danos neurológicos. Se ocorresse um dano sério, o Papa Montini havia deixado duas cartas que deveriam ser publicadas.

Nelson Castro, em entrevista à Aleteia, conta que João Paulo II, por sua vez, chegou a estabelecer diretrizes de procedimentos a serem realizados para que sua renúncia se tornasse efetiva caso isso acontecesse.

De fato, um Papa com problema neurológico grave não estaria em condições normais para governar a Igreja.

Entretanto, foi precisamente a doença de Parkinson que atormentou o Papa polonês nos últimos anos de sua vida trouxe, trazendo complicações relacionadas às suas capacidades. E, no entanto, a Igreja seguiu em frente, e João Paulo II quis dar ao mundo um exemplo de dor cristãmente suportada, carregando sobre si as responsabilidades do mais alto cargo na Terra.

Aqui é importante ter uma visão sobrenatural. Se Deus conhece a saúde das pessoas, imagine a do Papa, que é o vigário de Cristo para nós, os mortais. Tudo está nas mãos da Providência Divina, e também todos e cada um dos fios de cabelo da cabeça de um Papa.

Com efeito, a grande maioria dos 264 papas da Igreja viu sua força física e mental diminuir à medida que o fim de seus dias se aproximava. E, nesses momentos, a assistência de Cristo à sua Esposa mística, a Igreja, se fez mais visível. Contudo, faz parte também da Providência divina as disposições que, segundo a reta razão, os homens têm para o bom andamento da sociedade, seja ela civil ou espiritual.

 Enfim, o tema da renúncia foi levantado. Somente os próprios interessados podem definir ou não qualquer coisa a esse respeito, ou seja os Papas. (SCM)

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