Padre Román: Ou se é cúmplice da ditadura de Daniel Ortega ou não
As expressões do sacerdote nicaraguense ganham uma dimensão maior após as eleições de domingo, quando os sandinistas venceram em todas as disputas para as prefeituras.
Redação (08/11/2022 18:16, Gaudium Press) O Pe. Edwing Román, conhecido sacerdote nicaraguense, que nesses últimos dias foi obrigado a se exilar pela ditadura nicaraguense, voltou a falar abertamente em sua conta Twitter sobre a realidade que vive seu país:
“Na Nicarágua há uma igreja perseguida pela ditadura de Daniel Ortega e Rosario Murillo com um bispo @silviojbaez e sacerdotes exilados, um bispo @DiocesisdeMat que não sabemos onde e como está, além de sacerdotes presos injustamente. É a nossa realidade.” Também em um tweet anterior, ele havia declarado: “De duas ou uma: ou se é cúmplice ou não da ditadura de Daniel Ortega e Rosario Murillo. Não se pode ser ambíguo.”
Pe. Román é conhecido não só na Nicarágua, mas em todo o mundo, porque, em maio de 2018, abriu as portas de sua paróquia para receber jovens feridos que fugiam de grupos paramilitares pró-governo. A paróquia de San Miguel Arcángel de Masaya foi posteriormente atacada com disparos de projéteis.
En Nicaragua existe una iglesia perseguida por la dictadura de Daniel Ortega y Rosario Murillo con un obispo @silviojbaez y sacerdotes exiliados, un obispo @DiocesisdeMat que desconocemos dónde y cómo lo tienen, además de sacerdotes encarcelados injustamente.
Es nuestra realidad.
— Edwing Román (@EdwingRoman14) November 4, 2022
Portanto, para o sacerdote, não é que haja atos contra a Igreja em seu país, mas que a Igreja nicaraguense é uma Igreja perseguida.
Uma ditadura
Sua afirmação de que o regime vigente em seu país é uma ditadura veio a ser confirmada pelos acontecimentos dos últimos dias.
No domingo passado, houve eleições na Nicarágua e as forças de Ortega conquistaram as 153 prefeituras. Forças de oposição, como Espacio de Diálogo y Confluencia, pediram à comunidade internacional para pressionar mais o regime de Ortega, descrevendo-o como uma “farsa eleitoral”.
Da mesma forma, o observatório das Urnas Abertas denunciou o aumento das detenções, buscas e cercos no sábado anterior às eleições e calculou a abstenção em 82,67%, número muito superior ao admitido pelo governo.
Já não é apenas o protesto nas ruas que é duramente reprimido pelas forças sandinistas.
Desde o ano 2020, na Nicarágua, está vigente a chamada Lei Especial de Delitos Cibernéticos, que tem como objetivo primário a criminalização da publicação de conteúdos que o regime considera falso, não só pelos meios de comunicação, mas também por qualquer cidadão nas redes sociais.
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