Papa: Não deixemos o consumismo sequestrar o Natal, Jesus é o centro do Presépio
Para Jesus nascer em nós, preparemos o coração, rezemos, não nos deixemos levar pelo consumismo, imitemos a preparação de Maria: prontos para receber o Salvador.
Cidade do Vaticano (21/12/2020, 9:50, Gaudium Press) Para que Jesus nasça em nós, reparemos o coração, rezemos, não nos deixamos levar pelo consumismo”, disse o Papa Francisco durante o Angelus deste IV Domingo do Advento, 20/12, acrescentando ainda: “preparemos o coração como o de Maria: livre do mal, acolhedor, pronto para receber Deus”.
O Papa desaconselhou a mentalidade de que “tenho que comprar presentes, tenho que fazer isto, isto…’ Aquele frenesi de fazer coisas, coisas, coisas… o importante é Jesus”, disse.
Francisco ainda acrescentou: “o consumismo, irmãos e irmãs, nos sequestrou o Natal. O consumismo não está na manjedoura de Belém: ali está a realidade, a pobreza, o amor”.
Convite de Nossa Senhora nas vésperas do Natal: não adiar, dizer “Sim”
“Hoje, às portas do Natal, Maria nos convida a não adiar, a dizer ‘sim’. Cada ‘sim’ custa, mas é sempre menos que o custo para ela daquele corajoso e pronto ‘sim’, aquele ‘faça-se em mim segundo a tua palavra’ que nos trouxe a salvação. ”
Foram palavras do Papa ao comentar o Evangelho do dia que, narrando a Anunciação, nos descreve o “sim” de Maria a Deus:
“Alegra-te”, diz o anjo a Maria, “conceberás um filho, o darás à luz e o chamarás Jesus” (Lc 1,28.31). “Parece ser um anúncio de pura alegria, destinado a fazer a Virgem feliz: quem entre as mulheres da época não sonhava em se tornar a mãe do Messias?”, ainda perguntou Francisco na alocução que precedeu a oração mariana.
Para o Papa Francisco, “Junto com a alegria, essas palavras predizem a Maria uma grande provação. Por quê? Porque naquele momento ela estava ‘prometida em casamento’ com José. Em tal situação –explicou o Pontífice– a Lei de Moisés estabelecia que não deveriam haver coabitação.
Dizendo “sim” a Deus, Maria arriscou tudo
Tendo um filho, prosseguiu Francisco, a Virgem Maria teria transgredido a Lei, e as penalidades para as mulheres que transgredissem essa Lei eram terríveis: era previsto o apedrejamento.
Segundo o Papa, a mensagem divina encheu o coração de Maria de luz e força; contudo, ela se viu diante de uma escolha crucial: dizer “sim” a Deus, arriscando tudo, inclusive sua vida, ou recusar o convite e seguir seu caminho comum.
“O que ela fez?”, perguntou Francisco, “Ela responde assim: ‘Faça-se em mim segundo a tua palavra’ (Lc 1,38)”. E o Papa ainda comentou que , “na língua em que o Evangelho é escrito, há mais que isso. A expressão verbal indica um forte desejo, a vontade firme de que algo se torne realidade.”
Em outras palavras, Maria não diz: “Se deve acontecer, que aconteça…, se não pode ser feito de outra forma…”. Não, recorda o Pontífice, “Ela não expressa uma aceitação fraca e remissiva, mas um desejo forte e vivo. Não é passiva, mas ativa. Não é subjugada por Deus, adere a Deus”.
Maria está “disposta a servir a seu Senhor em tudo e imediatamente. Poderia ter pedido um pouco de tempo para pensar sobre isso, ou maiores explicações sobre o que aconteceria; talvez estabelecer alguma condição… Ao invés, não toma tempo, não faz Deus esperar, não adia.” Ela aceita imediatamente.
Quando Deus nos pede, dizemos “sim” ou adiamos?
Francisco observou aos seus ouvintes: “Quantas vezes nossa vida é feita de adiamentos, inclusive na vida espiritual! “Sei que é bom para mim rezar, mas hoje não tenho tempo; sei que ajudar alguém é importante, mas hoje não posso. Amanhã o farei, isto é, nunca”.
Tendo ressaltado o “sim” incondicional de Maria que nos trouxe a salvação, o Santo Padre perguntou:
“E nós, quais ‘sim’ podemos dizer? Neste tempo difícil, em vez de nos lamentarmos do que a pandemia nos impede de fazer, façamos algo por aqueles que têm menos: não o enésimo presente para nós e para nossos amigos, mas para um necessitado em quem ninguém pensa! ”
A última frase da Virgem, o último conselho na véspera do Natal
Ainda antes da oração do Angelus, o Papa deu um último conselho:
“para que Jesus nasça em nós, preparemos o coração, rezemos, não nos deixemos levar pelo consumismo.
Preparemos o coração como o de Maria: livre do mal, acolhedor, pronto para receber Deus”.
“Faça-se em mim segundo a tua palavra”. É a última frase da Virgem neste último domingo do Advento, e é o convite para dar um passo concreto em direção ao Natal. “Porque se o nascimento de Jesus não toca a vida, passa em vão.”
No Angelus nós também diremos agora: “realize-se em mim a tua palavra”: que Nossa Senhora nos ajude a dizê-lo com a vida”, disse o Papa, concluindo, antes rezar com os fiéis a oração mariana do Angelus. (JSG)
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