Gaudium news > Papa Leão XIV aos membros da Rede Internacional de Legisladores Católicos: na história humana há duas cidades, a cidade de Deus e a cidade dos homens

Papa Leão XIV aos membros da Rede Internacional de Legisladores Católicos: na história humana há duas cidades, a cidade de Deus e a cidade dos homens

O Papa recebeu em audiência os participantes do 16º encontro da Rede Internacional de Legisladores Católicos neste sábado, 23 de agosto, na Sala Clementina do Palácio Apostólico. “Para nos orientarmos nas circunstâncias atuais — especialmente vocês, legisladores católicos e líderes políticos — podemos recorrer à figura imponente de Santo Agostinho de Hipona”.

Foto: Vatican News/ Vatican Media

Foto: Vatican News/ Vatican Media

Redação (24/08/2025 11:17, Gaudium Press) “O autêntico desenvolvimento humano decorre do que a Igreja chama de desenvolvimento humano integral”, ou seja, “o desenvolvimento completo de uma pessoa em todas as suas dimensões: física, social, cultural, moral e espiritual”. Essa visão da pessoa humana, destacada por Leão XIV diante dos participantes do 16º encontro anual da Rede Internacional de Legisladores Católicos, está “enraizada na lei natural, a ordem moral que Deus inscreveu no coração humano, cujas verdades profundas são iluminadas pelo Evangelho de Cristo”.

O autêntico desenvolvimento humano

No início de seu discurso, o Papa manifestou preocupação “com a direção que o nosso mundo está tomando”, mas que deve buscar “uma autêntica prosperidade humana; um mundo em que cada pessoa possa viver em paz, liberdade e realização, de acordo com o plano de Deus”.

Ele apontou que “para encontrar nosso equilíbrio nas circunstâncias atuais — especialmente vocês, como legisladores e líderes políticos católicos —, sugiro dar uma olhada no passado, na eminente figura de Santo Agostinho de Hipona. Voz importante da Igreja no final da era romana, ele testemunhou imensas convulsões e desintegração social. Em resposta, escreveu A Cidade de Deus, uma obra que propõe uma visão de esperança, uma visão de significado que ainda hoje nos fala”.

As duas cidades de Santo Agostinho

Santo Agostinho ensinou que, na história humana, há duas “cidades”: a cidade do homem e a cidade de Deus, simbolizando “duas orientações do coração humano e, portanto, da civilização humana. A cidade do homem, construída sobre o orgulho e o amor próprio, é caracterizada pela busca do poder, do prestígio e do prazer; a cidade de Deus, construída sobre o amor a Deus até ao altruísmo, é caracterizada pela justiça, pela caridade e pela humildade”.

Santo Agostinho, sublinhou Leão XIV, “encorajou os cristãos a impregnar a sociedade terrena com os valores do Reino de Deus, orientando assim a história para a sua realização última em Deus, mas permitindo também a autêntica prosperidade humana nesta vida”. Mas como podemos realizar essa tarefa?

Viver virtuosamente

Para responder a essa pergunta, o Papa explicou que, “hoje em dia, uma vida próspera é frequentemente confundida com uma vida rica do ponto de vista material ou com uma vida de autonomia individual sem restrições e de prazer”. “O ideal que nos é apresentado é frequentemente caracterizado pelo conforto tecnológico e pela satisfação do consumidor”, afirmou Leão XIV, acrescentando que isso não é suficiente, pois, “nas sociedades ricas, há muitas pessoas que lutam contra a solidão, o desespero e uma sensação de falta de sentido”.

Porém, “a autêntica prosperidade humana se manifesta quando as pessoas vivem virtuosamente, quando vivem em comunidades saudáveis, desfrutando não apenas do que têm, do que possuem, mas também do que são como filhos de Deus. Ela garante a liberdade de buscar a verdade, de adorar a Deus e de criar uma família em paz. Inclui também uma harmonia com a criação e um senso de solidariedade entre as classes sociais e as nações”, sublinhou o Pontífice.

Em seguida, o Papa explicou que o “futuro da prosperidade humana depende do tipo de ‘amor’ que escolhemos para organizar nossa sociedade: um amor egoísta, o amor próprio, ou o amor a Deus e ao próximo”. E exortou os legisladores e funcionários públicos católicos a serem “construtores de pontes entre a cidade de Deus e a cidade do homem”; de trabalhar por um mundo “em que o poder seja controlado pela consciência e em que a lei esteja ao serviço da dignidade humana”.

E concluiu, afirmando que “os desafios são imensos, mas a graça de Deus que opera nos corações humanos é ainda mais poderosa”; o que se precisa é de uma “política da esperança” e de uma “economia da esperança”, “ancoradas na convicção de que, mesmo agora, através da graça de Cristo, podemos refletir sua luz na cidade terrena”.

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas